Valberto José
Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.
Casa de tia em sítio só não é melhor do que casa de avó
Publicado em 14 de junho de 2023Casa de Tia Biu, na zona rural de Livramento, em foto enviada por Flávia Jordânia, tirada num final de tarde, evidenciando as poucas chuvas na região
A minha infância feliz deve-se em parte a morar vizinho à avó paterna e à passagem de férias escolares no sítio da avó materna. Localizada na zona urbana, a casa da mãe de papai tinha ligeiramente um aspecto rural na sua frontaria, embora sem alpendres, com uma porta no meio, ladeada de duas janelas à esquerda e duas à direita, dimensionando a largura da sala que arranchava os tropeiros que vinham do Cariri negociar na Feira Central até os anos de 1970.
Após a partida eterna de Dona Aurora, em 1977, os herdeiros de meus avós não resistiram à especulação imobiliária, vendendo o terreno que margeava a Almirante Barroso e a hoje Dinamérica, apressando a demolição da casa. Papai e os filhos de uma irmã sua, já falecida, mantiveram morada naqueles logradouros, mas Tia Biu e o marido compraram terra no município de Livramento, terra boa, mas que sofre os efeitos da inconstância anual das chuvas.
Sem Madrinha, como eu chamava minha avó, Tia Biu passou a ser a referência familiar paterna, mesmo distante, com sua ternura, sua paciência e sua “bondade inesgotável”. Sempre que tínhamos oportunidade, rumávamos para o sítio nos confins do Cariri paraibano, quase limite com o Pajeú pernambucano.
Lá, recordávamos as ações e os mimos de minha avó, particularmente o “cancão” (bolo de feijão com farinha e graxa feito com a mão) quando estava almoçando. “Deixe de ‘fado’, menino”, dizia, diante da insistência do neto pedindo mais. Nunca vi Tia Biu zangada e a união com Tio Chico, seu marido, era admirável.
Voz grave, sério, de pouco riso, “Tichico” tinha uma veia humorística estilo Tiringa, sem a zanga fechada do companheiro de Charlles. Certa vez cheguei lá, Tia Biu perguntando por todos, familiares e vizinhos, que deixara na Rainha da Borborema, quis saber sobre uma irmã minha, conhecida por sua magreza. “Mas tá magra, magra, tão magra, tia Biu”, fiz o espanto. “Está magra ou acabou-se?”, reagiu o homem.
Na casa de Sinhá, minha avó materna, no Sítio Cajazeiras, vivenciei momentos maravilhosos na minha infância. As fogueiras, o leite cru no curral ordenhado pelo meu avô Zé Paulino, jogar bola com o tio Clemilcio, os carinhos das tias Rita e Neném… Todos os avós se foram, também Tia Biu e “Tichico”.
Na última sexta-feira, voltei ao sítio da tia querida, hoje sob os cuidados dos primos João e Lúcia, passando a noite, ainda com tempo de tomar o leite cru. Para chegar em Livramento, tive que ir servindo de guia turístico de um casal paulista, por Catolé de Boa Vista, avistando, da estrada agora asfaltada, a casa de minha avó materna. Nesta época de festas juninas, como me deu saudades! Saudades da casa de Dona Aurora, saudades da casa de Mãe Sinhá, saudades da casa de Tia Biu.
PARAIBANOS BISPOS
O bispo de Garanhuns, Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, foi nomeado arcebispo de Olinda e Recife, substituindo Dom Fernando Saburildo, que renunciou ao governo da arquidiocese, por motivo de idade. O novo arcebispo é natural de São José de Espinharas, na Paraíba, nascido no dia 17 de abril de 1969.
Antes, em 31 de maio passado, outro paraibano, radicado na Bahia, foi promovido a bispo naquele Estado. Trata-se do Cônego Juraci Gomes de Oliveira, que veio ao mundo no dia 19 de agosto de 1956, em Catolé do Rocha, e vai assumir a Diocese de Amargosa.