Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

DESENCONTROS

Publicado em 29 de março de 2022

A falta de diálogo – vacância de liderança oficial no Clã Cunha Lima – é uma bomba relógio pronta para explodir até às convenções, provocando estragos incalculáveis a depender do resultado das urnas. Influentes do grupo comentaram conosco os “desacertos” reinantes intramuros, e o inevitável divisionismo da família após o pleito.

O núcleo que orbita em torno da pré-candidatura ao governo do deputado federal Pedro Cunha Lima anda preocupado com as “pesquisas de consumo interno”, pela posição inflexível do tucano no “voto espontâneo” (preferência consolidada). Fixou-se no percentual de 12% desde janeiro. Culpam a impopularidade do prefeito Bruno Cunha Lima, que o acompanhava em visitas públicas, como nas feiras de bairros. A decisão foi trocar Bruno por Romero Rodrigues, na esperança de reação dos índices. Romero entrou em campo neste final de semana (26 e 27/03/2022).

Bruno Cunha Lima não tem conhecimento deste movimento ardiloso, discreto e manipulado às escondidas. Evitam ferir seus brios, por desconhecerem sua reação diante do fato de subestimar o valor de sua liderança, como prefeito de Campina Grande – quer queiram ou não – de fundamental importância numa eleição.

Enquanto o núcleo de Pedro Cunha Lima o afasta do prefeito, os séquitos de Bruno Cunha Lima justificam o “imobilismo” da sua gestão – 16 meses à frente dos destinos da Rainha da Borborema – ao quadro de inadimplência deixado pelo seu antecessor, Romero Rodrigues. Isto não minimiza nem apaga sua excelente gestão. Campanha de 2018, queda nas receitas, pandemia… Mas, mesmo assim, lamentam que Bruno tenha se dedicado exclusivamente a pagar contas, e destravar a burocracia que impede o Município de receber recursos, para realizar obras estruturantes na cidade.

Só agora dá para perceber os prováveis motivos de Romero Rodrigues ter deixado passar o cavalo selado: recusar o convite de João Azevedo para compor sua chapa. Não consultaram Bruno e seu poder sobre o grupo.

O inevitável desentendimento ocorrerá às vésperas das convenções, ou até antes, pelas escolhas de Bruno. Seu candidato a deputado federal será Leonardo Gadelha e não Romero Rodrigues. Deputado Estadual, Asfora Neto e não Tovar ou Moacir irmão de Romero. As lideranças que acompanham Romero estimam 50 mil votos só em Campina Grande. E o candidato do prefeito? Se não alcançar uma votação expressiva, compromete seu projeto de reeleição. Em meio a todo este conflito, o ex-prefeito Félix Araújo Filho mostra disposição em disputar uma vaga na ALPB. Quem ficará fora? A Secretária Eva Gouveia resolveu contar os votos, fruto do trabalho do seu saudoso esposo, e lançou seu filho Rômulo Gouveia Filho para uma vaga na Câmara.

Na mesa de jantar de Ivandro – onde no passado tudo se resolvia – quem está sentado em sua cabeceira é seu neto. Cássio, se ainda tem pretensões políticas, deve calçar as sandálias da humildade e conversar com Bruno. O único do Clã com poder de caneta, juventude e disposto a não deixar morrer a frondosa árvore, plantada por seus ancestrais. Em tempo: Romero, Moacir e Tovar são frutos, e não raízes dos Cunha Lima.