Copa do Mundo inovadora tem final de conto de fadas
Publicado em 19 de dezembro de 2022Esta já seria uma Copa do Mundo FIFA como nenhuma outra.
A primeira a ser organizada no Oriente Médio, a primeira a ser disputada em novembro e dezembro, e a primeira destas dimensões a ser realizada em um território geográfico tão pequeno, o Qatar-2022 deu um toque renovado a este velho e adorado festival do futebol.
No entanto, apesar de que trilhar novos caminhos tenha trazido oportunidades – a possibilidade inédita de assistir a vários jogos da Copa do Mundo em um mesmo dia, por exemplo –, os riscos eram evidentes e inegáveis.
Foi o que Gianni Infantino admitiu no início desta semana, quando confessou ter se preocupado antes do torneio “a respeito de ter tantos torcedores de tantos países ao mesmo tempo e no mesmo lugar”.
“Em uma Copa do Mundo normal, só temos os torcedores de dois países em uma mesma cidade, não mais que isso”, acrescentou o presidente da FIFA. “Aqui, tínhamos 32 países mais todos os outros torcedores do resto do mundo, que vieram desfrutar juntos da Copa do Mundo em um mesmo lugar”.
Dado que o lugar em questão tem uma população de menos de 2,9 milhões de pessoas e seus estádios estavam todos em um raio de 60 quilômetros, naturalmente questionou-se como o Qatar e sua infraestrutura lidariam com uma invasão maciça. Outros se perguntaram como a movimentação dentro de campo seria impactada pelo fato de o torneio acontecer no meio da temporada para a maioria dos jogadores, sendo que um tempo de preparação reduzido seria uma consequência inevitável disso.
Uma a uma, é claro, essas dúvidas foram sendo dissipadas por uma poderosa onda de futebol de primeira, de organização impecável e de ambientes amistosos e vibrantes nas ruas e nos estádios.
Nesta semana, Jürgen Klinsmann a descreveu como “uma Copa do Mundo organizada à perfeição”, enquanto Infantino esteve longe de estar sozinho ao declarar que o Qatar-2022 foi, simplesmente, “a melhor da história”.
Naturalmente, essa mesma descrição está sendo cada vez mais amplamente aplicada ao astro do torneio. Lionel Messi já era um forte candidato a alcançar o status de “melhor de todos os tempos”, mas sua reivindicação a esse título foi fortalecida com um mês verdadeiramente magnífico no Qatar.
Na Copa do Mundo com mais gols da história, foram aqueles que o capitão da Argentina marcou os que mais ajudaram a determinar quem ficaria com o troféu. Nem mesmo os rivais da Argentina podem negar a esse maravilhoso jogador seu merecido momento com o prêmio que há tanto ele deseja mais do que qualquer outro.
Medalhistas
Campeões: Argentina Vice-campeões: France Terceiro lugar: Croatia
Prêmios individuais
Bola de Ouro adidas: Lionel Messi (ARG) Chuteira de Ouro adidas: Kylian Mbappe (FRA) Luva de Ouro adidas: Emiliano Martínez (ARG) Melhor Jogador Jovem: Enzo Fernández (ARG)
Equipes de destaque
Argentina
De servir de piada para o resto do mundo a ser campeã merecida, a Alviceleste realizou uma odisseia tremenda. Assim como ninguém previa aquela derrota na estreia para a Arábia Saudita, poucos poderiam imaginar que a equipe se recuperaria para alcançar seu sonho de tantos anos em circunstâncias tão impressionantes – e dramáticas.
Quanto ao craque argentino, o que mais dá para dizer sobre ele? Messi é de forma justa uma figura adorada muito além das fronteiras do país e torcedores neutros de todo o mundo foram cativados e convertidos à causa argentina pela magnífica busca deste mago do futebol pela consagração na Copa do Mundo.
Marrocos
Foram 88 anos de tentativas para que uma seleção africana alcançasse as semifinais da Copa do Mundo. O Marrocos foi o pioneiro do continente. Após derrotar a Bélgica na fase de grupos, Yassine Bounou, Achraf Hakimi, Hakim Ziyech, Youssef En-Nesyri e companheiros eliminaram a Espanha nas oitavas de final e Portugal nas quartas.
