Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
BRASIL ENFERMO
Publicado em 24 de maio de 2023Em entrevista concedida a CNN Brasil – temporada “Caminhos” apresentado pelo empresário Abílio Diniz – o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, ao ser questionado sobre a Taxa Selic do Banco Central foi preciso em sua resposta: “a taxa de juros é o termômetro que mostra a febre de um corpo doente”.
Aprofundando-se ainda mais sobre o tema, Zema aponta como uma das principais causas da “enfermidade crônica” do País o gigantismo de um Estado ineficiente, burocratizado, com elevado índice de corrupção, que voltou a prosperar sem o menor pudor após a “deslavajatização” promovida pelas Cortes Superiores de Justiça.
Dois dias depois da entrevista, o próprio governo divulgou um relatório da CGU identificando um milhão e seis mil defuntos recebendo há mais de oito anos o benefício do Bolsa Família – modificado para Auxílio Brasil – hoje com outra nomenclatura “Bolsa Renda”. Como se conseguiu ignorar tamanha fraude, durante tanto tempo? São milhares de quadrilhas criminosas sangrando bilhões dos cofres públicos.
Além dos defuntos, foram detectados cerca de 800 mil beneficiários deste “programa social”, sem CPF (?). Entre defuntos e fantasmas, o prejuízo causado por 1,8 milhões trapaceiros – custo per capita de 600 reais – corresponde a 1,80 bilhões/mês. Em um ano, 21,6 bilhões. Quatro anos são cerca de 85 bi que descem pelo “ralo” da micro corrupção. O governo Lula ainda insiste em mais dinheiro para programas sociais?
Afirmamos sem medo de errar: todos os municípios do Norte/Nordeste brasileiro, com população inferior a 20 mil habitantes, seu funcionalismo – direto ou indiretamente através de familiares – está dentro deste “programa social”. No final do governo Lula I, o Bolsa Renda foi ampliado, e quem passou a cadastrar os novos favorecidos foram as Prefeituras. Cada cidade montou sua gangue. O chefe do Cadastro Único era – e ainda é – um cargo disputado a tapas. O escolhido é sempre uma figura de alta confiança do Prefeito e dos Vereadores, também usuários da falcatrua.
Em pleno século XXI, com modernas tecnologias, o IBGE não conseguiu concluir o censo de 2020. Uma das principais justificativas das equipes que coletam os dados em domicílios é a recusa da população em responder o questionário, que investiga renda, sua origem, emprego informal… A lei que ampara o trabalhador doméstico, foram décadas de luta da categoria. Quando foi aprovada, todos estavam no Bolsa Renda. Se recusaram a usufruir deste direito, temendo perder o benefício. Bolsonaro quando esteve no governo liberou para que todos buscassem emprego, que não seriam cortados do Auxílio Brasil. Desconfiados, ninguém quis correr o risco.
Raízes apodrecidas, a árvore não se sustentará. A saída para o País (cedo ou tarde) é um “enxugamento” geral da máquina pública, começando com a extinção de todos os programas sociais. Um freio de arrumação, para identificar quem necessita de ajuda governamental.
A “rede de arrasto” tem que começar pelo Palácio do Planalto, estendendo-se pelos poderes legislativos e judiciário, onde nababescamente ainda vivem os “Marajás” da era Collor de Melo. Uma classe perdulária, repleta de privilegiados, que ignora por completo a realidade de um País cujo salário mínimo permanece abaixo de 300 dólares. Infelizmente estamos sem futuro, vivendo de recordações de um passado nostálgico.