CMCG entrega maior honraria da cidade a Marinho, que lembra com carinho e saudade de Antonio Carvalho, autor da propositura

Publicado em 28 de março de 2023

A Câmara Municipal de Campina Grande realiza nesta quarta feira (29) às 19 hs. sessão solene em plenário para homenagear com a maior honraria do Município – Medalha de Honra ao Mérito Municipal – o jornalista e ex-vereador da Casa, Marcos Marinho.

A propositura data de setembro de 1995, foi de iniciativa do saudoso ex-vereador Antonio de Carvalho Souza, ex-prefeito de Campina Grande na gestão Ronaldo Cunha Lima, e a sessão de agora foi solicitada à Mesa Diretora pelo vereador Olímpio Oliveira, fazendo parte das comemorações dos 70 anos de vida do homenageado.

Marinho justifica a demora para receber a homenagem: “na verdade, fiquei lisonjeado pelo gesto de Carvalinho, a quem sempre admirei e tive como bom amigo, mas não me sentia com as qualidades necessárias para tão honroso mérito. Hoje, entretanto, a opinião mudou um pouco, pois na condição de vereador com assento na Casa Félix Araújo, amparado no voto de 2.235 campinenses, prestei relevantes serviços à minha cidade e ao seu generoso povo e agora posso erguer feliz a cabeça e agradecer de coração o carinho do recebimento de tão valioso documento”, disse ele.

Marcos Marinho é jornalista profissional há mais de cinco décadas e iniciou seu mister como repórter do Diário da Borborema, migrando seis meses depois para o novo jornal da cidade – Jornal da Paraíba -, lá integrando a equipe de fundação ao lado de nomes históricos do jornalismo paraibano, como o seu irmão Ismael Marinho Falcão, Nilo Tavares, Josusmá Coelho Viana, Robério Maracajá, Wiliam Tejo, Vespaziano Ramalho, José Levino Filho, dentre outros.

Antes de ir morar em São Paulo, onde chegou a atuar na Editora Abril Cultural, na IOB Informações Objetivas editando o Diário Legislativo, nos jornais Metrô News e Folha Metropolitana, além de trabalhar como repórter free-lancer na ‘Folha de São Paulo’ e em ‘O Estado de São Paulo/Jornal da Tarde’, Marinho galgou todas as posições hierárquicas do JP, chegando a ser editor-Chefe durante a administração do empresário Humberto Almeida.

Retornando da capital paulista, Marcos Marinho aceitou convite de Edvaldo do Ó para ser o primeiro editor da ‘Gazeta do Sertão’, de onde saiu para assumir a função de Secretário Executivo da recém criada Bolsa de Mercadorias da Paraíba, tendo sido responsável pela sua efetiva instalação depois de receber valiosos subsídios da Bolsa de Mercadorias de São Paulo, onde o presidente José Ulpiano de Almeida Prado e diretores o recepcionaram com distinção ajudando sobremaneira a consolidar o empreendimento pioneiro da Paraíba.

Marinho outra vez deixou Campina Grande e foi morar em Brasília, a convite do deputado federal Raymundo Asfóra, lá ficando na Chefia do Gabinete durante os quatro anos do mandato do saudoso parlamentar.

Convidado para ser Secretário-Chefe da Casa Civil do então eleito Vice Governador Raymundo Asfóra, Marcos Marinho voltou ao Estado, mas a morte do amigo mudou a história e, embora o governador Tarcisio Burity o tenha nomeado para o cargo prometido, seis meses depois ele entregou a função e voltou a Campina Grande quando, no jornalismo, recebeu a incumbência de substituir, no Diário da Borborema, um dos maiores ícones da nossa imprensa, Epitácio Soares, passando a escrever o editorial da publicação na vaga aberta com a morte do ‘velho Pita’, como assim era chamado Epitácio pelos seus confrades.

Cansado das redações dos jornais, dirigidos muitas vezes por empresários que nada entendiam de jornalismo, Marcos Marinho decidiu criar o seu próprio veículo e, associado ao saudoso professor de jornalismo Atalmir de Araújo Guimarães (MICA), fundou APALAVRA, que ainda hoje faz história em defesa dos legítimos interesses de Campina Grande.

QUEM FOI CARVALHINHO 

O autor da homenagem a Marcos Marinho, Antonio de Carvalho Souza era filho de de Antônio Vicente Correia de Souza (funcionário público) e Maria José de Carvalho Souza (professora), sendo o único homem de uma família com mais cinco irmãs. Ainda com um ano de idade, em decorrência da transferência do seu genitor, passou a residir em Serra Branca. No Cariri paraibano, cresceu e estudou até a 5ª Série. Com o intuito de continuar seus estudos, migrou aos 14 anos para Campina Grande, onde prestou o exame de admissão, cursou Ginásio e Científico no Colégio Pio XI, ao mesmo tempo em que trabalhou como contínuo em um escritório de contabilidade e, posteriormente, na Casa Bancária Magalhães Franco.

