Da Bolsa de Nova York: Brasil é destino em alta para investimentos verdes
Publicado em 19 de setembro de 2023Encontro entre autoridades brasileiras e investidores na Bolsa de Valores de Nova York destaca vocação do país para atrair investimentos em transição energética, descarbonização e infraestrutura
“A agenda [do evento] fala de mensagens que o Brasil quer mandar para o mundo, mas também que investidores globais estão ansiosos para ouvir”. Com essa frase, o vice-presidente da Bolsa de Valores de Nova York, John Tuttle, deu o pontapé inicial do evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Responsável por mais de 30% da capitalização do mercado global, a Bolsa de Nova York foi palco do encontro que reuniu, nesta segunda-feira (18), representantes do governo federal brasileiro, do Congresso Nacional, do judiciário de empresas americanas e investidores para debater possibilidades de negócios voltados a:
- transição energética
- descarbonização da economia
- infraestrutura
- e financiamento
Na abertura do evento, o presidente da CNI, Robson Braga, destacou o papel do Brasil rumo à retomada da industrialização, a chamada neoindustrialização, e a necessidade de os investidores internacionais olharem para o país.
“Temos, hoje, vantagens comparativas e vantagens competitivas tanto na atração de investimento como no desenvolvimento das nossas indústrias. O Brasil tem evoluído muito rapidamente e esse é o momento oportuno de fazer um chamamento a todos os investidores e empresários para que olhem o Brasil com a perspectiva de um futuro muito promissor para os negócios brasileiros”, avaliou Andrade.
Congresso priorizará projetos em sustentabilidade e transição energética, dizem Pacheco e Lira
Ainda na primeira etapa do encontro, os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmaram que as propostas legislativas que contribuem para a transição energética e para a sustentabilidade na economia brasileira estarão entre as prioridades dos parlamentares no segundo semestre.
Segundo eles, três temas vão ganhar maior destaque:
- a regulamentação do mercado de carbono;
- o marco regulatório para a produção de energia eólica offshore;
- e o marco regulatório da transição energética com ênfase no hidrogênio verde
“Ressaltamos a grande capacidade brasileira de produzir energia limpa e de manter nossas florestas. Como país, não tenho dúvidas, é o que mais preserva no mundo. Isto ocorre porque temos o privilégio e a responsabilidade de cuidar dos mais belos e ricos territórios do planeta. Ocorre também porque o Brasil tem uma legislação avançada. Não canso de dizer isso por onde ando: nossa legislação é a mais rígida, mais dura e mais correta para a permanência das nossas florestas”, disse Lira.
Nesse sentido, o presidente do Senado afirmou que o desenvolvimento dessa agenda está vinculado à atração de investimentos internacionais.
“Precisamos de incentivos de cooperação internacional, de parcerias globais e de transferência tecnológica. Sem os investimentos de longo prazo dos países mais ricos, sem a criação de mecanismos financeiros de fomento ao desenvolvimento sustentável e sem a redução das desigualdades regionais, a crise ambiental tende a se agravar. Precisamos agir”, afirmou Pacheco.
Brasil x Mundo: em que pé está o Brasil na transformação ecológica e energética
Fernando Haddad, ministro da Fazenda : “Não existe divórcio entre sustentabilidade e desenvolvimento. Isso é coisa do passado e dos equívocos do passado. O futuro é do desenvolvimento sustentável, e o Brasil pode ter um papel proeminente nisso, sabendo lidar com as nossas parcerias: Ásia União Europeia, Oxalá, o acordo do Mercosul e União Europeia seja aprovado agora no segundo semestre, mas também aqui com os investidores americanos.”
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima: “Nenhum país, como dizem os economistas que eu admiro, vai sair da armadilha de ser eternamente um país de renda média, se não for capaz de combinar suas necessárias commodities, como o Brasil tem, com uma indústria vigorosa, uma indústria forte. Podemos ser supridores de energia para o mundo, mas mais do que isso: podemos usar a energia que temos para criar novos produtos, novos materiais. Para isso, vamos precisar de ter uma indústria que seja capaz de ser competitiva. E, para que seja competitiva, vamos ter que apostar muito em educação, tecnologia e inovação.”
Ilan Goldfajn, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID): “Há uma demanda, há um interesse renovado pela região. O interesse, obviamente, vem porque há uma percepção geral de que a América Latina e o Brasil são parte de uma solução dos problemas globais. Um dos problemas estamos tratando aqui. É a questão da transição energética, do aquecimento global e, obviamente, quando olham para o Brasil veem que aqui há uma complementaridade e que aqui a gente tem uma matriz energética mais limpa.”
Ambiente de negócios e segurança jurídica no Brasil ajudam a atrair investimentos?
Ricardo Lewandowski, presidente do Conselho de Assuntos Jurídicos da CNI: “Temos um sistema de freios e contrapesos estáveis e equilibrados. Resistimos a várias crises políticas e econômicas. Enfrentamos dois impeachments e a crise política que resultou na invasão dos Três Poderes, em 8 de janeiro [de 2023]. A crise de 2008 que se espalhou pelo mundo todo, além da crise econômica da pandemia. Temos um arcabouço institucional muito sólido.”
Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU): “Os contratos no Brasil têm valor. Os investidores podem ter tranquilidade que, no Brasil, as instituições respeitam os contratos e, exatamente por isso, é perfeitamente possível ter um ambiente de previsibilidade jurídica.”
Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil): “A APEX tem a responsabilidade da promoção do Brasil. Outro braço é a atração de investimentos, que tem muito a ver com esse evento que a CNI promove aqui. O Brasil só pode tirar proveito disso, pelo ambiente que foi construído. É um ambiente saudável, que é sinônimo de oportunidades.”
Como planejamento, financiamento e infraestrutura impactam a transição energética?
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia: “O Brasil já decidiu: fará a transição energética justa e inclusiva. E tem todas as condições para isso e mais do que isso, para liderar a relação dos países da América do Sul dos países sul globais da Europa na relação com os países industrializados para que nós possamos efetivamente da celeridade a transição energética que já não há mais nenhuma dúvida é extremamente necessária.”
Jader Filho, ministro das Cidades: “Especificamente, no âmbito do Ministério da Cidades, temos pautas importantes para o tema da transição energética […] como as energias renováveis que serão estabelecidas com as novas contratações do Minha Casa, Minha Vida.”
*O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou em julho a lei do novo Minha Casa, Minha Vida, programa de habitação popular do governo federal. De acordo com Jader Filho, no novo modelo de habitação, o valor das placas que seriam instaladas será usado para adquirir energia de fazendas solares.
Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES: “O BNDES tem expertise de estruturar projetos complexos. O banco está preparado para estruturar os próximos projetos de SAF (sigla em inglês para Combustível de Aviação Sustentável) e de hidrogênio verde. Já estamos analisando os próximos projetos de mobilidade de média e alta capacidade, estamos analisando a eletrificação de frota de ônibus das grandes cidades do Brasil. Então, é um país que tem um ambiente regulatório preparado e evoluiu muito neste ano.”
David Turk, secretário substituto do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE): “Neste momento, o Brasil tem uma grade muito descarbonizada. A gente está com muito ciúme dessa taxa de 88% de [fontes] renováveis [de energia]. Mas é só a ponta do iceberg em termos de potencial de energia limpa no Brasil. […] Há grandes oportunidades de investimento para a empresas brasileiras nos Estados Unidos e vice-vers
*Cobertura encerrada às 16h39
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Fonte: Assessoria