Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

AS INCERTEZAS QUE COMPROMETEM 2025

Publicado em 3 de janeiro de 2025

Um pequeno recuo no preço do dólar ontem (02/01/2025), sem intervenção do Banco Central, aliviou os otimistas do mercado, a beira do pânico. O pavor da escalada ainda os torturou por boa parte do dia, cotado a R$ 6,20. No encerramento, desceu para R$ 6,16, ficando abaixo do último valor de 2024, R$ 6,18.  Em dezembro (2024), nossas reservas internacionais foram “desidratadas” em 31 bilhões de dólares. Despencaram de 363 para 332 bilhões. O terceiro maior rombo, desde a implantação do Plano Real. Todas as grandes multinacionais, transferiram integralmente seus lucros para suas Matrizes. Não deixaram reservas para investimentos, ou ampliações de suas estruturas. O investidor especulador, os seguiu, comprando dólares, e obtendo rendimentos de 27,7%. Os títulos do governo, remunerados pela taxa Selic, “boiaram”. Fechou o ano em 12,75%.    

Segundo Júnia Gama, diretora do XP Investimentos, representante do centenário capital dos grandes conglomerados financeiros internacionais, a crise está sendo provocada pelo quadro de “incertezas” – não na política – mas, pela falta de “políticas do governo”. A mais recente intervenção do Ministro Flávio Dino (STF), suspendendo o pagamento das emendas parlamentares, aumentou a insegurança Jurídica. A salvação é o Congresso, aprovando o Orçamento de 2025 e cortando mais gastos governamentais.

A regra é simples, conhecida até pelos mais humildes e ignorantes em matéria de economia: “quando apenas se tira, e não se bota (repõe-se) chega-se ao fundo do pote”. Ou, parafraseando o vice-presidente Geraldo Alckmin, que governou São Paulo por quatro vezes, “gastos públicos são como unhas, crescem sem que se perceba, e têm que ser cortados permanentemente”.

Longe das manipulações midiáticas domésticas, o The Wall Street Journal, o mais respeitado órgão da imprensa internacional direcionado a economia, no final de novembro (2024) estampou manchete: “Governo Lula é semelhante ao Dilma II”. Uma longa matéria pessimista sobre o futuro do Brasil até 2026. A velha imprensa não reproduziu o texto. Os maiores economistas do mundo – ganhadores do Nobel da Economia – opinam, escrevem e orientam os mercados, através do The Wall Street Journal.

Poucos dias após a publicação da matéria, constatamos acerto na previsão. O Banco Central em 11/12/2024 alavancou a Selic para 12,25% e, em sua ata, previu mais dois aumentos até março, estimando fechar 2025, no elevado patamar de 14,75% ou 15%. Quando o ex-presidente Michel Temer assumiu, a Selic estava cotada e estagnada em 14,25% com uma inflação acumulada de 10,67%. Ao terminar seu mandato 01/01/2019, a inflação era de 2,95%, a taxa Selic de 6,5%, dólar havia caído 17,7%, custando R$ 3,87.

 Economia não é atividade para amadores. O milagre de Temer foi à competência de sua equipe e coragem em cortar gastos astronômicos, a partir da folha de pagamento (despetização) ou exoneração de dezenas de milhares de “ASPONE”, alinhando-se a austera política fiscal imposta por Henrique Meirelles e severa atuação – alicerçada na sua credibilidade internacional – do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. Quem o sucedeu? Roberto Campos Neto, que levou a Selic (antes da pandemia) a 2%, o menor índice registrado em toda a história da instituição.

Ilan Goldfajn é um Economista Israelense-brasileiro, nascido em Haifa (Israel). Sua palavra e opinião é ouvida e respeitada pelo grande capital transnacional. Ao deixar o governo em 2019, assumiu a Direção do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI. Em 2022, o elegeram presidente do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, cargo ocupado por figuras do nível de Robert McNamara.

Resta saber, até onde irá a anacrônica ideologia dos petistas, obstinados em levar o Brasil à bancarrota. Improvisaram Fernando Haddad, professor universitário, Ministro da Fazenda. Desatino inominável. Para achincalhar ainda mais, escolheram a advogada e professora de Direito, Simone Tebet, para comandar o Ministério do Planejamento e Orçamento. O destino do Titanic Brasil, nas mãos de dois “velejadores”.