Os Leões do Atlas também deram muito trabalho para a França nas semifinais antes de perderem um encontro disputado para a Croácia por 2 a 1 na luta pelo bronze.
Croácia
Este deve simplesmente ser classificado como um dos maiores feitos na história da Copa do Mundo: um país de menos de quatro milhões de pessoas acabando em segundo e terceiro lugares em edições consecutivas.
Zlatko Dalic perdeu vários integrantes do selecionado de 2018, como Danijel Subasic, Ivan Rakitic e Mario Mandzukic, mas novos astros, como Dominik Livakovic e Josko Gvardiol, surgiram para complementar o talento divino de Luka Modric. O destaque da campanha croata foi a eliminação do Brasil, um dos favoritos do torneio, a caminho da terceira colocação.
Japão
Quem ganharia o Grupo E: a tetracampeã Alemanha ou a Espanha, potência do século 21? O Japão ridicularizou a pergunta que todos se faziam ao ganhar dos dois gigantes e terminar como campeão do grupo. Também se tornou a terceira seleção na história da Copa do Mundo – e a primeira desde a Alemanha Ocidental em 1970 – a vencer dois jogos que estava perdendo no intervalo de jogo.
Destaques individuais
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Lionel Messi: Isto requer um artigo à parte e, felizmente, temos um. Confira o nosso resumo detalhado de todos os recordes nacionais e globais que foram reescritos por Messi no Qatar-2022.
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Kylian Mbappe: Com oito gols em sete jogos, o craque da França fez o maior número de gols em uma Copa do Mundo desde que Ronaldo alcançou a mesma marca em 2002. Mbappé também se tornou o quinto jogador na história do Mundial a marcar em duas finais diferentes, o primeiro a fazer três gols na decisão desde o inglês Geoff Hurst em 1966 e, com quatro gols entre as partidas decisivas de 2018 e 2022, se estabeleceu como o jogador que mais vezes balançou as redes na história do principal jogo do maior torneio do futebol.
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Lionel Scaloni: Aos 44 anos, o argentino se tornou o técnico mais jovem a ganhar a Copa do Mundo desde o compatriota César Luis Menotti, que tinha 39 anos em 1978.
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Yassine Bounou: O herói do Marrocos se tornou o primeiro goleiro africano a ficar três jogos sem sofrer gols em uma mesma edição da Copa.
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Olivier Giroud: O grandalhão francês só foi titular da França por conta de uma lesão sofrida por Karim Benzema antes do torneio, mas com certeza aproveitou ao máximo a oportunidade, marcando quatro vezes e alcançando os 53 gols pela sua seleção – dois a mais que o recorde anterior de Thierry Henry (51).
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Neymar: Em um torneio que acabou com lágrimas para o camisa 10 do Brasil, ele igualou a marca de Pelé de 77 gols e se tornou o maior artilheiro empatado da Seleção.
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Hugo Lloris: O capitão da França ultrapassou Lilian Thuram (142) como o jogador que mais partidas fez por sua seleção e se tornou o primeiro goleiro a alcançar a marca de 20 apresentações pela Copa do Mundo.
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Harry Kane: Com seus 52º e 53º gols pela seleção, o capitão inglês empatou com Wayne Rooney como o maior artilheiro da história da equipe.
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Ivan Perisic: Ele marcou um gol e deu o passe para outros dois da Croácia, registrando assim seis gols e cinco assistências nas últimas três Copas do Mundo. Somente o grande Messi pode dizer que marcou e participou de mais jogadas de gol (21 vezes) nesse mesmo período.
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Gonçalo Ramos: Estrela ascendente de Portugal, ele se tornou o primeiro jogador a marcar três vezes em sua primeira Copa do Mundo desde Miroslav Klose em 2002. Nenhum atleta fazia tantos gols em uma mesma partida desde Tomas Skuhravy na Itália-1990.
Fonte: FIFA