Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
AUSÊNCIA DAS PESQUISAS
Publicado em 12 de setembro de 2024Campina Grande, a cidade mais politizada do Estado, vive o período eleitoral mais atípico de toda a sua história, nada comparável aos registros memoráveis, marcados por disputas renhidas. Antes das convenções partidárias, para homologação das pré-candidaturas, semanalmente os portais de notícias divulgavam mais de uma pesquisa, que apresentavam Romero Rodrigues como imbatível, acima de 40% das intenções de votos; Bruno Cunha Lima com pouco mais de 20%; Inácio Falcão chegando a 15%, e Jhonny Bezerra no seu encalço, se aproximando de um empate técnico.
Passadas as convenções – desistência de Romero para apoiar Bruno – suspenderam postagens das pesquisas, ou não se aventuram mais em divulgá-las. Talvez, por uma questão de prudência, aguardando o resultado do início da refrega, a partir das mobilizações nas ruas, avenidas e praças. A estreia do guia eleitoral, propaganda gratuita no rádio e na TV; sabatinas e debates entre os “prefeitáveis”, combustível necessário para alimentar o entusiasmo, motivação e empolgar a população, que passaria a brigar por seus preferidos.
Desde o dia 16/08/2024 os partidos foram autorizados a começarem sua propaganda. Dia 30/08/2024 o horário gratuito do guia eleitoral foi legalmente disponibilizado pela Justiça, para uso das legendas e seus candidatos. Já realizaram debates, sabatinas em diversas entidades classistas representativas, entrevistas no rádio e TV, e de repente, o povo silenciou. Existe uma efervescência nas redes sociais dos candidatos a vereador, em sua maioria pedindo voto só para si.
O que está por trás deste fenômeno, no mínimo curioso? O número de veículos “adesivados”, com a foto do candidato a prefeito é bem inferior às campanhas passadas. Os postulantes da oposição ainda não acertaram na “pegada”, com temas polêmicos que despertem o interesse do eleitor indeciso. Falta o tempero no cozido, capaz de exalar o cheiro atrativo do sabor, do prato a ser degustado. Onde se perderam os transformistas e milagrosos “marqueteiros”? Até o presente, para as oposições, nada funcionou. Tudo permanece “como d’antes, no quartel do Abrantes”.
Pelo contrário, o baixo nível de criatividade criou a sensação que a disputa para prefeito tem os tons e cores de uma eleição para Síndico de um Condomínio. O prefeito (Síndico) candidato à reeleição mostra que manteve, concluiu e ampliou o padrão de qualidade, melhorando o conforto dos serviços oferecidos pelo seu antecessor, que o apoia. Seus principais opositores se agarram a um discurso sobre a saúde dos condôminos (co-proprietários). Direita e esquerda, usando argumentação com baixo potencial de persuasão, tentam furar a “bolha”, na busca da radicalização como única alternativa para arrebatar paixões. Ao que aparenta, o povo está deixando esta discussão para 2026.
No horário gratuito da TV, ontem (11/09/2024), Jhonny Bezerra (PSB) falando diretamente para o eleitor, confessou que espera chegar ao segundo turno… (?) Pelo visto, existe expectativa e temor de uma eleição definida em primeiro turno. O ex-secretário da saúde, perdeu muito tempo – talvez mal orientado – e confundiu “campinense” com “campinismo”. A natividade originária nunca foi exigência do “campinismo”, que é um sentimento de paixão pela cidade, na busca permanente de torná-la sempre grande. Só o fato dele residir e trabalhar em Campina, há doze anos, já o tornou um “campinista”, mais respeitado que muitos campinenses que trocaram seu amor pela serra e se encantaram com a beleza do litoral.