Defensoria recebe mães de crianças autistas em audiência sobre déficit de cuidadores nas creches municipais de JP
Publicado em 25 de fevereiro de 2023A Defensoria Pública do Estado da Paraíba (DPE-PB) realizou na manhã desta sexta-feira (24) uma reunião com representantes do Fórum de Mães de Autistas para ouvir denúncias sobre o suposto déficit de cuidadores nas creches municipais de João Pessoa. O encontro foi comandado pela defensora pública Fernanda Peres, coordenadora do Núcleo Especial de Defesa e Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Idosas (NEPED). As denúncias chegaram à Defensoria por meio da Ouvidoria-Geral da DPE.
Durante o encontro, foram ouvidas e analisadas as irregularidades relatadas pelas mães em relação à falta de cuidadores nas CREIS do município. Segundo elas, as pessoas contratadas pela gestão municipal para cuidarem dos seus filhos autistas, não seriam suficientes para atender o número total de crianças. Além disso, os cuidadores não teriam cursos de capacitação ou formação na área, mostrando-se despreparados no trato com as crianças.
“Essas mães nos procuraram com o objetivo de tentar solucionar uma situação que, de acordo com elas, já se arrasta há algum tempo. A falta de preparo e de capacitação profissional dos cuidadores nas creches, assim como a falta de pessoal para atender os filhos autistas. Este é um direito delas e das crianças, e estamos aqui para escutar e realizar as medidas necessárias para que situações como essa não ocorram”, ressaltou a defensora pública, Fernanda Peres.
Pela Defensoria, também participaram da reunião a ouvidora-geral da DPE, Maria do Céu Palmeira, e a assessora jurídica Nathálya Lins.
Mãe de uma criança autista, Jeisekelly Araújo, ressaltou que os fatos denunciados são recorrentes e acontecem com várias crianças. “A situação é recorrente. Os cuidadores dos nossos filhos não possuem nenhum preparo e preferem ficar com as crianças ditas popularmente como normais, dar o suporte a essas crianças, ensiná-las a fazer tarefas, enquanto nossos filhos ficam ao léu, jogados na sala. Na semana passada mesmo, a cuidadora do meu filho deixou ele e uma outra criança autista num canto sala, enquanto dava atenção exclusiva para outras crianças”, apontou.
Para Geovânia Teixeira, que também participou da reunião, o problema é de extrema gravidade, pois compromete até mesmo o desenvolvimento e o aprendizado do seu filho. “Na sala do meu filho existe apenas uma professora e uma cuidadora para 25 crianças, isto é absurdo. Isso compromete, de certa forma, o aprendizado do meu filho e das demais crianças autistas. Nós estamos apenas pedindo o mínimo, o básico”, destacou a mãe.
Durante a reunião, as mães ainda relataram a dificuldade de comunicação com a Secretaria Municipal de Educação do Município para a resolução dos problemas, bem como a falta de acesso às avaliações (anamneses) dos seus filhos pela Secretaria. E, ainda, a falta de capacitação de professores e diretores para lidar com as crianças autistas.
Fonte: Assessoria