Brasil abaixo, EUA e China pescoço a pescoço e salto da França marcam quadro de medalhas de Paris 2024
Publicado em 12 de agosto de 2024A cada Olimpíada, a distância entre Estados Unidos e China no quadro de medalhas diminui. Em Paris 2024, a primeira posição só foi definida com a última final disputada, no basquete feminino, vencida pelos EUA para igualar o total de ouros (40) e terminar à frente pelo total de pódios, 126 a 91. Esta foi uma das histórias de uma edição de Jogos Olímpicos que viu a ascensão da França em casa, a distribuição das medalhas da Rússia por diversas delegações e um Brasil aquém das expectativas.
A corrida entre EUA e China foi o foco. Ambos países aumentaram seus totais de medalhas em relação a Tóquio – 13 a mais para os norte-americanos, duas a mais para os chineses. Só que essas duas dos chineses foram de ouro, enquanto os Estados Unidos só tiveram um ouro a mais que em 2021, com desempenhos decepcionantes no vôlei de praia, natação masculina e basquete 3×3. Ambas medalharam também em mais modalidades – de 21 a 23 para a China, de 27 a 34 para os EUA.
Menos ouros, mais pratas brasileiras
O Brasil, por sua vez, deu um passo atrás. Medalhou em uma modalidade a menos (12 em Tóquio, 21 em Paris), teve uma medalha total a menos (21 em Tóquio, 20 em Paris) e ficou com menos da metade dos ouros das duas últimas edições (sete na Rio 2016 e Tóquio 2020, apenas três em Paris 2024). Se no total de medalhas o país ainda seria o 11º melhor dos Jogos, a escassez de ouros o jogou para 20º colocado, oito posições abaixo do que conseguiu na última edição.
O ponto mais positivo foi o protagonismo feminino. As mulheres foram responsáveis por 12 das 20 medalhas do Brasil – 13 se incluído o bronze por equipes mistas no judô – e por todos os três ouros da seleção. Além disso, houve um aumento de seis para sete pratas, melhor marca da história e que indica que os atletas brasileiros estiveram disputando finais.
O país viu evolução na ginástica artística, com quatro medalhas incluindo a primeira da história por equipes, e no futebol, que voltou ao pódio após 16 anos, e teve desempenhos históricos mesmo sem medalha na canoagem slalom, ginástica rítmica, tênis de mesa e tiro com arco. A decepção ficou no boxe, que só levou uma medalha após um ciclo muito vitorioso, e na natação, que ficou sem medalhas pela primeira vez desde Atenas 2004.
O fator casa
Todo país anfitrião experimenta um salto de rendimento nas Olimpíadas. Com a França, não foi diferente. De 33 medalhas e um oitavo lugar no quadro de medalhas de Tóquio 2020, “Les Bleus” quase dobraram seu total para 64 medalhas, incluindo 16 ouros, seis a mais do que nos Jogos anteriores. Suficiente para terminar na quinta posição geral, atrás apenas de EUA, China, Japão e Austrália.
Os franceses medalharam em 27 modalidades – 11 a mais do que em Tóquio. A maior diferença foi na natação, onde os anfitriões conquistaram quatro ouros, uma prata e dois bronzes após deixar o Japão apenas com uma prata.
O vazio deixado pela Rússia
A Rússia foi banida dos Jogos de Paris devido à invasão da Ucrânia – mesma punição dada a Belarus, que apóia o estado russo. Alguns atletas russos e bielorrussos puderam competir como “Atletas Independentes Neutros”, mas foram apenas 32 e não tiveram o impacto que a principal herdeira da União Soviética tinha. O conjunto conquistou apenas cinco medalhas, sendo um ouro, duas pratas e um bronze para os bielorrussos e uma prata para os russos.
No wrestling, esporte no qual a Rússia conquistou quatro medalhas de ouro e quatro de bronze em Tóquio 2020, quem mais se beneficiou foi o Japão. A equipe conquistou oito ouros, uma prata e dois bronzes, o que seria o bastante para colocar um país em 14º lugar no quadro de medalhas – e curiosamente, muito melhor que o judô, esporte nacional, que “só” levou três ouros.
A Coreia do Sul herdou os dois ouros russos no tiro esportivo, a China pegou os ouros do nado artístico e França, Estados Unidos e Ucrânia terminaram com os ouros na esgrima.
Jamaica cravada em zero
Potência do atletismo mundial, a Jamaica teve seu pior desempenho na modalidade neste século. Foi apenas um ouro no arremesso de disco, com Roje Stona. Nas provas de pista, de muita tradição jamaicana, nenhum representante do país caribenho ficou em primeiro lugar pela primeira vez desde Sydney 2000.
Naquela ocasião, os jamaicanos não levaram ouros, mas tiveram seis pratas e três bronzes em provas de 100m, 400m e revezamentos. Desta vez, foram três pratas, apenas uma em prova de velocidade (a prata por milésimos de segundo de Kishane Thompson no 100m masculino) e dois bronzes, também com um deles em corrida (Rasheed Broadbell no 110m com barreiras masculino). As demais medalhas foram as pratas no salto em distância masculino e no salto triplo feminino e o bronze no arremesso de peso.
Japão, país dos esportes de “jovens”
Não foi apenas em Tóquio que o Japão dominou nos novos esportes incluídos no programa olímpico. Em Paris, os japoneses conquistaram quatro medalhas no skate – ouros no street feminino e masculino e pratas no street e park femininos – e também saiu com o ouro no breaking feminino. A média de idade dos medalhistas: 18,8 anos.
Fonte: Globoesporte