Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
CRISTÃO NOVO
Publicado em 13 de fevereiro de 2023Texto publicado no portal MaisPB em 09/02/2023 (espaço Opinião) sugere o desprestígio da Paraíba – subentende-se governador João Azevedo – que não foi consultado durante todo o período pós campanha para indicar um titular dos trinta e sete Ministérios que compõem o governo Lula. Destaca o redator que mesmo tendo sido derrotado em 2018 na Paraíba, Bolsonaro entregou o Ministério da Saúde, segundo maior orçamento da União, ao desconhecido Marcelo Queiroga. E identificou a competência de Sérgio Queiroz, presente em sua gestão a partir da equipe de transição.
Bolsonaro estruturou sua equipe usando o critério da “Meritocracia”, sem observar o passado dos escolhidos, como por exemplo Tarcísio de Freitas, que não esconde sua gratidão pela oportunidade que lhes foi dada para comandar o gigante Ministério dos Transportes. Entrou no serviço público em 2011 – governo Dilma Rousseff na CGU (reeleita em 2014) – e permaneceu na função. Após o impeachment, Michel Temer o nomeou provisoriamente para o DNIT. Bolsonaro eleito o transformou em Ministro. O indicou e apoiou para disputar o governo de São Paulo. Com sua vitória, comandará os destinos do maior Estado do Brasil, responsável por 1/3 do PIB da Nação.
João Azevedo mergulhou fundo (2022) no projeto “Lula Presidente”, pondo em risco sua reeleição. Foi destratado duas vezes, mas manteve-se fiel à posição que havia tomado. Lula gravou vídeos pedindo votos para Veneziano, não dando a mínima para a reação do governador. No segundo turno, num outro vídeo ao lado de João, se limitou em falar “agora é com João” … Norteado pela vaidade exacerbada, Lula considerava que os votos da Paraíba já eram seus e não dependia de João Azevedo. Ademais, tinha ao seu lado Ricardo Coutinho, Veneziano Vital do Rêgo, a mãe (Nilda) também Senadora, Luíz Couto e os Ribeiros (Daniela e Aguinaldo). Com três senadores da República, o padrinho político de João Azevedo e seu histórico de vitórias no Estado era o suficiente.
Após sua diplomação, Lula começou a montar um quadro de auxiliares (políticos) privilegiando o “campo majoritário PT”, com Ministérios que abocanharam 80% do Orçamento. Na titularidade destes cargos seus “mais chegados”, conscientes de seus papéis figurativos: “poder de caneta” é exclusivamente do Presidente. As demais legendas (esquerdas) e os aliados do momento para garantir a governabilidade se contentaram com pastas dispondo de recursos só pagar a folha e suas mobilidades.
João Azevedo tem tudo para se superar em sua segunda gestão, sem necessitar de gestos genuflexos a Lula. Como destacou nos debates da campanha, a Paraíba é avaliada pelas Agências de Classificação de Riscos, com o conceito AA +. Talvez seja o único Estado do Nordeste nesta posição, com crédito para levantar 1 bilhão de dólares para investimentos, juros baixos e pagamento em longo prazo.
Hoje, Lula depende mais de Veneziano na vice-presidência do Senado – calcanhar de Aquiles do seu governo – do que do apoio de um governador. Além de Veneziano, Lula conta com o prestígio e influência do seu irmão, Ministro do TCU Vital Filho, o “homem missão do PT”, que enterrou a CPI de Carlinhos Cachoeira e a da Petrobrás.
Recursos extras destinados para a Paraíba? Muito difícil. Terá que passar pelo crivo de Veneziano, Ricardo Coutinho e Luíz Couto. Os dois últimos, decanos da legenda na Paraíba, comandam o “Santo Ofício” da sigla. João era e é do PSB, Cristão Novo*.
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*Cristão Novo – Séculos XVII e XVIII, Judeus fugindo da Inquisição Espanhola para não morrer na fogueira, cruzavam a fronteira com Portugal e buscavam adoções. Abandonaram sua Religião, tradições e sobrenomes. Eram batizados e incluíam a preposição “de”, a um sobrenome das tradicionais famílias, acolhidas pela Igreja.