Valberto José
Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.
Aquela Copa esquecível
Publicado em 9 de dezembro de 2022Por mais que se tente olvidar, a pancada de uma goleada vai sempre martelar a nossa memória. O placar de 7 a 1 da Alemanha na Copa do Mundo de 2014 não me doeu tanto, pois já estava experimentado pelo resultado adverso na decisão daquela Copa cujo título seria o meu maior presente. Aliás, o único presente que eu queria, importava mais a presença física dos familiares.
Brasil finalista, a final da competição caiu justamente no dia em que eu faria 40 anos, um nublado domingo de julho. Vendas em ascensão, após meses de queda dois anos antes em função de uma concorrência direta, grandiosa e cheia de novidades, não tive dúvidas: vou comemorar a data.
A casa ficara pequena, depois da conciliação residência e comércio, então me vali de uma irmã e o marido para festejar a data na casa deles, de ampla esquina, no bairro Presidente Médici. Arranjei uma lona grande e improvisei uma tenda, providenciei mesas e cadeiras, churrasqueira e as bebidas; o tira-gosto foi o mais fácil.
O elenco familiar presente foi reforçado pela tia-irmã Rita, que mora em São Paulo. Além dos familiares, convidei um casal de compadre e aquele cliente que primeiro parou de carro na loja, após a abertura seis anos antes.
No Parque do Povo, o Maior São do Mundo esticou até a decisão da Copa. Contagiados pelo clima junino, um irmão e um tio chegaram, de surpresa, com um trio de forró, animando a todos e botando quem dança para arrastar o pé. E tome forró, e tome “mé”, aguardando o jogo do Brasil.
O retrospecto de quatro vitórias, um empate e uma derrota, 14 gols marcados e (apesar de) sete sofridos, credenciava o selecionado brasileiro. O danado é que as primeiras notícias apontavam que o principal jogador do Brasil adoecera, convulsionando a festa. Mas, o forró continuava.
Minutos antes, confirmada a escalação do “convulsionado”, o sanfoneiro caprichou nos acordes, até que o apito do juiz brecou o forró e iniciou o jogo. Pena que duas “champanhe” de Zidane ainda no primeiro tempo acabaram minha festa. A França fez mais um gol no segundo, ganhando a Copo do Mundo de 1998, adiando o penta brasileiro.
Risquei esse jogo e essa Copa do mapa da memória e só vim lembrar deles 16 anos depois, quando Júlio César tomou o terceiro da Alemanha na histórica goleada de 7 a 1, no Mineirão.
EM VEZ DO CATAR, CABACEIRAS
O goleiro Santos, sempre cotado na lista de Tite, apareceu em Cabaceiras, mas não foi para fazer cinema. De férias, o atleta visita os pais que moram na cidade e foi homenageado, viu a decisão do campeonato amador local e ganhou um troféu em forma de luva. Ele se disse emocionado e que “passa um filme na cabeça por tudo que a gente viveu, tudo que a gente passou até chegar este momento. Tudo fruto de muito trabalho, muita dedicação”.
Como a maioria dos moradores das cidades próximas, Santos nasceu em Campina Grande e foi criado em Cabaceiras. Esteve treinando nas divisões de base do Treze e depois foi para o Porto de Caruaru, de onde se transferiu para o Athlético do Paraná, onde profissionalizou-se, e este ano foi negociado com o Flamengo. Quem o conhece de perto, destaca a simplicidade e a humildade.