Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

Cenas de uma devoção maternal(I)

Publicado em 8 de novembro de 2024

Aquele gesto sacerdotal na abertura do Retiro Anual das Equipes de Nossa Senhora me fez evocar um passado histórico de fé e me reanimou à prática de uma devoção que minha mãe, aos 84 anos, procura preservar. Desde pequeno eu a acompanhava nas suas peregrinações às novenas em Bodocongó, mas desde a pandemia não frequentava o agora santuário.

Terminada a missa de abertura do retiro, realizado no final de setembro no Marista, em Lagoa Seca, foi servido um lanche. No refeitório, bonito adorno indicava a mesa que cada casal, além do padre pregador, deveria permanecer nas refeições servidas durante os dias de encontro.

Ficamos na fila, preparamos o lanche e voltamos para o nosso cantinho; pouco depois, veio o sacerdote com seu farto lanche, driblou sua mesa, e pediu para sentar conosco. Padre Felipe foi logo confirmando ser redentorista e que se encontra em Campina Grande a apenas oito meses, vivendo, contudo, um período aqui quando seminarista.

A alegria de ter um sacerdote comendo conosco dobrou ao saber que ele é da tradicional igreja de Bodocongó. Contei-lhe de quando pequeno minha mãe me levava às terças-feiras para a novena, de sua disposição em vir, a pé, quando residia no sítio distante. Confirmei-lhe que, adulto, continuei essa tradição, lamentando tê-la quebrado na pandemia.

Esse instante comensal com o padre Felipe Serafim me reacendeu a chama devocional apagada e, a partir da terça seguinte, voltei a sentar nos bancos da Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Junto com a amada e, claro, Dona Cleonice, que está muito feliz em poder vivenciar esse momento sagrado.

Na última semana, foi o Discernimento (escolha do casal que coordenará nossa equipe de base em 2025), também oportunidade de apresentar minha mãe aos equipistas que não a conheciam.

– Esta, eu pequenininho, já me trazia para rezar a novena aqui”, disse, apresentando-a a uma irmã de movimento. “Eu, com 17,18 anos já trazia Valberto para a novena”, confirmou Dona Cleonice, me levando a atentar a um detalhe que nunca imaginara: no ventre de minha mãe eu já “rezava” a novena de Bodocongó.