Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
CAMPINISMO: UMA IDEOLOGIA SUPRAPARTIDÁRIA
Publicado em 11 de setembro de 2023O simbolismo deste registro fotográfico indica a possibilidade de Campina Grande retomar sua trajetória de grandeza – acima das disputas partidárias – e voltar a trilhar caminhos que transformaram uma cidade do interior nordestino, a partir dos anos vinte, do século XX, no maior centro comercial e de desenvolvimento do País, desafiando pré-requisitos geográficos, por se localizar distante das margens dos grandes rios, lagos e litoral, onde se assentaram as grandes civilizações da história.
O milagre do crescimento de Campina Grande foi a chegada do trem (ferrovia) em 1912, que permitiu o escoamento de um grande entreposto comercial em formação, com uma população de cinco mil habitantes. Oito anos depois (1920) surpreendia o Estado e o País, acomodando dentro de um formato urbanista desordenado 80 mil habitantes. A cidade vivia seus dias de “corrida do ouro”, paradoxalmente, sem dispor de sítios de mineração.
Senador Veneziano Vital do Rego, ao lado de Arthur Almeida (Bolinha), comemorando o 98º aniversário de fundação do Treze Futebol Clube, intuitivamente protagonizaram um instante “mágico” redivivo, trazendo de volta a visão de seus ancestrais, cujo propósitos convergentes eram tornar Campina, grande.
No meio político, se constrói e se destrói sonhos e projetos que norteiam as gerações futuras. Quando usado de forma errada, o partidarismo passa a ser predatório e danoso. Divide, subtrai e atrofia as inteligências brilhantes, levando-as a abominarem a “convergência”, causa nobre e locomotiva do progresso. Sempre houve disputas políticas renhidas na Rainha da Borborema. Passado o pleito, se reestabelecia a paz, através das entidades associativas: Agremiações Esportivas, Maçonaria, Rotary Club, Lions Clube, Associação Comercial, CDL, FIEP…Até as SAB’s – Sociedades de Amigos dos Bairros.
A cidade cresceu e estourou economicamente até o final dos anos sessenta. Na guerra do Argemirismo x Cabralismo, que se revezavam no poder político desde 1945, teve como vitorioso súditos da Rainha da Borborema.
Arthur Almeida (Bolinha) foi candidato em 2022 a vice-governador, na chapa encabeçada por Nilvan Ferreira (PL). Senador Veneziano Vital do Rego disputou o cargo de governador pelo MDB. Ambos não chegaram ao segundo turno. Ficou patente o divisionismo da cidade – com quatro postulantes em chapas majoritárias – pleiteando o governo do Estado. Logrou êxito um “Pessoense”. Faltou diálogo na linguagem do esquecido dialeto “Campinismo”.
Conversando com o professor Emir Candeia – cerca de um ano atrás – abordamos o sono profundo que deixou Campina Grande inerte e adormecida durante as últimas três décadas. Não procuramos nomear culpados, buscamos identificar causas e efeitos. Chegamos à conclusão que as divergências político/partidárias insanas, triunfaram. Campina Grande foi derrotada.
Caímos no ranking que nos posicionava como a maior cidade do interior do Norte/Nordeste. Mas, ainda dispomos de ferramentas suficientes para voltar a crescer. Duas grandes Universidades Públicas (Referência regional em Educação), diversas Universidades privadas, capitaneadas pela gigante UNIFACISA; maior centro médico do interior, com dez grandes hospitais; Parque Tecnológico (o primeiro do Brasil), sede do Instituto do Semiárido… Com vontade política, seremos capazes de reindustrializá-la e devolvê-la à sua posição como centro abastecedor da região envolvendo o RN, CE, PE, PI.