

Valberto José
Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.
E foi tudo muito bom
Publicado em 11 de abril de 2025Contemplar a beleza encantadora de parte da região do Brejo paraibano foi uma maneira despretensiosa de vivenciar a dois o tema da Campanha da Fraternidade 2025, Fraternidade e Ecologia Integral. No primeiro final de semana do mês, após mais de ano sem dias de descanso da labuta diária, eu e Margarida tivemos a oportunidade de admirar a criação de Deus naquelas plagas, e foi muito bom.
Frustradas as tentativas de reserva de hospedagem em Serraria e Areia, minha confiança me deu a certeza de que ninguém botou areia nas nossas pretensões. “Vamos embora, aventurar um local para ficarmos”, disse à mulher, e partimos quando já se aproximava do meio-dia.
Na primeira porta que batemos, já na estrada de Areia, conseguimos acomodação em agradável ambiente rural, com tudo que um sítio oferece. Ficamos num chalé cheirando a novo, único ainda disponível (reserva divina para nós) naquele início de tarde sob a ameaça de chuva fina e clima ameno.
Acomodados, e cessadas as ameaças de pingo d’água, fomos conhecer o Engenho Triunfo, na minha quarta ou quinta tentativa de visitá-lo. Tudo tem seu dia, né? Desta vez deu certo. Que lugar belíssimo! Assistimos a uma aula de como se produz a cachaça e depois degustamos tudo que tinha direito. Até o chocolate lá produzido; tomei o caldo de cana lembrando do neto Miguel, que mesmo com dois anos já provou e gostou, para cara feia da mãe.
Saindo dessa visita, fomos admirar a arquitetura de Areia, seus prédios históricos, que já conhecia das várias vezes que lá estive, mas é sempre um encanto revê-los. Fiquei triste com o abandono da Igreja Rosário dos Pretos, tão imponente daquele alto, precisando de uma nova pintura.
O nome de uma cafeteria – Ciclos do Brejo – me chamou a atenção. Convidei Margarida para entrarmos, e à medida que entrávamos, quem ia à nossa frente seguia lá para os fundos da casa, como a querer chegar na cozinha. “O que tem lá atrás?”, perguntou Margarida. “É a vista, é a vista”, respondeu a simpática dona, sem que minha mulher entendesse. Pensou ser a forma de pagamento.
O local, com mesas e cadeiras, é um mirante que descortina a cidade para os lados da universidade. Pena que já era noite, mas a foto que tiramos documenta a beleza noturna da cidade, com suas luzes iluminando seus despenhadeiros invisíveis na escuridão da noite.
No domingo, cancelamos a missa matinal programada e realizamos o passeio mais ansiado por mim, que era conhecer a região de Serraria, principalmente visitar o Engenho Baixa Verde. Saímos já tarde da manhã, sob a ameaça de chuva, pegando a rota de Pilões, estrada que conhecia, mas sempre nos surpreende com suas paisagens exuberantes e suas árvores formando, ainda próximo de Areia, uma espécie de túnel natural que nos embevece.
Mais encantador ainda foi alcançar a rodovia entre Pilões e Serraria, suas curvas acentuadas, as serras exibindo o verde descendo e subindo a nos enfeitiçar e sentir a beleza da obra do Criador. A cidade fica no alto da serra, onde procurei informação sobre como chegar à propriedade rural. “Vá por esta rua e antes do cemitério entre à direita, lá na frente comece a descer a ladeira”, indicou o rapaz, alertando a rampa extensa e cheia de curvas que teríamos que descer até chegar no centenário engenho.
Enfim, chegamos. Que belíssimo lugar! Na baixada da serra, forma um conjunto completo da arquitetura colonial rural. Ao chegarmos, tinha apenas dois carros, doS quais uma van, já de saída. Enquanto a moça foi nos recepcionando, começou a chegar carros tipo picape 4 X 4 e iam entrando, entrando, totalizando quase duas dezenas.
Era uma turma vinda de Natal, RN, que viera fazer trilha no Brejo paraibano. A quantidade de gente assustou a moça. Foi uma festa com direito a encenação de um pedido de casamento. Depois, a degustação, com direito até a café produzido no local.
Encerrada a visita, encarar a serra até chegar em Serraria. Confesso que temi o carro não subir, principalmente quando vi as picapes dos trilheiros parando na ladeira. Mas era um ousado que desviou e subiu um monte e tentava descer de volta, encontrando dificuldades. Fui embora, e o meu decano foi tranquilo na temida subida. Na volta, escalei a estrada de Arara, agora toda asfaltada, novamente contemplando a beleza de suas paisagens.
Chegamos no município de Areia ainda a tempo de participar da missa na comunidade rural em que nos hospedamos. Uma linda capela, mas como o padre não veio, um diácono parecido com o padre Hermes, da Igreja do Rosário, fez uma bela celebração.
Quem tem Deus, há sempre uma motivação para sentir sua presença. Únicos hóspedes a permanecer na pousada – ficaríamos até o meio-dia da segunda-feira, vivenciamos um momento de fé. Por volta de 19h chega o padre para abençoar o novo conjunto de chalés do sítio. O ritual de bênção, graças a Ele, foi no que estávamos alojados. Foi tudo muito bom.