Amaro Pinto

Advogado, Cronista, Articulista paraibano. Fascinado, humilde e curioso aprendiz do Direito, Literatura, Teologia e Filosofia. Avante – sempre – porque somente DEUS é grande.

Anjos na terra

Publicado em 8 de março de 2022

Se de muito há quem não os conheça, ou despreze a imanente existência e valor, muito mais há quem deles saiba e não somente os admire e dê-lhes o devido e sempre mui merecido reconhecimento pelo Bem (assim mesmo em maiúsculo) que diuturna e incessantemente fazem de modo indistinto e igual ao próximo, em dedicada afeição que se convola e transborda no amor divino e humano que o Cristo, em suas andanças terrenas tanto e profundamente ensinou.

São seres humanos adornados pelo lirismo e pureza dos céus mais altos, temperados pelas lutas mais ingentes do cotidiano, vestidos de azul, de verde, vermelho e de branco, com suas toucas, batas, macacões, luvas, óculos, máscaras salvadoras, cujas mãos ágeis e experimentadas em técnicas de bancos acadêmicos, sob o comando de mentes certeiras, obstinadas, iluminadas à luz da vocação ofertada pela Divina Providência, dedicam-se à nobre e diria sacrossanta missão de salvar vidas ou, ainda que assim o exijam as circunstâncias {para além de suas forças e limitações}, de minorar dores e aliviar sofrimentos, deitando lenitivos e refrigérios a quem deles tanto precisa.

Conheci (e conheço), mercê de Deus, muitos deles {não por e para mim, ainda, sob a suprema Graça}, mas por outros de mim tão chegados em fraternidade sanguínea e também naquela escolhida, na esteira de que amigos são irmãos que pinçamos à nossa vida, no seu desenrolar natural até a consumação final de tempos predestinados e inexoráveis.

Vi-os sôfregos e prestos na faina de ajudar, incansáveis, alimentados pelo destemor invencível de quem sabe o dificílimo e sobre-humano mister que possuem de curar as dores, feridas e doenças alheias, se não por unguentos, cachetes, instrumentos e máquinas criadas pela gaia ciência humana – sobretudo pela cálida presença de saber confortar a quem tem e também a quem não mais tem esperanças, com o cicio de palavras inaudíveis aos tímpanos, mas deitadas nos recônditos mais profundos do espírito, lá onde o desdobro da alma se confunde com a badalada dolente dos sinos dizentes da anunciada finitude e iniciada eternidade.

Vi-os insones e fatigados, de estômagos vazios, olhos marejados da água salobra que muitas vezes escorre a descambar nos rios cheios de suas faces cândidas, molhando o balbuciar de preces que jamais cessam – porque delas, sabem eles, é que vêm a força insuperável que os faz indenes para ultrapassar as demais e comuns fraquezas dos semelhantes e mortais, é dizer, nós outros humanos murmuradores por diminutas e insignificantes ‘coisitas’ do viver diário.

Ali estão sempre a postos e sobranceiros, pelas bênçãos infinitas e renascidas de Deus, prontos a socorrer, mesmo que estejam saudosos de casa, dos abraços de familiares, sem o aconchego da cama quente e acarinhada do quarto de dormir, porque cientes, todavia, que sua luta não é vã porquanto destinada não a quem dorme, mas àqueles deitados não em camas – e sim em leitos e nesses todas as vezes sem a famosa livre e espontânea vontade.

Admiro profundamente esses seres especiais, Anjos na Terra, sim, por que não – sem eles o que seria de nosotros, desnudos, carentes e despidos de proteção dos poderes públicos escarnecedores e repletos de larápios descarados dos dinheiros do Erário?

Lá estão nas batalhas incessantes, em guerras tantas vezes perdidas, imantados, no entanto pelo fragor inaudito nas vitórias, agasalhados pelo manto da Mãe Celeste, sustentados pelo poder imensurável e amoroso do Divino Espírito Santo – saciando e renovando as forças exauridas dos cansados e enfermos, aliviando, ajudando, salvando, enfim, protegendo e disso mais não há de bastar.

Sim, eis uma vez que em cada ser a que se dedicam, há o rosto sofrido e lacrimoso do Jesus lategado pelas voracidades e injustiças humanas, faminto e triste porque o amor que ensinou, ninguém aprendeu. Há os Lázaros sofridos, providos pelos tais seres angelicais, banhados, cuidados e amados – aliviados, digo novamente, pela graciosa existência dos Anjos na Terra enviados pelos cristais celestinos, com a missão sagrada de se não salvar – mas de ajudar e assistir sem medidas a humanidade, no que são mais do que vencedores, são gloriosos.

Aos profissionais de Saúde, dedico essas (desta vez) pelo bem-traçadas linhas, com os meus respeitosos cumprimentos, afeição, admiração, amor e gratidão – eis que vocês alcançam em vida o que todos desejam (somente) após o deitar do sono eterno: a paz do Senhor.

Parabéns e obrigado por existir.

Avante porque somente DEUS é grande.

Amaro Pinto, 30 de abril de 2021.