COP27: Indústria brasileira apresentará estratégias e soluções para crise climática
Publicado em 1 de novembro de 2022A Confederação Nacional da Indústria (CNI) vai participar, de 6 a 18 de novembro, no Egito, da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP27. O setor industrial vai apresentar a estratégia de sustentabilidade que tem contribuído para o Brasil avançar em direção a uma economia de baixo carbono, orientada por tecnologias limpas e processos produtivos mais eficientes, mostrando iniciativas concretas para enfrentar a crise climática global.
A indústria brasileira é considerada uma das mais competitivas do mundo quando se fala em sustentabilidade e emissões de gases de efeito estufa (GEE). O setor vem atuando com grande protagonismo para acelerar a implementação de estratégias, programas e tecnologias que contribuem para que o Brasil avance nas metas estabelecidas no Acordo de Paris.
No estande do Brasil na Conferência, serão apresentadas experiências bem-sucedidas de empresas que estão desenvolvendo estratégias de redução e neutralização de emissões de GEE, visando contribuir com os esforços globais de descarbonização. Os cases ilustram ações relacionadas aos quatro pilares da estratégia de baixo carbono estabelecidos pela CNI – transição energética, mercado de carbono, economia circular e conservação florestal.
O espaço também vai oportunizar discussões sobre questões relevantes para o país nessa temática, como financiamento de ações climáticas e novas tecnologias, entre as quais, o hidrogênio verde.
Programação da indústria na COP27
Os dias 15 e 16 serão os mais movimentados para a indústria na COP27, com atividades inteiramente dedicadas ao setor.
No dia 15, o Diálogo Empresarial para uma Economia de Baixo Carbono vai propiciar um ambiente de debates e troca de informações entre as representações empresariais brasileiras e estrangeiras, instituições financeiras e executivos. Os painéis vão discutir oportunidades de acesso às fontes de financiamento ao setor privado; oportunidades de negócios, investimentos e desafios para a transição energética no cenário global; experiências em baixo carbono dos setores industriais de outros países; e o Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira e regras de comércio contra o desmatamento. Além disso, sessões especiais vão discutir o status das negociações da COP27 e expectativas do setor privado global e a agenda de inovação para uma indústria resiliente e sustentável.
No dia 16, acontece o Brazilian Industry Day, oportunidade para aprofundar o debate acerca dos quatro pilares da estratégia de baixo carbono da CNI e apresentação de experiências bem-sucedidas das empresas brasileiras. A programação contempla cinco painéis, que serão transmitidos pelo canal da CNI no YouTube: ações para o desenvolvimento do mercado de hidrogênio verde no Brasil; as iniciativas da indústria para uma economia de baixo carbono; contribuições da indústria para a conservação florestal; neutralidade climática; e transição energética.
“Os prejuízos econômicos e sociais deixados pelos desastres ambientais, que incluem danos à saúde das pessoas e estragos na infraestrutura, desafiam os países e as empresas a adotarem estratégias ambiciosas de redução das emissões de gases de efeito estufa. A indústria brasileira está fazendo a sua parte, com investimentos expressivos na descarbonização dos processos de produção. Na COP, vamos reforçar porque o Brasil é tão competitivo quando se fala em economia de baixo carbono”, destaca o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Setores energo-intensivos como o de alumínio, cimento, químico, papel e celulose, vidro e aço são exemplo. Atualmente, as emissões de gases de efeito estufa dos fabricantes de cimento instalados no país são 11% menores do que a média mundial. O setor de papel e celulose, que destina 9 milhões de hectares ao cultivo de árvores para fins industriais, preserva outros 5,9 milhões de hectares de florestas nativas.
Entre 2006 e 2016, as indústrias químicas reduziram em 44% as emissões de gases de efeito estufa em seus processos industriais. No setor do aço, cerca de 12% da produção é obtida a partir do uso do carvão vegetal (baixa pegada de carbono). A indústria do vidro reduziu 100 mil toneladas de GEE por ano com a reciclagem de 400 mil toneladas do produto e cerca de 60% de todo o alumínio no país é reciclado.
Estratégia de baixa carbono da CNI é baseada em quatro pilares
Para que o Brasil avance na transição para uma economia de baixo carbono, a CNI definiu quatro pilares estratégicos – transição energética, mercado de carbono, economia circular e conservação florestal.
No caso da transição energética, o Brasil já se encontra em posição de vanguarda, com elevada participação de fontes renováveis de energia na matriz elétrica (84% da matriz elétrica brasileira é composta por energias renováveis), e segue em uma trajetória sustentável, ampliando cada vez mais o uso de fontes limpas como eólica, solar e bioenergia, além de apostar em novas tecnologias, como o hidrogênio verde.
O planejamento energético brasileiro aponta para a continuidade da expansão de fontes renováveis e o uso de biocombustíveis para manter a alta renovabilidade da matriz energética, além do estímulo ao desenvolvimento de novas tecnologias de baixo carbono e promoção de ações de eficiência energética.
Quanto ao mercado de carbono, a indústria defende o mercado regulado, no modelo cap and trade, pois oferece um ambiente mais flexível ao investimento, com segurança jurídica e regras mais claras, garantia de monitoramento e uma adequada governança. Isso permite que as empresas possam escolher qual a melhor estratégia e as quais medidas que precisam ser adotadas para reduzir as emissões de CO2, trazendo efetividade no objetivo maior, quando falamos em mudanças climáticas e a necessidade de reduzir os GEEs.
O pilar que trata de economia circular defende gestão estratégica dos recursos naturais, ampliando práticas como ecodesign, manutenção, reúso, remanufatura e reciclagem ao longo de toda a cadeia de valor.
E a ampliação das áreas sob concessão florestal no país, o fortalecimento do manejo florestal sustentável e o estímulo aos negócios voltados à bioeconomia são as diretrizes do pilar de conservação florestal, que inclui, ainda, uma ação mais efetiva de combate ao desmatamento ilegal e às queimadas, sobretudo na Amazônia.
Temas em negociação
Na COP27, os países devem definir aspectos relativos à implementação do Acordo de Paris, tratado que rege as medidas de redução de emissão de gases estufa, discutir e reavaliar os compromissos firmados e dar previsibilidade ao financiamento climático. A CNI participa das discussões da COP27 como membro observador, acompanhando todos os temas que estarão em debate. A expectativa da indústria é que as discussões dessa edição da COP girem em torno dos seguintes pontos:
Aquecimento global: continuidade das discussões sobre os compromissos e medidas concretas dos países para limitar o aumento da temperatura em 1.5° C.
Mercado de carbono: discussões sobre as regras, procedimentos e outras questões como a infraestrutura para o funcionamento do mercado global de carbono.
Financiamento: progresso na mobilização de recursos financeiros e efetiva contribuição de um piso de US$ 100 bilhões por ano proveniente dos países desenvolvidos.
Adaptação: evolução da agenda com foco no aumento do financiamento climático para ações de adaptação.
Transparência: definição de regras sobre as informações relativas ao cumprimento das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que são as metas definidas pelos países.
Metas do Brasil estabelecidas no Acordo de Paris
Reduzir em 37% as emissões de GEE até 2025 e em 50% até 2030 (tendo como base o ano de 2005)
Atingir a neutralidade climática até 2050
Zerar o desmatamento ilegal até 2028
Fonte: Assessoria