Como usar o e-commerce pra vender para o exterior?

Publicado em 22 de fevereiro de 2024

“Dona de casa e empresária” é como se apresentam cerca de 10,3 milhões de brasileiras ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE). Juntas, elas somam 34,4% dos donos de negócios no país. Com tantas mulheres, vem muito potencial. De olho na oportunidade de preparar mais empresárias industriais para expadir a atuação ao exterior, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) criou o programa Mulheres Globais.


“Percebemos que não bastava apenas apresentar as ferramentas e os marketplaces, tínhamos de tratar as competências das empresárias para negociar e alavancar os negócios. Não estamos falando de um programa só de mulheres. O conhecimento do projeto vem de ambos os gêneros. Não se trata de times diferentes, de um lado homens e do outro mulheres, se trata de condições iguais para os dois negociarem e terem sucesso”, destaca especialista em Internacionalização da CNI, Sarah Saldanha.


A iniciativa, criada em parceria com a Agência Brasileira de Promoção e Exportações e Investimentos (ApexBrasil), envolve workshops, mentorias em grupo e mentorias individuais. O objetivo é definir as propostas de valor e os modelos de negócios das mentoradas, de acordo com o tema de cada etapa.

A primeira rodada do programa foi dividida em dois ciclos para indústrias de moda, cosméticos, alimentos e bebidas, com o tema “E-commerce como estratégia de expansão”. Em workshop realizado em São Paulo no último dia 6, representantes de grandes empresas, como Bauducco e BRF, e especialistas em comércio exterior compartilharam experiências e conselhos para a inserção de novos negócios brasileiros no mercado internacional.

Agência de Notícias da Indústria trouxe as principais dicas da especialista em Transformação Digital com foco em e-commerce Paula França, e as experiências e conselhos de grandes indústrias alimentícias, como a Bauducco e a BRF.

“E-commerce é uma maneira digital de fazer negócios. Não é um negócio totalmente digital, sem pessoas” – Paula França, especialista em comércio eletrônico

Mapa para navegar no mundo do e-commerce

Por eliminar as barreiras físicas, o comércio eletrônico oferece acesso a consumidores globais e a expansão da presença de uma marca em outros mercados. Mas, para não se perder nesse mundo, a primeira dica é ter clareza dos objetivos desejados.

“Tenho uma marca sólida e quero apresentá-la para o mercado; ou quero expandir meu negócio para outros estados brasileiros ou para outros países. O primeiro passo é definir esse objetivo, pois com base nele podemos criar um plano estratégico”, exemplifica Paula França.

Em seguida, é preciso definir o mercado alvo e estudá-lo: os concorrentes, as regulamentações, os certificados, as normas de qualidade nacionais e internacionais, os riscos e as transações financeiras que serão feitas.

Com tudo isso em mãos, vão aparecer os desafios do comércio eletrônico. Confira as dicas da Paula para lidar com eles!

1. Gestão de estoque e capacidade operacional

“Quando uma empresa decide entrar no comércio digital, ela tem que definir qual grupo de produtos inserir nesse canal. O ideal é que seja o que tem mais controle e mais capacidade operacional. Aquele produto que não depende de sazonalidade, tem produção frequente e não é um desafio”, explica a especialista.

2. A escolha do canal de vendas

Na hora de escolher onde ofertar um produto, é necessário garantir altos padrões de segurança, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) do Brasil; adotar métodos seguros de pagamento e assim transmitir confiança ao cliente; e disponibilizar informações detalhadas como os ingredientes/insumos, a história de criação daquele item, para aproximar o cliente da marca e do produto.

3. Marketing e comunicação

Para além de produzir algo, uma empresa precisa pensar em como conquistar o consumidor. No caso do e-commerce, em que não é possível experiementar o sabor ou sentir o cheiro de um produto, uma boa estratégia é usar e abusar do marketing e da comunicação.

“Canais de divulgação podem e devem ser usados para apresentar os itens, mas também para mostrar os serviços da marca. Serviço não é só a entrega do produto. É mostrar como ele pode ser potencializado, é se adaptar ao idioma e ao vocabulário do mercado em que pretende se inserir, é oferecer atendimento claro e rápido em caso de dúvidas”, detalha Paula França.


“Você precisa se preparar para atender o cliente. Saber falar ou ter algum profissional que fale o idioma do país, pois isso está ligado também à exatidão das informações e à confiança; e checar o fuso e qual horário certo para conversar com esse cliente também são outros pontos estratégicos para uma comunicação de sucesso”, complementa a especialista.

O que as grandes empresas podem te ensinar?

Estar no comércio virtual internacional não é um desafio só para novos entrantes ou pequenas empresas. Gigantes da indústria de alimentos e bebidas também traçaram trajetórias próprias e têm muito a compartilhar com quem vai dar esse passo agora.

Para o gerente de produtos da BRF, João Maldonado, ter bons parceiros e dar passos estruturados são pré-requisitos básicos.

“Temos bons parceiros para facilitar esse processo (de expansão) como a CNI e a ApexBrasil. Não procure atalhos. Se precisar da certificação, de uma documentação, espere. Faça o certo desde o início para não ter maiores prejuízos depois”, aconselha Maldonado.

Antigo parceiro de trabalho e atual concorrente no ramo alimentício, o gerente sênior de e-commerce da Bauducco, Nicholas Rivelli, destacou a importância de estudar o mercado e o público-alvo. A Bauducco tem mais de 70 anos de história, então, assim como a BRF, a empresa já tentou, errou e acertou várias vezes até encontrar a forma ideal de buscar mercados além do brasileiro.

“Toda cena de consumo é diferente. Às vezes, a forma de consumir não é a mesma em outro país. As cores, as imagens, as traduções precisam levar isso em conta. É válida toda preocupação, seja aqui ou no exterior, que a marca seja reconhecida, mas que também esteja alinhada com o consumidor final. Ouça o seu cliente, pelo SAC ou pelas redes sociais, busque os feedbacks para aprimorar a entrega, a embalagem, o seu produto”, explica Rivelli.

Sobre o programa

Realizado pela Rede Brasileira de Centros Internacionais de Negócios (Rede CIN), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção e Exportações e Investimentos (ApexBrasil), o programa foi criado para promover o e-commerce como estratégia de expansão e internacionalização, desenvolver competências em Gestão e Marketing Digital, além de definir proposta de valor e modelos de negócios com foco no comércio eletrônico internacional.

Todo conteúdo abordado nos encontros é disponibilizado para as participantes, bem como um plano de negócios para e-commerce internacional baseado na Metodologia Business Model Canvas elaborado durante as mentorias. No final do programa Mulheres Globais, as empresárias brasileiras estarão habilitadas para atuar no comércio virtual.

Conheça a Rede CIN

Coordenada nacionalmente pela CNI, a Rede CIN promove a internacionalização das empresas brasileiras por meio de um conjunto de serviços customizados às necessidades.

Presente nas 26 federações de indústria dos estados e do Distrito Federal, a iniciativa conta com especialistas de comércio exterior que desenvolvem soluções encadeadas e complementares para os diversos níveis de maturidade das empresas brasileiras. Quer saber mais? Acesse o canal da Rede CIN.

Fonte: Assessoria