Valberto José
Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.
Conversão sem mudança de religião
Publicado em 4 de abril de 2023Quaresma é tempo de conversão, ensina a tradição católica; tempo também de medrar a prática da penitência, do jejum e da caridade. Na acepção de desavisados católicos, converter é mudar de religião. Dois amigos reptam esse entendimento e são exemplos de como mudar de vida, permanecendo fiel à Igreja que Jesus nos deixou.
Já conheci Rinaldo nos bancos católicos, convertido à nova vida ao lado da mulher amada. Quem vê o Rinaldo de hoje na sua austeridade religiosa não imagina o seu passado etílico, suas aventuras amorosas, cujo ápice foi ser surpreendido com outra no próprio leito conjugal pela companheira. Até gerou uma descendência bastarda.
A sabedoria da mulher e sua disposição ao perdão o fizeram mudar de vida, assumindo devotamente a prática católica. Desde então, é assíduo às missas, participa de encontros de casais e não falta ao Terço dos Homens de sua comunidade. Em função do trabalho da companheira e da disponibilidade dos filhos, passou a ir a duas missas semanais.
A reviravolta na vida de Rinaldo inspirou o seu amigo Lopito. Ao testemunhá-lo na assiduidade às missas, às noites de Terço masculino e rejeitando a bebida (esporadicamente toma uma taça de vinho), brincou: tu não és mais Rinaldo, agora és Bonaldo.
Hamilton é um exímio vendedor. O sucesso nas vendas lhe deu certo conforto, fazendo-o adquirir casa, carro etc. Todavia, o vício em bebidas e as paragens nas casas noturnas lhe tomaram quase tudo. Perdeu o emprego e, por pouco, não ficou sem a família.
A procura de aconselhamento com um padre foi o passo inicial de uma mudança de vida, após longa crise depressiva etílica. A consultoria espiritual derivou para confissão e a confissão resultou em conversão. Mudou radicalmente sua rotina, abandonando o vício e se integrando à igreja.
Meu amigo, então, passou a frequentar as missas dominicais e as novenas em Bodocongó, às terças-feiras. Mantendo-se firme no propósito de conversão, aceitou convite de um amigo do Terço dos Homens. Posteriormente se incorporou à comunidade do bairro em que mora, assumindo uma pastoral.
Desempregado, escapando com pequenas vendas de produtos que um amigo liberava, nada de melhorar financeiramente. A chave começou a girar quando Hamilton foi reinserido no antigo emprego, após insistentes pedidos de uma nova oportunidade.
Reintegrado na empresa, recuperou a clientela, equilibrou as finanças ao ponto de comprar um carro zero. Mantém-se firme na prática católica. “Graças ao bom Deus, hoje sou Hamilton com H”, agradece.