Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

CÍCERO NA FEIRA CENTRAL DE CAMPINA FOI LANÇAMENTO DE CAMPANHA PARA O GOVERNO DO ESTADO

Publicado em 8 de abril de 2025

Não foi uma simples conjectura, exercício de futurologia, coincidência ou turismo. Cícero Lucena, acompanhado do ex-candidato a prefeito de Campina Grande, Jhonny Bezerra, esteve visitando a feira central no último sábado (05/04/2025). Indubitavelmente, foram os primeiros movimentos de sua pré-candidatura ao governo do Estado. A provocação é proposital, com intuito de gerar reações, polêmicas e estremecimentos no núcleo governista, onde existem dois outros postulantes. O atual vice-governador, Lucas Ribeiro, e o presidente da ALPB Adriano Galdino – há dois anos subindo e descendo ladeiras por toda a Paraíba – esperando do governador João Azevedo a manifestação pública de apoio ao seu projeto.

As peças aos poucos vão se encaixando. Quando Cícero foi reeleito, esmagando seu adversário com uma maioria acima das expectativas, dia seguinte postamos um texto sobre sua candidatura ao governo. É o único candidato da preferência de João Azevedo, e seu núcleo palaciano. Quem não sonha em ser prefeito de sua terra natal? Cícero governador, João prefeito. Em seguida, Cícero Senador, João governador novamente. Porém, o sucesso desta empreitada requer a construção de uma ampla aliança, acomodando todos. Tarefa difícil, pois não se faz omeletes sem quebrar ovos. Começando pelo partido do próprio Cícero Lucena (PP). Como acomodar Lucas e Aguinaldo? Para Cícero ter garantias – renunciar seu mandato – terá que trocar de legenda, e João Azevedo permanecer à frente do governo comandando a campanha. Que segurança terá Cícero permanecendo no PP? Efraim Morais, que é pré-candidato da oposição, garante que ficará no comando da sigla. Aguinaldo diz que não cederá. Nesta briga de “cachorro grande” acreditamos mais em Efraim. Ciro Nogueira ganhará um Senador, e se livrará de Aguinaldo e sua rebeldia.

Qual o argumento para acomodar o deputado Adriano Galdino? Nas entrelinhas, sempre deixou pistas, que só abriria mão de sua candidatura se fosse para Hugo Motta. Este, dificilmente arrisca ficar sem mandato, como Henrique Eduardo Alves (MDB-RN), pai das Emendas Impositivas. Foi empurrado por Lula e mais onze partidos para disputar o governo do RN. Perdeu no segundo turno para Robinson Farias, por oito anos ininterruptos presidente da ALERN. Até hoje não encontraram uma explicação lógica para a inimaginável derrota. Hugo Motta no momento está sendo pressionado pelas ruas, STF, governo e partidos da direita que o elegeram. Se no ano vindouro estiver bem avaliado renovará seu mandato para permanecer influente na “Corte” do Poder Central.

Imaginar que a vinda de Cícero Lucena a Campina Grande foi um ato espontâneo e sem conhecimento do governador João Azevedo, é pura ingenuidade. O vice Lucas Ribeiro estava ao seu lado? E Enivaldo Ribeiro, tomou conhecimento? São todos da mesma agremiação partidária. Ninguém melhor que Enivaldo para “ciceroneá-lo” na Rainha da Borborema. Quanto à Jhonny Bezerra, convidou o deputado federal Murilo Galdino – seu coordenador da campanha de 2024 – para acompanhá-los?

A última vez que Cícero Lucena esteve em Campina Grande, começando suas visitas pela feira central e estendendo-as aos botecos dos bairros da cidade, estava acompanhado do saudoso amigo, ex-vereador Paulo de Tarso. Era candidato a Senador da República, enfrentando Ney Suassuna, apoiado pelo prefeito Veneziano Vital do Rêgo e seu irmão Vital Filho, disputando uma vaga para deputado federal. Vital Filho foi o campeão de votos no Estado, e Ney perdeu para Cícero Lucena.

Aguardemos os efeitos da Terceira Lei de Newton, princípio da Ação e Reação. A presença de Cícero em Campina balançou a “Corda de Caranguejos”. Se caírem, brigam nas areias.