Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

CÍCERO LUCENA NÃO VAI PENDURAR AS CHUTEIRAS

Publicado em 1 de fevereiro de 2025

Prefeito de João Pessoa Cícero Lucena, quarto mandato à frente dos destinos da Capital do Estado, maior colégio eleitoral da Paraíba, fenômeno “Fênix” que ressurgiu das cinzas em 2020, vive o melhor momento de sua carreira na vida pública, após vitória acachapante nas últimas eleições municipais (2024). O velho “alquimista” se superou. O único na história política da Capital que após uma derrota voltou triunfante. Ricardo Coutinho e Luciano Cartaxo tentaram, porém não lograram êxito.

Dois anos antes (2022) exibiu – poucos perceberam – sua crescente “musculatura política” quando elegeu seu filho, Mersinho Lucena, deputado federal.

Ouvimos dois companheiros da mídia pessoense, que integram o nosso restrito clube de “jurássicos”, ainda em atividade: Padre Albeni e Maurilio Batista.

Questionamos ambos sobre o futuro político do prefeito Cícero Lucena, se permanecerá ou não na vida pública. Disseram que sim. Como? Renunciará o comando da Capital em Abril de 2026? Neste caso, resta-lhes apenas 14 meses de gestão. Se permanecer e concluir seu mandato, terá que aguardar o distante 2030, numa conjuntura inimaginável no momento.

Segundo Padre Albeni – “ouvinte de bastidores” – detentor de informações privilegiadas, a figura de Cícero Lucena se emoldura no quadro das pretensões do governador João Azevedo. Acredita que João permanecerá no governo e apoiará Cícero Lucena para sucedê-lo. Em troca, realizará seu sonho: após governar o Estado, encerrará sua vida pública como prefeito de sua terra natal, João Pessoa. Faz sentido. Entretanto, mudará todo o cenário do momento. Inevitavelmente haverá dispersão.

Maurílio Batista, amigo íntimo de Cícero Lucena, diverge da opinião de Padre Albeni. Crê na candidatura de Cícero Lucena para o Senado federal. Se eleito, permaneceria por oito longos anos no Congresso, com possibilidades de, em 2030, disputar o governo do Estado. Neste aspecto, o desafio é bem maior. Terá que derrotar Daniella Ribeiro, ou até mesmo o próprio João Azevedo, caso tenha a verdadeira intenção de disputar uma das duas vagas para o Senado. Uma, está praticamente garantida. O retorno de Veneziano Vital do Rêgo. Projeto das principais legendas de oposição ao governo e a João Azevedo. Questão de honra para o Clã Cunha Lima.

A candidatura de Cícero Lucena ao Governo do Estado, com apoio do governador, desarticula completamente toda a engenharia política dos partidos de esquerda e provavelmente de centro, que orbitam em torno do Palácio da Redenção. Dificilmente o PT, PCdoB, União Brasil, apoiarão Cícero. Ex-PSDB, que sempre derrotou as esquerdas radicais. O União Brasil tem ligações estreitas com os Cunha Lima, representados por Bruno, Romero Rodrigues, Rui Carneiro, Família Gadelha…

Correndo por fora, paradoxalmente disputando a mesma maratona, vem o PL. O anúncio passou despercebido pela mídia. A legenda continua cometendo o mesmo erro claudicante, que perdura desde 2022. Enfrenta dificuldades para atrair formadores de opinião. Seu presidente Marcelo Queiroga lançou o Pastor Sérgio Queiroz para o Governo do Estado. Se tem um candidato a governador, terá também dois para o Senado.

Na ala governista, são muitos caciques para poucos índios. Na oposição, a expectativa é um racha no governo, e atrair um bom nome, para vencer o pleito.