Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

DONALD TRUMP TENTA SALVAR A AMÉRICA

Publicado em 4 de abril de 2025

O anúncio do presidente Donald Trump, impondo aumento nas tarifas de importações sobre produtos consumidos nos Estados Unidos, criou uma celeuma no mundo econômico, com expectativas negativas e desencorajadoras para os países emergentes, que crescem percentualmente acima do maior mercado do planeta. O presidente norte-americano cumpre o que prometeu na campanha: uma América grande, como no passado. Manter sua posição hegemônica na inovação tecnológica, na indústria, comércio e segurança. Reduzir a desigualdade, que cresce em escala assustadora, na próspera terra do Tio Sam.

O PIB dos Estados Unidos em 2024 alcançou 29,16 trilhões de dólares. Entretanto sua dívida permaneceu fora de controle, 36 trilhões. Desde a crise de 2008, o crescimento do PIB americano não acompanha a evolução de sua dívida. Em 2011 – mandato do ex-presidente Barack Obama – a luz vermelha acendeu. Uma das principais agências de classificação de riscos, a S & P Global, reduziu sua nota de “AAA”, para “AA+”, advertindo os investidores para um provável “default” (calote). Barack Obama não havia atendido às recomendações do FED (Tesouro Americano), e ao invés de cortar gastos, para fechar o orçamento, mandou imprimir 600 bilhões de dólares a descoberto. O Congresso resolveu “esticando a liga”.

Logo que assumiu seu primeiro mandato (2016), o presidente Donald Trump começou a enxergar que seus “amigos” agiam como “inimigos”. A China economicamente inexistia no cenário internacional, antes da visita de Richard Nixon em 1972. Em três décadas, tornou-se uma ameaça aos Estados Unidos, detendo 4,7 trilhões de títulos do governo americano. Trump baixou um decreto, proibindo sua conversão imediata em moeda, temendo um ataque especulativo fatal. A União Europeia leva um padrão de vida semelhante aos antigos aristocratas – arte cultura, lazer – sustentados pelos norte-americanos.

Com o fim da guerra fria, não voltaram a produzir. A Alemanha era uma gigante mundial na Indústria de Bens de Capital. O Japão entrou na competição nos anos 80. Hoje, ambos foram engolidos pela China. A cada três empregos diretamente gerados na China, o Estados Unidos perde um posto de trabalho.

Em agosto de 2023, a Agência Fitch (classificação de risco) reduziu a nota dos Estados Unidos de AAA para AA +, após manobra do ex-presidente Joe Biden aprovar no Congresso aumento do endividamento do governo 125% do PIB. Ontem foi a vez da China. De A, caiu para A+. Sua dívida atingiu 83% do PIB. Mas, a China tem um PIB de 18,7 trilhões de dólares e 4,4 trilhões em títulos do governo americano. O Brasil tem um PIB de 2,1 trilhões de dólares e reservas cambiais de 460 bilhões. Lula ainda quer dar murro na mesa!

O “cinturão da ferrugem” mostra a decadência norte-americana. Os Estados de Michigan, Minnesota, Ohio, Iowa, Pensilvânia e Wisconsin são cemitérios de escombros das grandes fábricas da Ford, GM, Chrysler, cimento, siderúrgicas e uma gigante rede da indústria de autopeças. Inúmeras cidades – antes com 30/40 mil habitantes – estão totalmente abandonadas. Foram extintos dezenas de milhões de empregos, no processo da “globalização econômica”. O capital é apátrida e regido pelo lucro. Na busca de mão-de-obra barata, correram para o Japão, depois China, Índia, Malásia, Vietnã; o NAFTA – tratado de livre comércio envolvendo o Canadá e o México – chegou até no Brasil. Todos impõem tarifas altíssimas para comprarem produtos produzidos na América. Por sua vez, os Estados Unidos tentando evitar aumento de preços – chantagem do empresariado – reduziram suas tarifas. Os maiores Call Center dos Estados Unidos funcionam na Índia. As Pick-ups da Ford, os motores são produzidos no Canadá, as carrocerias no México e peças complementares no Brasil, China e Japão. As Big Pharma transferiram todos os seus centros de produção e pesquisas para a China. Pelo andar da carruagem, em uma década a América estaria falida.

Trump quer voltar ao início do século XX. Atrair o grande capital e seus investidores para o solo norte-americano. Vai cortar impostos, está dizimando a burocracia, diminuindo o tamanho do Estado e oferecendo crédito. Pela primeira vez na história, todos os bilionários – em 2016 seus inimigos – agora estão ao seu lado. Quem evitou os Estados Unidos quebrarem? As Big Tech e o Vale do Silício. Sua meta é, em quatro anos, deixar a dívida inferior ao PIB. Como sua moeda é universal, dobrará seu valor, e os grandes fundos de investimentos voltarão aos bancos norte-americano. O remédio é amargo, em dose única, e com três anos e oito meses pela frente, o paciente estará curado.