Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

CAMINHOS OPOSTOS 

Publicado em 8 de maio de 2023

No mesmo dia em que Lula embarcou para Londres (05/05/2023) na condição de um, dos dois mil convidadas para a coroação do Rei Charles III, o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira tomava destino rumo aos Estados Unidos, convocado para um encontro com as elites econômicas da maior superpotência do planeta.

Enxadristas experientes observam com curiosidade movimentos ousados de peões e cavalos sobre o tabuleiro, mas não arriscam palpites sobre os próximos e sucessivos xeques que a Câmara dos Deputados executará, para encurralar o Governo e deixá-lo diante da perspectiva de um fim de jogo.

Após sua posse Lula já esteve nos Estados Unidos, como Chefe de Governo e convidado oficial de Joe Biden, de quem só conseguiu arrancar uma promessa vazia para o Fundo da Amazônia de 52 milhões de dólares. Lula não teve agenda econômica com os grandes empresários, banqueiros e investidores em projetos de longo prazo.

China, Portugal e Espanha foram visitas que só renderam dissabores para a diplomacia brasileira, hoje perplexa e sobressaltada com a possibilidade de ser enxergada dentro de um contexto “diferenciado” – rebaixamento pela comunidade internacional – em função da retórica improvisada de Lula, sugerindo radicalismo e posicionando-se pela “desdolarização” do gigante comércio internacional.

A maior de todas as surpresas (desatino total) foi em 1º de maio, dia do trabalhador. Lula foi fotografado para o mundo todo num evento das Centrais Sindicais, ladeado por petistas radicais doutrinados pelo comunismo, vestido de “Guayabera”. Uma espécie de camisa/túnica, que faz referência ao alinhamento ideológico ao regime cubano. Traje usado por Fidel e Raúl Castro, Evo Morales; Maduro; Daniel Ortega…

A reação do grande capital foi imediata. A Câmara dos Deputados derrubou um Decreto Lei de Lula – de cunho estatizante – que alterava regras e criava obstáculos para entrada dos grandes investidores internacionais no processo de concessões, construções e explorações de um colossal sistema de saneamento básico e esgotamento sanitário em todo o País. Empreendimentos com retorno e rentabilidades centenárias.

Nos Estados Unidos, Arthur Lira participou da Conferência do Açúcar e do Etanol promovida pela International Sugar Organization em New York. Esteve no Brasil Week, que debate a transição energética para o setor Sucroenergético, promovido pelo Citi Brasil e Datagro. Na terça-feira 09/05/2023 palestrará na “Lide Brasil Conference”, evento organizado pelo ex-governador João Dória, o mesmo que em agosto de 2022 agendou simpósio semelhante, sobre o tema que envolvia os novos caminhos para o novo governo eleito no Brasil (?). Como ele já sabia da vitória de Lula?

Para quem tem boa memória, deve recordar as figuras que estiveram presentes neste encontro. Bancos tupiniquins, Industriais, redes varejistas, membros do futuro governo e os Ministros do TSE, escoltados pela maioria do STF. Mera coincidência?     

Na próxima quarta-feira, 10/05/2023, Arthur Lira havia prometido a Lula votar o “novo arcabouço fiscal”. Sem aviso, estará palestrando e sendo homenageado na Câmara do Comércio Brasileiro-Americano. Nenhum membro da equipe econômica do governo foi convidado para estes acontecimentos. Sequer o vice-presidente, que é ministro da Indústria e Comércio. O fato está sendo “ignorado” pela grande mídia.

Conspiração modelará Lira como o “homem missão”, via Parlamento. Trará pronto o “arcabouço fiscal” e projeto para o STF voltar a ser um Tribunal Constitucional – com poderes limitados – devolvendo ao País a segurança jurídica necessária aos investidores.