Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

BANCADA AGROPECUARISTA REGULARÁ O GOVERNO

Publicado em 9 de março de 2023

Cientistas políticos que desfilaram ontem (08/03/2023) nos noticiosos da CNN, mostraram uma realidade existente dentro do Congresso Nacional que vai além da polarização PT x Bolsonaristas – tira-teima alimentado pelas narrativas produzidas por um batalhão de repórteres que cobrem os acontecimentos do dia – gerando notícias perecíveis, com validade que não se sustentam por mais de quarenta e oito horas.

O recuo do governo sinalizando ao MST que não está preparado – nem dispõe de meios – para promover a “Reforma Agrária” prometida em 2015 foi um balde de água fria para aqueles que apostaram no fenômeno da desagregação do campo, como um movimento capaz de aquecer a popularidade de Lula, nos moldes 2003/2010.

A “esquerda festiva” que se incorporou ao PT patrocinou o “Carnaval Vermelho” – invasões de terras na Bahia, São Paulo e outros locais is0olados – como “balão de ensaio” para avançarem sobre o Agronegócio, por considerá-lo “Bolsonarista”. Esqueceram que o Agronegócio (hoje) não se limita apenas a plantadores de soja. É toda uma imensa cadeia de produção de grãos, que tem como aliado a gigante Pecuária e a Indústria Brasileira: Celulose, Café, Etanol; Massas; Laticínios; Frigoríficos…

Esta cadeia produtiva se tornou na fonte inesgotável de emprego e renda – pagadora de impostos diretos e indiretos – responsável também por grande parte do setor de serviços, transportes; geradora de vultuosas divisas para o País. Foram esquecidos por décadas, levando-os a aprender a se “coserem” com suas próprias linhas. Enfrentam um conflito permanente, para se manterem na posse das terras produtivas desejadas ser ocupada (invadida) por devastadores que não queriam cultivá-las.

Integrantes do governo Lula, que enxergam o País completamente diferente de 2003/2010, contemporizam a ameaça feita pelo líder da bancada da Agropecuária na Câmara dos Deputados, sobre a instalação imediata de uma CPI para identificar quem patrocina, orienta e coordena as ações da anarquia no campo. Tremeram nas bases. Cabeças insuspeitas rolariam, com efeitos negativos e crises imprevisíveis.

Não só o Palácio no Planalto, até os veteranos jornalistas da CNN ficaram atônitos quando averiguaram o número de parlamentares que “supra-partidariamente” defendem o setor organizado produtivo, a partir do presidente Arthur Lira: 344 deputados federais e 44 senadores da república. Derruba qualquer governo com um impeachment, não importando o crime que lhes seja imputado.

A Justiça imediatamente já determinou a desocupação dos latifúndios baianos, concedendo reintegração de posse a Cia. Suzano de Papel e Celulose. A área é avaliada em 200 milhões de reais. O Ministério do Desenvolvimento Agrário dispõe no orçamento de 2023, apenas R$ 2,0 milhões, para desapropriações.

Por outro lado, no Pontal do Paranapanema e região de Presidente Prudente (SP), área de domínio da FNL – Frente Nacional de Lutas no Campo e na Cidade – movimento liderado por Zé Rainha – a polícia ao prendê-lo por extorsão encontrou em vários acampamentos armas de fogo, seguranças armados (?) e toda uma estrutura de mobilidade, ônibus, caminhões, tratores… equipamentos domésticos como freezer, cozinhas, e barracas apropriadas para camping. Ficou explicado a origem do dinheiro: extorquiam os proprietários, sob a ameaça de invasão.

Deixando os “petistas festivos” pendurados no pincel, o governo tirou sua escada e deu ao Agronegócio, anunciando linha de crédito no valor de 30 bilhões de reais – empréstimos com juros subsidiados – para incrementar ainda mais seu crescimento. Com uma retórica governista o PT se reconfigura, distanciando-se do MST e FNL: “Em tempos de pouca farinha, primeiro o meu pirão”.