
DEBATER PROPOSTAS DE GESTÃO NÃO MUDA VOTOS
Publicado em 4 de outubro de 2024A maioria esmagadora da população brasileira estava assistindo ontem (03/10/2024) o último debate entre os candidatos a prefeito de São Paulo. O motivo não era ouvir as repetitivas e utópicas “propostas” dos cinco principais concorrentes que disputam a prefeitura da maior cidade do país, e da América Latina.
O telespectador, usando o youtube – derrubado constantemente pela Globo – procurou socorro na velha antena parabólica e outras ferramentas alternativas da internet, para ver um enfrentamento final da UFC. Denúncias, escândalos, vida pessoal (passado e presente) corrupção, roubalheiras… Todos se acusando mutuamente. O mais resistente abocanharia uma parcela dos indecisos, além de “energizar” ainda mais sua militância nas ruas, buscando a multiplicação dos votos.
Não sou “marqueteiro”. Acompanhando todos os debates de São Paulo, percebi um erro crasso na postura de Ricardo Nunes, o único que tinha capacidade de “encalacrar” todos, inclusive o malabarista e sua prestidigitação no uso das palavras, hoje em primeiro lugar, o outsider Pablo Marçal. Nunes se entrincheirou nos dez debates que participou, optando pela defesa, mostrando suas realizações. Indiscutivelmente, uma boa gestão, marcada pelo equilíbrio financeiro e oito mil obras, somente este ano, inauguradas, em fase de conclusão e entregues até o final do ano.
Sua tática poderia ser diferente e despertar o eleitor. Quando Tábata do Amaral prometeu que em janeiro São Paulo estaria com seus problemas de drenagem de solo, sem áreas de riscos, sem desemprego, resolvido com cursos técnicos, bastaria Nunes indagar como ela faria este milagre. Pedissem a ela para descrever um processo licitatório e onde buscar recursos, se todos já estavam “amarrados” ao orçamento. Tudo que ela promete, tem que ser aprovado pela Câmara de Vereadores. Tábata desconhece, ignora e não tem o menor conhecimento sobre burocracia. Não saberia responder, e ficaria fora do páreo. Nunes aproveitaria, e daria uma aula sobre gestão pública.
Datena e Boulos escorregariam na mesma “casca de bananas”. Só Marina saberia respondê-lo. Marçal usaria a estratégia de não responder o que lhes foi perguntado, mas a pergunta que ele desejaria ter sido feita. E atacava o ponto frágil de Nunes: sua vida pessoal – período que esteve separado de sua esposa – e o registro de um BO, acusando-o de bandido. Claro, que por questões financeiras domésticas.
Pablo Marçal e sua metralhadora giratória, atingiu todos. Exceto Datena, que ele usou para atacar Nunes e Boulos, com suas perguntas. Datena abominou a extrema esquerda, e os atos radicais do PSOL. Criticou Nunes por não gerar empregos para os moradores de rua (?). Atabalhoado, Nunes esqueceu de uma resposta pronta: acesso ao serviço público, só através de concurso. O argumento atingiria também Tábata e Boulos. No final, mesmo poupando Datena no início, em suas considerações, Marçal usou da humildade e pediu perdão pelos seus exageros e desculpou-se por suas colocações imprecisas.
Justificou alegando que estava só, e contra todos. Até cadeirada ao vivo sofreu. Para “emparedar” todos, pela segunda vez dirigiu-se ao eleitor: não tenho e nem quis usar o dinheiro suado de você trabalhador, destinado ao Fundo Eleitoral. O somatório total distribuído até ontem, com Boulos, Datena, Nunes e Tábata, já tinha atingido 120 milhões de reais. Boulos é o campeão, 30 milhões. “Se “eles” querem combater a fome, por que não destinaram estes recursos aos moradores de ruas”? Após o debate de ontem, só quem pode derrotar Marçal são as “urnas eletrônicas”. As mesmas que jamais derrotariam Bolsonaro em 2022 na Capital e misteriosamente elegeram Lula.
Fonte: Da Redação (Por Júnior Gurgel)