Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

CPMI DO INSS DERRUBARÁ O ÚLTIMO REDUTO DO PT

Publicado em 3 de maio de 2025

Após a Lava-Jato, o impeachment de Dilma Rousseff, a Reforma Trabalhista realizada no governo Michel Temer – relatada pelo então deputado federal Rogério Marinho – extinguiu o Imposto Sindical. Com o avanço da automação, os sindicatos que já vinham perdendo forças nas grandes cidades, pela redução da contratação de mão-de-obra, sobreviviam graças ao imposto. Bilhões de reais eram rateados, para manter os “pelegos” militantes. O Brasil em 2017 alcançou o alarmante número de 11.698 Sindicatos, com respectivas Federações e Confederações. Uma loucura! A expansão ocorreu no período dos governos “petistas” – conforme registros do Cadastro Nacional de Entidades Sindicais – quando comandava o Ministério do Trabalho, Carlos Lupi, exonerado pela presidente Dilma Rousseff após denúncia da venda de “Cartas Sindicais”. Pelo visto, Lupi é um “suspeito inocente”, reincidente.

Com o fim do desconto obrigatório, a classe operária não se voluntariou para pagar a mensalidade, com dinheiro do seu próprio bolso. A deserção, sem o imposto a partir de 2019, levou os “pelegos” a usarem da “criatividade”, e encontrarem uma fonte financiadora substituta. Surgiram as Associações, ONG, e Sindicatos de Aposentados (?). Os únicos que escaparam praticamente incólumes foram os Sindicatos dos Trabalhadores da Agricultura. Tinham, e ainda têm, uma fonte inesgotável de rendas: são quem atestam as aposentadorias por tempo de serviço, invalidez permanente, pensionistas, auxílio funeral, assistência médica/odontológica ao homem do campo – muito embora há décadas – completamente desertos. O senador Rogério Marinho, quando esteve como Secretário do Trabalho e Assistência Social do Ministério da Economia (governo Bolsonaro), identificou cerca de 10 milhões de aposentados pelo Funrural. Um número exorbitante. Mais de 90% eram cidadãos urbanos, que nunca foram ao campo e plantaram um pé de coentro.

Sindicatos de Trabalhadores Rurais, em municípios com população inferior a 30 mil habitantes, tornaram-se um grande negócio “familiar” ou empreitada entre “compadres”. desde 1991. Esteve no ápice, no governo FHC, quando foi proibido a desapropriação de terras invadidas. Os Sindicatos cadastraram os “Sem Terras” e recomendavam a compra de áreas acima de 400 hectares, consideradas improdutivas. Foi uma festança com a dinheirama do INCRA. O preço estava muito além do valor de mercado. Proprietários, Sem Terras e Sindicatos, todos saíram ganhando. Infelizmente quem perdeu foi o país. Hoje existem centenas de milhares de assentamentos em todo o Nordeste, totalmente improdutivos. Anualmente, os Sindicatos atestam se o ano foi seco, ou se o inverno foi irregular. O seguro safra cobre o empréstimo feito para o pequeno agricultor assentado. Desde então, não houve mais safras. Os presidentes dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais se eternizaram, e se revezam no poder. Só trocam a cadeira pela urna funerária. Não é à toa que em 2016 e 2020 Bolsonaro ganhou praticamente em todas as Capitais do Nordeste e cidades com população acima de 200 mil habitantes. Entretanto, 87% das cidades localizadas nos distantes grotões da região, têm uma população abaixo de 30 mil habitantes. Não há registros de uma única vitória de Bolsonaro nestes “currais eleitorais”. O trabalho é feito pelos Sindicatos, controlados pelo PT/PCdoB, raramente tem alguém do PSOL. Continuam aposentando, concedendo benefícios e garantindo o seguro safra.

A CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura – entidade que controla as Federações Estaduais e Sindicatos Municipais – recebeu entre 2016/2022, cerca de 1,9 bilhões da Previdência Social. Somente em 2023, os valores saltaram para 1,64 bilhões, e em 2024, 3,39 bilhões de reais. Estão fazendo caixa para a campanha de 2026. Somando 2023 e 2024, a CONTAG arrecadou um montante equivalente ao Fundão Eleitoral, e só para o PT. Esta é a razão da candidatura de Lula. A suspensão dos descontos, e a falta de repasses para a CONTAG, quebra as pernas do PT. Mesmo assim, tem que mudar a fiscalização do seguro safra, e impor as regras das aposentadorias. A transição votada na Reforma Trabalhista entra em vigor neste ano de 2025.