Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
Caminhos do amanhã (Parte II) – Compra de votos antecipada
Publicado em 26 de março de 2024O método engendrado por Zé Dirceu funcionou. Chegando ao final do primeiro mandato de Lula (2006), o contingente do “bolsa votos” tinha mais que duplicado: 2,5 milhões de famílias (sem trabalharem) sustentadas pelos que trabalhavam e pagavam tributos elevadíssimos.
O Brasil crescia economicamente, com a explosão das commodities. Se o País crescia, onde estavam os empregos? Sua renda média subia, paradoxalmente aumentavam dependentes do “Bolsa Família”. Lula foi reeleito. No final dos oito anos de seu mandato (2010), segundo IBGE e FGV, o País cresceu em média 4% ao ano.
Incoerência brutal: o Bolsa Família tinha atingido 12,8 milhões de famílias cadastradas. Como a economia de um País cresce e aumenta a pobreza de seu povo?
Na busca do voto, o Bolsa Família estabeleceu-se definitivamente como “moeda de troca”.
Dinheiro público desperdiçado através de um programa, sem critérios ou avaliações de seus resultados. A êxito da compra do voto antecipado (quatro anos de feiras distribuídas aleatoriamente), deslocou-se do interior nordestino e alcançou todas as 1.400 favelas do Rio de Janeiro, as de São Paulo, Minas Gerais… A metástase do câncer tinha “implante” em todos os órgãos do corpo já moribundo. Lula elegeu sua sucessora, Dilma Rousseff. Em seu primeiro mandato, a Presidenta incrementou uma política de renúncia fiscal, reduzindo impostos da “linha branca”, material de construção, automóveis e eletrodomésticos. Todavia, sua ação sofreu efeito reverso. Crescia assustadoramente sua impopularidade.
As gigantescas manifestações de 2013 ganharam as ruas do Rio e São Paulo. As vaias na abertura e encerramento da Copa do Mundo foram vergonhosamente vistas por todo o planeta. Eleições a vista (2014) veio o “Minha Casa Melhor”. Mais dinheiro para os “Bolsas” comprarem geladeiras, televisores, celulares, além de um cheque reforma. Na campanha, o “Bolsa Família” foi ampliado para 14,0 milhões de beneficiários. O lençol ficou curto. Se cobrisse os pés, descobriria a cabeça. Em 2015, o Brasil quebrou. Todo o seu crescimento entre 2003 e 2014 foi engolido pelo déficit público. O PIB despencou, e atingiu -6% (seis por cento) negativo.
Lava-Jato, corrupção, redução do crédito, falta de investimentos no País… desencadeou no impeachment. Michel Temer assumiu, com a Petrobras falida e todas as grandes estatais no vermelho. Para salvar o Brasil teve que enfrentar a impopularidade. Lei da governança das estatais, reforma trabalhista; lei do teto de gastos; congelamento de salários dos servidores públicos; proibição de contratações e concursos; demissão ou “despetização” no governo…
Até uma lei que anistiava crimes de evasão de divisas repatriou dezenas de bilhões de dólares, depositados em paraísos fiscais”. Aliviou o caixa do governo, e reduziu seu déficit.
Lula foi preso e Bolsonaro eleito. Montou uma equipe de técnicos que ocupou a Esplanada dos Ministérios, com capacidade atestada pela meritocracia. Partiu para “enxugar” a máquina. Cortes de gastos, eliminar despesas viciadas, ajuste fiscal… Mesmo assim, em 2022, o Bolsa Família havia explodido de 14,0, para 19,2 milhões de famílias. Como conseguiram enganar até Bolsonaro? É uma ORCRIM.
Na campanha de 2022, que Lula havia prometido “picanha”, compensou com mais “Bolsas”.
Em 2023, extrapolou todos os limites e perdeu definitivamente o controle: 21,7 milhões de famílias inscritas. A média de pessoas por família: quatro. O Estado Brasileiro distribui dinheiro hoje para 90 milhões de pessoas, ou 43% de sua população. O ministro Wellington Dias, titular da pasta do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, começa a encarar o “programa” como uma fraude. Assalto ao erário público. Antes da pandemia (2019) o Bolsa Família consumia 32,8 bilhões de reais por ano. Em 2023 o aumento foi de 346%, atingindo 146 bilhões, quase se nivelando ao orçamento do Ministério da Saúde, que foi de 149,9 bilhões de reais, superior ao Ministério da Educação, 110 bilhões. Os caminhos do amanhã nos levarão à bancarrota.
Na sequência, (parte III final).