Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

CONTINUÍSMO

Publicado em 27 de dezembro de 2023

A Empresa Brasileira de Análise Política Estratégica (ARKO ADVICE), sediada em Brasília há mais de trinta anos – considerada como Centro de Inteligência da América Latina – divulgou ontem (26/12/2023) seu primeiro estudo sobre a realização das eleições municipais de 2024, mostrando um “retrato”, ou perfil do momento, com pouquíssimas chances de mudança durante o processo que se inicia a partir da próxima semana (01/01/2024), quando será instalado o micro período eleitoral.

Um estudo profundo, realizado durante meses com comparativos históricos de pleitos anteriores, força e carisma das principais lideranças envolvidas na disputa, além do grau de satisfação (individual) do eleitorado com seus representantes.

Murilo Aragão, um dos cientistas políticos que integra a ARKO ADVICE, monitora Câmara, Senado, Bancos, e as novas relações criadas entre o mercado e o Congresso Nacional, acertou em todos os prognósticos relacionados à postura do Parlamento e suas principais pautas – aprovadas e ou, rejeitadas – no ano legislativo que se encerrou em 22/12/2023. Como antecipou em diversas ocasiões, nenhum programa ou projeto do governo Lula (promessas de campanha) seria chancelado. Exceto as medidas econômicas (Marco Fiscal) e Reforma Tributária, de interesse das Casas Legislativas.

As eleições municipais de 2024 estão sendo observadas sob os mais diversos aspectos. Nas capitais e cidades acima de um milhão de habitantes, o eleitor apresenta uma feição cosmopolita, com forte tendência não só de permanecer, mas de recrudescer o radicalismo direita x esquerda, tendo como principais protagonistas as figuras de Jair Bolsonaro e Lula da Silva. Para tanto, as previsões indicam que o PT e PSDB elegerão no máximo um, dos prefeitos das capitais brasileiras. Já o MDB lidera este quadro futurista, com possibilidades de emplacar entre 03 e 06. Em segundo lugar, o PL de 02 a 05. Terceiro lugar o Podemos de 01 a 05. Quarto União Brasil, de 01 a 04. Quinto o Republicanos de 03 a 04. Sexto, o PSD também de 03 a 04. Sétimo Progressistas de 01 a 02. Empatados em oitavo lugar, PT e PSDB, no máximo 01.

O PT não terá candidato nos principais colégios eleitorais do País. Em São Paulo, apoiará o PSOL. Desde 1988, pela primeira vez a legenda trabalhista queima uma eleição na maior cidade do país. Rio de Janeiro, apoiará o PSB. E Belo Horizonte, PSD. Recife apoiará o PSB e somente no Rio Grande do Sul se aventurará com Maria do Rosário. Ainda em discussão, Fortaleza.

O temor do PT é sair menor nas urnas que em 2020, seu pior resultado histórico. Quanto ao PL, focará nos maiores redutos e fará composições com a direita e centro direita. O MDB, legenda mais antiga do País, surgida no período dos militares há 59 anos – diretórios em todos os municípios do Brasil – lançará 2.500 candidatos (cabeças de chapa). A estratégia é pulverizar a legenda (municipalista), abrigando e servindo como alternativa às oligarquias e tradicionais grupos alojados nos mais distantes grotões.

Com a aprovação do Fundão Eleitoral (4,9 bilhões), emendas parlamentares individuais, dobrando de 19 para 38 milhões de reais, a ARKO ADVICE estima a reeleição de 68% dos atuais prefeitos. Descarta a influência do governo petista nos pequenos redutos, e antevê uma vitória da direita-centro direita em larga escala. Sem levar em conta, a aprovação oscilante (para baixo) do presidente Lula. Os partidos que mais cresceram e renovaram seus quadros foram PL e Republicanos. Quanto ao PT, PSDB e PP, estagnaram. Sem a juventude e renovação, inexiste fato novo capaz de mobilizar as massas. O continuísmo ganhará força, e só após o pleito é que pode se estimar se ocorrerá em 2026 uma inversão: prefeitos puxarão as candidaturas presidenciais.