Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

ARTHUR LIRA GOVERNA O BRASIL 

Publicado em 29 de maio de 2023

Em nossa última postagem, comentamos trechos de uma entrevista do governador Romeu Zema (MG) na CNN Brasil. Em sua grade da programação, o horário nobre – cremos que de maior audiência da emissora – é o WW com William Waack (ex-Globo News) às 22:00hs. Esta programação rígida foi quebrada entre 08/05 a 19/05/2023 pelo empresário Abílio Diniz, que apresentou o programa “Caminhos”, entrevistando as principais lideranças do país: Rodrigo Pacheco, Gilmar Mendes; Roberto Campos Neto; Arthur Lira; Romeu Zema; Tarcísio de Freitas; Raquel Lira (governadora de Pernambuco); Fernando Haddad e o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Entrevistas espetaculares, com perguntas bem formuladas, levando ao telespectador uma mensagem nítida da elite econômica e empresarial que existe no País, pensa no futuro da Nação, e está muito além das questões político/partidárias ideológicas, parturientes dos debates diários levados a efeito nas redes sociais.

Na entrevista de Arthur Lira, ele usou sua lucidez e sinceridade para descrever os destinos do atual governo. “A direita conservadora ficou por muito tempo acuada e apenas votando contra o PT”. Em 2018, começou a se revelar. E em 2022 elegeu 312 deputados federais”. Continuando, comentou sobre a derrota do governo no Marco do Saneamento: “Nos comprometemos com o Presidente, que neste primeiro semestre não pautaríamos nenhum tema relacionado a gênero, comportamento social e advertimos sobre a decisão de não mudar nada que já tivesse sido aprovado pelo Congresso, como privatizações, fim do imposto sindical, mexer na reforma trabalhista”.

Com todos os entrevistados, Abílio Diniz abordou corajosamente a questão da “insegurança jurídica”, a partir das decisões absurdas do STF. Lira assegurou que quem legisla é o Congresso, e deixou pistas que este embate entre STF e Congresso está prestes a acontecer. No final voltou a repetir o que já havia falado diversas vezes: “o governo não tem base, nem possibilidade de formar maioria para cumprir nenhuma de suas promessas de campanha”. Pelo visto, Lula III será o nosso Charles III da Inglaterra.

Tudo o que Lira discorreu estamos testemunhando. Aprovaram o Arcabouço Fiscal, depois da sinalização de Roberto Campos Neto (BC). A MP que criou os novos Ministérios foi totalmente modificada – deixaram Marina Silva só com o carro oficial e o motorista – e destinaram poderes só para os ministros indicados pelo Centrão. Lira pontuou nas entrelinhas que seu compromisso com Lula se encerra na votação da Reforma Tributária, independentemente de sua aprovação.

No segundo semestre a pauta será do Congresso, especificamente da Câmara. Ouvindo o povo e as elites econômicas, empurrarão goela abaixo decisões para o governo cumprir. O País crescerá pouco, mas longe de ser uma Argentina do amanhã.            

Quanto a Abílio Diniz, apresentou-se como investidor e membro de um seleto grupo que aposta no Brasil, com grandes parceiros internacionais. Fez parte da primeira equipe do COPOM criada no governo FHC. Por fim, evidenciou o que todos sabem, e muitos não acreditam: a economia é quem comanda a política. Seu prestígio e respeito? Nenhuma emissora de TV levaria ao ar, ao vivo e direto de Brasília, os “senhores de nossos destinos” que furaram suas agendas para serem sabatinados pelo velho guru.