Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

DEMISSÃO DO PRESIDENTE DA PETROBRAS SUSCITA PERSPECTIVAS SOMBRIAS NA ECONOMIA

Publicado em 15 de maio de 2024

A demissão intempestiva do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, ontem (14/05/2024) a noite – furo da CNN – foi o início de uma série de crises, até então contidas, que se desenrolarão a partir de então, atingindo os Três Poderes.

Comentamos recentemente o “acordão” celebrado há uma semana, entre Congresso, Presidência da República e STF, para garantir a governabilidade. Nestes tipos de “acertos” todos cedem um pouco, para que se alcance um ponto de convergência. Entretanto, o sucesso do pacto depende do respeito às linhas demarcadas. Avançar significa quebrar compromissos. Tudo volta à estaca zero, criando um quadro de dificuldades ainda maior, para novas negociações.

A conta vai ficar para o Congresso, caso não aborte o acordo. Pagará um preço alto em 2026. Não escaparão do julgamento popular, por tramarem contra quem os elegeu. Após o pacto, em Alagoas Lula pôs Renan e Lira no mesmo palanque. Ambiente petista, cobriram Lira na vaia. O ato foi repudiado por Lula. Em Pernambuco, foi a vez de Raquel Lira passar pelo mesmo “vexame”. Uma enxurrada de apupos. As esquerdas jamais admitirão a existência de uma direita organizada.

O PT e Lula nunca esconderam suas intenções de voltar a comandar a Petrobras, no velho estilo que culminou em roubalheiras, grandes escândalos, corrupção generalizada, indo esbarrar na Operação Lava-Jato. No final de 2016, a petroleira estava tecnicamente falida. Uma dívida de 400 bilhões de dólares, e seu valor de mercado avaliado em 40 bilhões, ou 10% do seu passivo, considerado irrecuperável.

O então presidente Michel Temer, usando o prestígio do seu ministro da Fazenda Henrique Meirelles, negociou junto aos grandes banqueiros internacionais a recuperação da empresa. Para tanto, o Congresso Nacional aprovou uma Lei de Governança – que seria aplicada a todas estatais – tornando-as independentes, e distante de ingerências políticas. Petrobras e Eletrobras se recuperaram. Mas, ao assumir o governo, Lula escalou Lewandowski para derrubar a lei, através de uma decisão monocrática, respaldada numa liminar precária e inconstitucional.

Jean Paul Prates tinha encerrado seu mandato de senador no dia 02/02/2023. Pela Lei da Governança, para ocupar uma vaga no Conselho ou Direção de qualquer empresa estatal tinha que respeitar uma quarentena de três anos. Com a liminar de Lewandowski, Prates assumiu uma vaga no Conselho da Petrobras ainda em fevereiro. Mesmo sendo seu maior acionista, o governo é minoritário. Prates aguardou a convocação da assembleia extraordinária, para oficializar sua eleição. Fez de tudo para agradar Lula. Tentou “abrasileirar” os preços dos combustíveis, ora com defasagem de 10%. O lucro do último trimestre foi 30% inferior ao mesmo período em 2023. Combustíveis sempre foram o maior indexador da economia brasileira, o que implica em inflação à vista, e o fim da ficção “Arcabouço Fiscal”.

Será que o ex-senador Jean Paul Prates não sabia que estava sendo ludibriado e usado como “fantoche”? O PT, desde sua fundação, se sente dono da Petrobras. Manobrava a empresa através dos seus poderosos sindicatos. Jean Paul Prates não era PT “raiz comunista”. Se perfila na vanguarda da esquerda progressista. O homem certo, no local errado. Entre a cruz e a espada, sobreviveu até ontem. Para ocupar a vaga de Prates – que ontem mesmo já deixou o Conselho da empresa – Lula indicou Magda Chambriard. Petista radical, amiga de Dilma Rousseff, que durante seu governo foi diretora da ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Viu toda corrupção da Lava-Jato passar abaixo do seu nariz – não foi alcançada pelas investigações – porém, nada fez para julgar os desmandos. A previsão para hoje (15/05/2024) é de queda expressiva no valor das ações da Petrobras nas Bolsas de New York e São Paulo, causando grande prejuízo à petroleira, com a inevitável fuga de investidores.