Dono da Globo na Paraíba que recebeu R$ 1,5 milhão da ALPB em dois anos pressiona agência de Ruy Dantas para manter sua grande fatia no “bolo”
Publicado em 16 de dezembro de 2022Levantamento do sistema Sagres do Tribunal de Contas do Estado (TCE) aponta que a empresa Paraibacomm Serviços em Comunicação LTDA, de propriedade do empresário Eduardo Carlos e irmãos, dono da Globo na Paraíba (TV’s Paraíba e Cabo Branco), recebeu somente nos anos de 2020 e 2021 a quantia milionária de R$ 1.494.985,10 da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB).
O grave é que a fortuna foi recebida pelo empresário em anos de grande crise financeira, devido à pandemia do novo coronavírus, que dizimou milhares de pessoas e acarretou prejuízos financeiros em grande parte da população, com muitos não tendo sequer o básico para se alimentar e sobreviver.
A fortuna paga ao dono da Globo na Paraíba é fruto de um contrato para levar o sinal da TV Assembleia para o interior do Estado, ou seja, outras empresas poderiam realizar o mesmo serviço com valor infinitamente menor, mas a empresa de Eduardo Carlos foi sem sombra de dúvidas a mais privilegiada no setor.
A PALAVRA apurou que, inclusive, já existe uma recomendação do Tribunal de Contas do Estado para que a Assembleia realize uma licitação para execução deste serviço e certamente o próximo presidente terá que atender à recomendação.
VOLÚPIA FINANCEIRA
O empresário Eduardo Carlos é conhecido na Capital paraibana como um cidadão truculento, quando em jogo os seus negócios financeiros, bem diferente do homem que aparenta ser gentil, cordato e elegante.
Anos atrás, quando da fundação da AMIDI (Associação de Midias Digitais da Paraíba), ao se ver preterido por cargo de direção na entidade por pouco não foi às vias de fato, no auditório lotado do Tribunal de Contas do Estado, com o também empresário – jornalista e dono de portal – Gutenberg Cardoso. Dudu queria abocanhar para o seu Sistema de Comunicação, no caso a versão digital do extinto Jornal da Paraíba, as maiores fatias do bolo da mídia governamental e para isso era fundamental ele se tornar diretor da AMIDI, desejo que não conseguiu concretizar.
E agora, prestes a perder a “boca” da Assembleia, Eduardo Carlos, bem ao seu modo acovardado de realizar investidas contra supostos desafetos, tem se valido de blogueiros do seu entorno para pressionar a agência da Assembleia, mesmo o valor estando em rubrica diferente que não abarca a publicidade, em busca de manter o contrato que está a escapar das suas mãos famintas.
Terça feira passada (12) um desses blogs patrocinados por Dudu Carlos noticiou um longo encontro que teria acontecido entre ele e o publicitário Ruy Dantas, dono da SIN Comunicação, que vem a ser exatamente a empresa detentora, por licitação, dos direitos de agenciamento da mídia da AL.
A notícia não esmiúça a pauta do encontro, mas revela que o assunto estaria intrigando todo o meio publicitário e a imprensa paraibana, tendo durado quase toda a tarde “até o pôr do sol”.
Diz o texto terceirizado de Dudu que no encontro ele sugeriu que a Agência de Ruy Dantas entregue a gestão da conta publicitária da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB). E que um dos argumentos apresentados para isso seria a má distribuição dos recursos destinados à publicidade e propaganda da Casa de Epitácio Pessoa.
O texto detalha valores e justifica que Eduardo Carlos tem razão no pedido, uma vez que hoje a ALPB dispõe em seu orçamento de R$ 6 milhões para o gasto anual com comunicação e, no entanto, utilizou apenas R$ 1,2 milhão em 2022, tendo pago até esta data apenas o valor de R$ 200 mil.
Na mesma conversa, Eduardo Carlos escondendo o “rabo preso”, teria citado que o maior favorecido com a verba publicitária da Assembleia Legislativa seriam as empresas do SIN Group, do próprio Ruy Dantas, seja através dos serviços de monitoramento de conteúdo, desenvolvimento e gerenciamento das redes sociais do órgão, ou por outros tipos de trabalhos de mídia.
E revela que entre as empresas beneficiadas com a maior fatia desses recursos estaria a SIN Comunicação, de Ruy Dantas, e a Keek – Inteligência Analítica, de propriedade de Alessandra Maria Torres, esposa do publicitário.
Cheio de detalhamentos, o texto encomendado por Dudu Carlos diz que para se ter uma ideia dos valores totais a serem arrecadados este ano pelas empresas do Sin Group, de Ruy Dantas, só através da conta com a ALPB, teriam sido empenhados R$ 598.400,00 para o serviço de “Monitoramento de Conteúdo”, e mais R$ 66.482,00 para o gerenciamento de mídias sociais, totalizando R$ 664.882,00 destinados às duas agências, isso sem somar os valores destinados à criação de peças publicitárias e os percentuais arrecadados pelas agências publicitárias, que é assegurado por lei, com o repasse de pagamentos de mídias para veículos de comunicação.
Como se pode aquilatar pelo texto, a conversa entre Eduardo e Ruy Dantas não foi nada amistosa. Muito pelo contrário, dá para entender que o publicitário foi “encostado na parede” para satisfazer à volúpia do filho do saudoso homem da São Braz.
AL GLOBO 01 AL GLOBO 02Fonte: Da Redação
