
Amaro Pinto
Advogado, Cronista, Articulista paraibano. Fascinado, humilde e curioso aprendiz do Direito, Literatura, Teologia e Filosofia. Avante – sempre – porque somente DEUS é grande.
CORRUPÇÃO, SONEGAÇÃO E PRIVILÉGIOS: A FESTA DO CHORUME HUMANO OU A ARTE DA HIPOCRISIA?
Publicado em 4 de outubro de 2023De há muito, quiçá antes do próprio Descobrimento, já se saqueava esta terra brasilis, mãe de todos nós – de todas as formas e maneiras: ao longo de quinhentos anos de História o que mais vemos (e mui pouco sabemos em pormenor, extensão e profundidade) é o real (sem trocadilho) tamanho do caramanchão de assaltos aos cofres públicos. Tudo isso, podemos resumir, se é que possível, nas três formas de bandalheira que encimam estas linhas.
A corrupção tunga da coisa pública a bagatela de R$80 bilhões de reais por ano, estima-se (mas pode ser muito, muito mais), dinheirama que daria para retirar das ruas os menores órfãos da sociedade que o Estado Brasileiro quer se livrar legislando por mágica, remetendo-os de logo na prisão – isso quando não linchados, amarrados em postes ou esfolados em praças públicas, para gaúdio do populacho ávido e ignorante, sequioso de vingança, nestes tempos de ódio e intolerância, em que Direitos Humanos são confundidos com direito de bandidos. A ignorância é a cegueira dos tolos.
Não se pode gritar por Segurança quando não se tem Justiça, e por meio dela, justiça. Quem milita, por qualquer forma, no Sistema Judiciário Brasileiro sabe que o Direito Penal não é uma Ciência Social autonôma, capaz de sozinha resolver as mazelas do país, num átimo de segundo. O mal verdadeiro, tal como seus siameses privilégios e sonegação, avassala o sofrido e bravio Povo, inane, manipulado, vazio de pensamento, inciente, falto de direção – sem eira nem beira, ao sabor dos ventos midiáticos a serviço dos patrões que lhes pague mais, ou assim sirva aos seus espúrios interesses – mediatos e imediatos.
A sonegação é maior, em progressões geométricas, sem hiperbole alguma. Pelo menos R$ 800 bilhões de reais não chegam aos alforjes públicos, já saturados pela assacação dos corruptos. No entanto, nos dias atuais, pouco ou nada se fala da sonegação fiscal. A quem serve esse silêncio das vestais que todos os dias empanturram as mídias de informações as mais das vezes inventadas por escribas a soldo? Os sonegadores agradecem e levam a se indagar: há hierarquia na ladroagem?
De sua banda, temos ainda os privilegiados, uma casta imensa formada por altos funcionários públicos (de três esferas de poder e de três Poderes), concursados ou não, devidamente refestelados em seus deleites faustosos de subsídios, vencimentos, proventos e pensões, devidamente engorduradas, diga-se, pelos penduricalhos correspondentes: auxílios, quinquênios, gratificações, diárias, férias em dobro, em triplo, licenças a mais não ver, quilometragens, cartões corporativos, botequins, borzeguins, palácios, carrões e mansões, gueixas e mancebos, faltas ao expediente. Uau.
Outro dia se detectou uma servidora cujos rendimentos alçaram voos altos: R$ 262.000,00 (em número redondo). Por mês.
Há um manifesto e inaceitável descompasso, que abrupta e ofende a realidade, entre a remuneração do setor público e altos executivos, digamos assim, da iniciativa privada. Um Diretor de Multinacional ganha a metade para cumprir o dobro da jornada de trabalho desses rotundos. Vi um servidor cuja gratificação é maior que o valor da aposentadoria pelo INSS. Outro externou, sorrindo, que não era ilegal receber vantagens para pagar o aluguel da casa que possui, é dizer, que lhe é própria, quitada, sobre a qual não incide despesa alguma, exceto as rotineiras e de imposto, apenas o IPTU. No caso particular o afago é dobrado porque a distinta também é barnabé. Imoralidade dobrada, violação dobrada ao artigo 37 da Constituição Federal….Mas….
E que aqui não se cometa injustiças contra setores, digamos, intermediários dos Poderes, que sequer recebem a quarta parte dos elevadíssimos rendimentos e vantagens desses marajás empedernidos e maquiados do terceiro milênio, hipócritas a exigir condutas de terceiros, sobremodo probidade, porque para eles é letra vazia, inócua, insípida e inodora.
Como se fosse pouco ainda sobrelevam algumas bocas de tubarão nas classes políticas de todas as esferas de Poder, as quais, misturando-se sujos, mal—lavados e chorumados (impossíveis de se distinguir porque simbióticos nas valas de lama onde vivem fossando), unem-se uns aos outros ao refestelo da Coisa Pública, à cara ensebada de óleo de peroba, hipócrita e falsamente afastando querelas de honra antigas e abissais – para abocanhar, ávidos e esfaimados, as burras do Tesouro.
Eia, pois, a ratatulha. Eita, eita!
Até quando e até onde a Sociedade Civil vai aceitar com a placidez de escravos esses desmandos, essa grassa imoralidade, é difícil dizer: entre o legal e o moral, deve prevalecer o justo. A Cidadania, reverentemente, agradece. Basta de corrupção, sonegação e privilégios dos saqueadores atávicos
Obrigado, abraço