Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

Devaneios de torcedor 

Publicado em 20 de dezembro de 2022

Torcedor apaixonado é aquele sujeito que vive de sonhos alimentados pela paixão, às vezes transformados em devaneios. Nesses momentos de fantasia, vive ruminando passado, presente e futuro do clube amado.

Não obstante minha insensibilidade esportiva, vivo em estado de quimera, agravado ainda mais com a desclassificação diante da Croácia, desde que foi anunciada a lista dos convocados por Tite à Copa do Catar.

A causa dos meus constantes devaneios é o chamamento de apenas três jogadores que atuam em clubes brasileiros. É muito pouco! Não corresponde ao total de jogadores que se destacam numa competição de 20 clubes disputantes, como a nossa série A.

Parece discriminação com os que atuam em gramados nacionais.

No elenco de 26 atletas selecionados, acho que esse número poderia ser acrescido para pelo menos 10. Quem sabe a metade.

Há uma máxima antiga de que futebol é conjunto, entrosamento. Há tempo essa máxima é esquecida pelos clubes que, com pouquíssimas exceções, formam times diferentes todo ano. E seleção é momento.

Nessa perspectiva momentânea, nem sempre um atleta mantém a regularidade anual de seu futebol. Afora os jogadores que se revelam ou aqueles que, de uma hora para outra, surpreendem e mostram qualidades até então desconhecidas

O resultado do excesso de atletas “estrangeiros” é uma seleção formada por jogadores desconhecidos da maioria do torcedor brasileiro, sem identificação nenhuma com a torcida, boa parte deles sem que saibamos em que clube começou. Confesso que não sei como foi o início da maioria dos “europeizados” de Tite.

No meu delicado estado de quimera, imagino o Brasil disputando uma Copa do Mundo com duas equipes. Isso mesmo: duas seleções. Uma, formada por jogadores que atuam na Europa; outra, exclusivamente com atletas que jogam em clubes brasileiros.

Para encerrar, como nos versos de Augusto, minha última quimera: já imaginou uma decisão de Copa do Mundo Brasil versus Brasil? A seleção de atletas que jogam na Europa contra os selecionados que atuam no país.

Sei que teria que ter o aval da Fifa, além de mudanças de regulamento etc. Mas, como o Brasil terá, a partir de primeiro de janeiro, um presidente de maior prestígio internacional…

É MESSI, NÃO O MESSIAS 

Messi não é o Messias, mas ajudou a redimir o futebol da América do Sul após quatro Copas nas mãos europeias. O título da Argentina, além de coroar o veterano atleta, dá esperança ao futebol brasileiro e, principalmente, a Neymar.

FICA A LIÇÃO 

Se Messi ganhou a Copa com 35 anos, o craque brasileiro disputará a próxima competição com 34, se tudo ocorrer nos conformes. Fica a lição para Neymar e aqueles que fazem o futebol nacional, incluindo o treinador de plantão até 2026.

EMBAÇANDO-ME A VISTA 

Quando acabei de ler Que claridade, crônica de Gonzaga Rodrigues sobre a padroeira de nossa cidade, meus olhos ficaram embaçados pelo brilho do texto e a emoção de ver o passado de Campina Grande tão bem retratado, ainda alertando o presente àquele “lugar de destroços”.

QUEM AMA 

De imediato enviei para Marcos, frisando que “quem ama Campina Grande deve ler a crônica de Gonzaga desta quarta-feira, 14 de dezembro”. É o que sempre digo: um senhor de 89 anos que escreve “pra moça ler”.