Marcos Marinho
Jornalista, radialista, fundador do ‘Jornal da Paraíba’, ‘Gazeta do Sertão’ e ‘A Palavra’, exerceu a profissão em São Paulo e Brasília; Na Câmara Federal Chefiou o Gabinete de Raymundo Asfóra e em Campina Grande já exerceu o mandato de Vereador.
Dércio e a urgência do freio de arrumação na mídia on-line
Publicado em 14 de junho de 2023O marqueteiro multimidia pessoense Dércio Alcântara, cuja valorosa coragem pessoal e inegável “faro” jornalístico são elementos indissociáveis da sua efervescente personalidade, botou hoje o dedo na ferida de um dos maiores problemas que os verdadeiros profissionais de comunicação na Paraíba estão enfrentando: a incontrolável proliferação de páginas na internet por elementos que logo passam a aparecer como se jornalistas fossem, mas com único intuito de abocanhar parte da verba publicitária do Poder Público.
– “Foi-se o tempo em que o ainda incipiente mercado de comunicação paraibano era composto apenas por anunciantes, agências, veículos e fornecedores”, informa ele.
Dércio ensina que “entende-se veículos por jornal, rádio e TV, aqui dispostos pela ordem de surgimento e que chamamos de mídia tradicional ou raiz, hoje acrescentamos o jornalismo online e aí reside o problemão que engessou o planejamento de mídia, sobrecarregou o faturamento e dispersou as verbas”.
De fato, ao olhar oportuno de Dércio Alcântara, “estimulados ao empreendedorismo, jornalistas demitidos das redações do extinto jornalismo impresso de uma hora para outra viraram pessoas jurídicas e passaram a pleitear um pedaço do bolo publicitário do já combalido setor público do mercado”.
Para ele, “se fossem algumas dezenas, estava justificado e viabilizado, mas os blogs e portais passam de uma centena e continuam a se replicar como coelhos e ninguém sabe aonde isso vai parar”.
O multimidia questiona o que fazer “para diferenciar jornalismo online de qualidade e relevância da simples extorsão do que virou nas Secoms, verdadeiras filas do auxílio emergencial, bolsas família ou simplesmente do INSS?”. E lastima que “cabos eleitorais criam um site a cada hora e nos quatro cantos da Paraíba gestores são abordados e, na maioria das vezes, com medo do tribunal da internet disponibilizam um peitinho para a “Imprensa” de araque”.
E mais pergunta: “até quando o Tribunal de Contas vai fechar os olhos para esse novo jeitinho de acomodar bajuladores e até quando a imprensa séria e profissional vai permitir que seu espaço seja invadido e destruído por charlatões? Chegou a hora da verdade subir o tom e a mentira ser colocada no seu devido lugar. Até quando vamos ficar calados e assistindo a desmoralização da imprensa profissional e constitucional sendo substituída pela picaretagem digital? Até quando vamos ficar sem fazer nada?”.
O chamamento de Dércio é da mais alta responsabilidade e vem em ótima hora.
Uma boa parte desses blogs e portais sequer incluem os expedientes em suas publicações e, por isso, é difícil saber quem está por trás do material publicado. Alguns também não contam com registro comercial e, por não terem CNPJ, valem-se – e o TCE e as Secoms parecem fazer vistas grossas para tanto – de duvidosos terceiros (laranjas!!!) para continuarem a sujar o mercado.
Semana passada, por exemplo, um dos colunistas d’APALAVRA, curioso e estranhamente feliz, mandou-nos link de um desses apócrifos espaços (PALAVRAPB) indagando-nos sobre o mesmo, pois entendera que se tratava da mesma APALAVRA ONLINE que tem CNPJ, paga em dia suas obrigações tributárias e sociais, e existe há mais de quatro décadas, nela dispondo em espaço próprio, como manda a legislação, nome de todos os que formamos a equipe.
A felicidade do interlocutor era compreensível: o portal imitador, hospedado em plataforma caríssima, é recheado de publicidade também – se imagina – caríssima! Tem banner’s da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil, Petrobrás e de Ministérios do Governo Federal.
Pelo “rastro”, tudo leva a crer que seja de propriedade de algum LARANJA a serviço de influente político do Estado, desses que de repente se viram alçados ao time do ‘alto clero’ do Congresso Nacional, mesmo sem cacife para tanto.
Lamentavelmente tive que deslustrar a felicidade do meu parceiro colunista ao dizer-lhe NÃO.
Nós, d’APALAVRA ON LINE, continuamos no labor honesto fazendo jornalismo verdadeiro e de qualidade e, graças a Deus nos contentamos ainda que concordando em tudo que Dércio aponta, muito com o ‘salário moral’, esse que nos enche a alma quando o leitor se satisfaz e nos faz crescer em credibilidade.
Parabenizo o bravo marqueteiro-amigo por botar em pauta o tema e espero que a associação presidida pelo querido confrade Heron Cid, nascida para valorizar e brigar pela categoria que manda brasa pela internet, saia do ar refrigerado e retempere-se na coragem de Dércio para extirpar com urgência esse cancro que vem contaminando a nossa área.