Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
CALENDÁRIO INICIA AFUNILAMENTO PARTIDÁRIO
Publicado em 27 de março de 2022Ex-deputado federal Ney Lopes (RN), postou em sua coluna diária no portal Tribuna do Norte – 26.03.2022 – comentário (por trás da notícia) sobre os detalhes da entrevista do ex-presidente Lula, concedida a uma emissora de rádio de Santa Catarina na última quarta-feira (23.03.2022).
Em suas declarações Lula surpreendeu entrevistadores e ouvintes, quando indagado sobre sua aproximação com o ex-governador Geraldo Alckmin. Sem rodeios, ressaltou que “poderá ser ou não, candidato”. Só materializa sua postulação mediante duas condições: seu estado de saúde e liberdade para fazer composições amplas, sem restrições ideológicas. Obstáculo que o PT terá que superar, já que não dispõe de outro nome. Lula é candidato desde 2018.
A abertura que Lula começa a impetrar é fruto de sua opinião – já imposta ao núcleo ideológico resistente existente na legenda – com desdobramentos que resultaram na reunião da Executiva Nacional dia seguinte, quinta-feira (24.03.2022). Após enfadonhas discussões, deliberaram avalizar a formação de alianças, com quaisquer partidos de centro, para fortalecer a “alavancada” da pré-candidatura do ex-presidente, antes prevista para ser anunciada em 1º de maio. Mas, Lula foi enfático: só anunciará e iniciará suas andanças quando tiver clareza do arco de apoios que consiga agrupar. Aí, entram as “manobras” das Federações Partidárias, que se encerram em 31/05/2022.
Quanto à pergunta sobre Geraldo Alckmin, o ex-presidente respondeu com uma ameaça: “se for para trocar o vice, é bom o PT já começar a procurar outro candidato”. No bojo das decisões – resultante da reunião da Executiva Nacional – ficou patente a destituição de poderes dos Diretórios Regionais (Estados), que não terão mais autonomia para definir candidatos ao Governo e Senado. Isto muda tudo. Para melhor, ou pior. A justificativa é evitar novos desastres, como o da Bahia, Ceará e Pernambuco.
Este “freio de arrumação” deixa claro a influência de Alckmin em mudar os rumos da campanha. Abolir o radicalismo das “minorias” que confrontam o amplo conservadorismo reinante no País, a partir do próprio ex-tucano, Cristão da Opus Dei.
Racismo, eles e nós, LGBTQIA + e questão de gênero, serão temas – nesta nova versão Lulista – fora do debate em seu palanque. O objetivo é atrair os religiosos, com propostas socialistas. Mas, será que haverá tempo para mudanças tão estapafúrdias? Na visão das esquerdas “socialistas”, não existe outro caminho. Talvez a história se repita. Em 2002, quando Lula seria substituído por Eduardo Suplicy, Zé Dirceu criou o “Campo Majoritário”. Expulsou todos os radicais do partido, com viés comunista, procurou Valdemar da Costa Neto e o Senador (conservador) José de Alencar. Não falaram mais no modelo de Cuba, Nicarágua ou China. Discutiram Brasil. Lula alcançou o segundo turno, depois de três derrotas consecutivas, duas no primeiro turno.
As pesquisas que ora o põem à frente do Presidente Bolsonaro são todas encomendadas pelos bancos, e repetem o “padrão” das duas disputas contra FHC. Lula saia disparado na frente. Nos últimos seis meses, desidratava 03 ou 04 pontos, a cada nova consulta, até a última semana, quando atestavam sua derrota. Enquanto se discute o “sexo dos anjos” nas esquerdas, Bolsonaro anda todo o país, e corta seu cabelo numa barbearia popular na cidade de Quixadá (CE), com a multidão na rua gritando “mito”.