Após concluir os estudos, mudou-se para o Recife, cursou Contabilidade e trabalhou na Esso Distribuidora de Produtos Petrolíferos, por três anos. Aprovado no concurso do Banco do Brasil, tomou posse na cidade de Palmares e após um ano, foi transferido e fixou definitivamente residência em Campina Grande.

Em 1957, casou-se com Maria da Guia Lima Sousa, sua namorada há oito anos. Desta união nasceram seis filhos: Marcos Antônio Lima Sousa, Ana Lúcia Lima Sousa, Alexandre José Lima Sousa, Rosemary Sousa Cunha Lima, Magnólia de Lima Sousa Targino e Ricardo César Lima de Carvalho Sousa.

Em sua carreira de bancário, assumiu várias funções, com destaque para os exercidos na Carteira Rural – seção onde possuía especial satisfação em atender as pessoas mais humildes. Ao mesmo tempo, engajou-se nas entidades de classe como Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) e Sindicato dos Bancários de Campina Grande, onde exerceu por três mandatos sucessivos o cargo de presidente, obtendo atuação marcante como líder sindical na Ditadura. Sua expressividade e coerência como líder da classe bancária o levou a representar os empregados nas Juntas de Conciliação e Julgamento de Campina Grande, na função de vogal (juiz classista), por nove anos.

Paralelamente ao trabalho no Banco, no Sindicato e na Justiça do Trabalho, cursou Bacharelado em Direito, na Universidade Regional do Nordeste (URNE), quando como orador representou aquela turma pioneira. Logo após concluir sua graduação, passou a lecionar Direito do Trabalho e Direito Previdenciário na própria URNE (atual Universidade Estadual da Paraíba – UEPB).

Como atuante da Igreja Católica participou de movimentos voltados à formação cristã e social, tais como: Pastoral Operária, Movimento Familiar Cristão e Movimento de Cursilhos de Cristandade (MCC). Na qualidade de membro fundador do MCC em Campina Grande, atuou como seu coordenador durante anos.

Aposentou-se em 1982, com o propósito de dedicar-se ao ensino Universitário, ao trabalho pastoral na Igreja Católica e a Fazenda Grossos, terras de sua propriedade, na qual exercitava sua afinidade com as tarefas do campo e a identidade histórica, familiar e afetiva das terras do Cariri.

CARREIRA POLÍTICA 

Em 1982, Antônio de Carvalho Souza foi convidado a candidatar-se a vice-prefeito na chapa oposicionista na convenção do PMDB, encabeçada por Ronaldo Cunha Lima. A indicação do seu nome ocorreu como consequência natural de suas atividades como líder sindical e religioso.

Como vice-prefeito, fez questão de exercer o cargo de forma atuante. Assumiu a titularidade por mais de 30 vezes, numa destas ocasiões por mais de 70 dias ininterruptos, sendo considerado o vice-prefeito que assumiu por mais vezes o mandato de prefeito, como citado no programa nacional Show Sem Limite. Esta foi uma marca histórica da atuação de Carvalhinho, sua ação cotidiana, técnica, conciliadora e dedicada à causa pública marcou e inaugurou a figura de um Vice atuante e sintonizado com o titular.

Entre os tantos feitos, participou da idealização e reconstrução do palco do maior São João do Mundo, o Parque do Povo.

Em 1988, candidatou-se a vereador novamente pelo PMDB, quando obteve expressiva votação (1.971 votos). Assumiu a legislatura municipal em 1989 e exerceu seu mandato por três anos e meio; Na Câmara atuou como primeiro Secretário da Casa ( 1989/1991) e líder do Governo Municipal, na primeira gestão do então prefeito Cássio Cunha Lima, entre 1991 e 1992, quando renunciou ao mandato para voltar a atuar como Juiz classista no Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região.

Em 1990, foi agraciado com a Comenda da Ordem do Mérito Judiciário Trabalhista, concedida pelo Tribunal Superior do Trabalho – TST, no grau de comendador – honraria que se destina a homenagear pessoas que tenham se distinguindo através de sua atuação na Justiça do Trabalho. Em 13 de março de 1994, faleceu vitima de um linfoma, contra o qual lutou por três anos.

Como pequena forma de reconhecimento, existem uma rua na cidade de Campina Grande, no bairro da Liberdade (onde situa-se o Fórum Afonso Campos), e um Centro Profissionalizante (Cepacs).

Fonte: Da Redação