Marcos Marinho

Jornalista, radialista, fundador do ‘Jornal da Paraíba’, ‘Gazeta do Sertão’ e ‘A Palavra’, exerceu a profissão em São Paulo e Brasília; Na Câmara Federal Chefiou o Gabinete de Raymundo Asfóra e em Campina Grande já exerceu o mandato de Vereador.

CACHAÇA EM PÓ…

Publicado em 6 de março de 2024

Prezo muito pelos poucos amigos que tenho. São de QUALIDADE! E tenho-os contadinhos – acho eu – nos dez dedos das mãos.
Pode até ser que sejam mais de dez, que de fato eu nunca fui bom na tal da matemática.

Mas, CONSIDERADOS, só esses dez mesmos já alojados no lado esquerdo do peito!

Coisa “pra se guardar”, como faço nesse ninho puro da alma, à la Milton Nascimento.

Porque amigo bom, verdadeiro, é sempre aquele que cutuca o parceiro. O abana, o atiça, sopra o carvão apagado da gente.
Nos ressuscita!

Diz as verdades que precisamos ouvir, mesmo aquelas que doem, machucam, incomodam…

Amigo é a nossa maior autoridade!

Mil vezes melhor que patrão, colega, vizinho.

Melhor até do que primos, os irmãos ao avesso ouvidores das nossas primeiras confidencias.

Hoje, madrugadinha, um desses catalogados na minha agenda vitalícia deu-me na muleira.

Foi, sim, na jugular!
– “Meu amigo Marcos Marinho anda muito calado. Será que se aposentou?”, indagou no vazio da extensa coluna que diariamente me faz estar com ele antes do raiar do Sol.

Obriguei-me a satisfazer a sua curiosa investida:
– É a idade, Bunitão. Depois dos 70, murchou tudo, até a adolescente vontade de botar o Português nos eixos e por ele brigar. Tu me recomenda algum cachete?”

– “Cachaça em pó”, prontamente receitou!

Sobre estar aposentado, deixei pra lá. A lida pública larguei há mais de 10 anos, exatamente para mais me dedicar à causa jornalística, nosso comum xodó, motivo – também acho – dessa preocupação de Tião Lucena sobre minha mudez.

Em parte o ‘Bunitão’ de Dona Cacilda tem razão. A tal da aposentadoria deixa o cara manhoso, preguiçoso mesmo. E certamente ausente!

A Havaianas nos pés, short e camiseta regata cobrindo o esqueleto, tem coisa melhor quando a vida nos presenteou com a certeza de que todo dia passou a ser domingo?

Fui atrás das pistas coletadas por Tião para justificar sua assertiva e vi que ele tem carradas de razão: o PODMARINHO não voltou ao ar desde a véspera do último Carnaval; e a minha coluna, que deveria ser diária n’APALAVRA, mofa no ar desde 21 de janeiro, algo de fato inconcebível para um MAIVADO como eu.

Devo dizer a Tião e aos meus ávidos leitores que a culpa jamais pode ser creditada à famosa ‘Rainha’ dos Bezerra de Bananeiras, que aprecio há mais de 50 anos.

Tá certo que nesses tempos de menos tamborete e mais cadeira de balanço – de mais praia do que Carirí – a danada tem mesmo me deixado grogue com menor número de lapadas… Mas ainda não se amancebou com esse alemão – o velho Alzheimer – que tanto insiste em se fazer de casa na minha família.

Portanto, saibam Tião e meus temporariamente esquecidos leitores, que eu VOLTEI.

Isso mesmo, o Brasil não voltou, como sempre tem nos avisado o Presidente Lula? E porque eu, filho de Seu Ovidio e de Dona Virgília – os que me ensinaram a nunca ter medo de nada -, pai de nove viçosos rebentos, avô de 12 maravilhosos netos, sogro de três vivas noras e quatro caprichados genros, aturador dos sonhos de uma jovem esposa aparentemente feliz que costuma entusiasmar-me dizendo que me ama, irmão da guerreira Ilza Marinho, não teria o sagrado direito de voltar, principalmente assim desse modo atiçado pelo ‘Bunitão’ de Princesa Isabel?

Aliás, aproveito para pedir a Tião que me arrume ligeiro – deve ter muito aí na Capital – o remédio que prescreveu para curar o silêncio que tem me afastado do universo paraibano.

Aqui na Borborema e redondezas não encontro em farmácia nenhuma essa tal de CACHAÇA EM PÓ, nem mesmo na do amigo Neilton, a poderosa REDEPHARMA que a gente acha em cada esquina.

Mas tem nada não…

Se Tião não me mandar, vou recorrer a Valberto José, Iremar da Silva, Ricardo Serrano, Elias Tranquilino, Josué Cardoso, Apolinário Pimentel, Araújo Neto, Carlinhos Cachimbão, Róger Teixeira, Renato Pato, à nora Mylena e às sobrinhas Luana e Isabelle Marinho – apreciadoras também da branquinha líquida – para que me socorram na busca desse elixir em pó que deve ser o milagre com o qual o irmão de Miguezim mostra tanto vigor físico e intelectual nesse mundo de meu Deus.

E que chegue ligeiro!!!