Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

CONSIGNADO DO FGTS: LULA VENDEU GATO POR LEBRE

Publicado em 25 de março de 2025

No final de janeiro último (2025), matéria veiculada sem destaque na grande mídia nacional registrava o endividamento galopante da população, atingindo 72% das famílias brasileiras, com pagamentos em atraso de serviços básicos, como fornecimento de água e energia.

A carga tributária dos governos estaduais e federal, cobrada sobre o consumo – contas de água e luz – nunca é observada pela população. O patamar mínimo do ICMS é 27,4%, acrescidos do COFINS do governo federal (6,44) e PIS/PASEP (Estado novamente) 1,18%. O consumidor é quem paga o PIS/PASEP, já descontados nos contracheques e salários dos trabalhadores formais e funcionalismo públicos. Infelizmente, tudo que o governo impõe, a população desinformada aceita sem protestar, nem judicializar tais abusos, criados por leis questionáveis.

Semana passada o Palácio do Planalto realizou uma grande solenidade com as presenças dos presidentes da Câmara, Senado, STF e dezenas de parlamentares da base aliada. O ministro das comunicações, cobrando reciprocidade, exigiu a presença da mídia profissional, aquinhoada com bilhões de reais, oriundos dos impostos pagos pelos contribuintes, para alavancar a popularidade do governo. Lula enganou o povo mais uma vez. Ao invés de desidratar a carga tributária, cortar gastos, extinguir 20 ministérios, criou um programa para os bancos tomarem o pouco que resta da poupança (forçada por lei) do trabalhador, seu FGTS. Autorizou, com apoio irresponsável do Congresso Nacional, o cartel dos bancos meter a mão, e tomar a única reserva futura do operariado.

Dia seguinte da solenidade (21/03/2025) a Caixa Econômica disponibilizou através de seu aplicativo simulações para contratação de empréstimos consignados do trabalhador formal. Exige como garantia 10% do seu saldo reserva do FGTS, e um termo de abdicação de seus direitos trabalhistas rescisórios, em caso de demissão. Estes valores seriam transferidos para os bancos, para quitarem o débito do consignado. Em 24 horas, 15 milhões de trabalhadores acessaram o aplicativo, congestionado. O Brasil, segundo o IBGE, tem 39 milhões de trabalhadores com carteiras assinadas. 40% deste contingente correu para o banco, em busca do empréstimo.

O triste episódio reflete a realidade do Brasil. Desespero dos endividados, à procura de dinheiro extra, sem analisarem o custo, juros e a redução do seu poder de compra. O desconto é direto na folha de pagamentos. Quem não está conseguindo sobreviver com o salário que percebe, como será mês seguinte, com o desconto adicional do consignado subtraindo seu salário? Um adágio popular explica o fenômeno: “quem está se afogando, agarra-se até com um tubarão”. Os juros são de 5,50% ao mês, 90,12% ao ano. Quem tomar emprestado 2 mil reais, pagará 3.900 reais em 12 parcelas. A PGR deveria ajuizar ação contra o governo e bancos por “crime de usura”.

A Fundação Getúlio Vargas reconheceu, no final de Janeiro (2025), que a inflação acumulada de um ano chegou a 9,25%, deixando claro que o IBGE e demais índices indexadores da economia estavam manipulando dados reais. Houve até uma paralisação no IBGE (novembro e dezembro de 2024) de funcionários de carreira da instituição que não aceitavam a metodologia enganosa imposta pelo petista radical Marcio Pochmann, economista completamente desacreditado nos meios acadêmicos.

Lula criou o “desenrola Brasil” levando 25% da população a ampliar a agiotagem. Tomaram dinheiro emprestado, pagando 10% ao agiota, para quitar sua dívida com o banco, na esperança de readquirir seu crédito e realizar novos empréstimos para quitar dívidas. Aí cabe a frase cunhada pelo ministro Barroso: “perderam, manés”.

Aposentados e pensionistas ficaram reféns dos agiotas, que seguraram seus cartões de saque. Possuído por uma perversidade sádica, Lula tentou recentemente o “desenrola rural”, para pequenos agricultores e o agronegócio. Não obteve êxito. Quem deu o calote foi o governo, que não pagou o seguro safra. Os bancos puseram-nos no SERASA.

A dúvida do leitor: se Lula está dando tudo aos bancos, por que a Faria Lima (centro financeiro do país em São Paulo) o rejeita? Seus executivos enxergam um calote geral em curto prazo, semelhante ao governo Sarney. Não adianta levar tudo agora e perder no dia seguinte o dobro do que supostamente ganhou.