

Valberto José
Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.
Curso de jornalismo me expediu até a certidão de casamento
Publicado em 3 de fevereiro de 2025Nas suas aulas do Curso de Comunicação Social da URNE, hoje UEPB, o professor Edmilson Araújo alertava seus alunos sobre a incoerência de estudar um curso e laborar em outra atividade, posteriormente. “Se você cursar jornalismo e, depois, ir vender tecido na Maciel Pinheiro…”. Se as condições, à época, permitissem levar à prática esse alerta, certamente estaria comemorando 40 anos ininterrupto no jornalismo, aqui ou alhures.
Em outubro próximo, inteira quatro décadas que colei grau, mas já em fins de 1984 comecei a enviar textos, via colega Apolinário Pimentel, à Gazeta do Sertão, já sob a editoria de Helder Moura. Em janeiro de 85 fui convidado a assumir a coluna de esportes do impresso, que passara a ter circulação semanal, e essa colaboração foi essencial na minha ida para o Diário da Borborema três dias após a colação.
Passei quase sete anos no jornal Associado, três deles acumulando a editoria de esportes no projeto semanário de Marcos Marinho n’APALAVRA, permanecendo por outros tantos anos, após sair do DB em 92. Em 95 fui para o Jornal da Paraíba, mas a transferência de suas editorias para a capital levou ao meu desligamento em 2002, iniciando uma pausa de 17 anos no jornalismo.
Trabalhando no ramo de carnes desde os 17 anos, desafiei o alerta do professor Edmilson Cabaceiras conciliando as duas atividades quando passei a integrar a redação do DB. Arrimo de família, tinha que juntar os dois salários para sobreviver, vez que nem piso salarial existia, o que veio a vingar dois ou três anos depois. Mesmo assim, muito aquém da real necessidade e do merecimento da classe.
Durante toda minha trajetória no jornalismo, conciliei esta atividade com a de comércio. Se no jornal me esforçava para evitar a “barriga”, fui forçado a optar, na realidade da vida, pela barriga. E quando demitido do JP, juntamente com mais seis da redação, já tinha o meu próprio negócio, por coincidência experimentando uma fase de crescimento, o que não me animava a buscar permanecer na imprensa.
Se me arrependi de desafiar o alerta do professor Edmilson Cabaceiras? De jeito nenhum. Mesmo porque costumo me arrepender do que não fiz e não do que faço. Também fui alertado por um parente próximo, quando prestes a concluir o curso, de que não conseguiria independência financeira trabalhando na imprensa.
Não há, na profundidade do meu íntimo, nenhum arrependimento pelos caminhos universitário e profissional que percorri. Seria um homem ingrato sentir qualquer dose de compunção por ter estudado numa faculdade em cujos bancos encontrei a mulher da minha vida. Com quem estou casado há 36 anos, formando uma família de três filhos e, agora, aproveitando os netos.