Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

Amigão e bom vizinho

Publicado em 10 de março de 2025

O “Amigão”, como estádio, ganhou esse epíteto em homenagem ao governante que o ergueu e o nomeia, num tempo em que não existiam leis que impediam tributar pessoas vivas em prédios públicos. É um apelido justo, justíssimo, pois é um amigão de todos e que a todos acolhe. Faz jus ao apelido, portanto. Também, feito aquela rede de supermercados, é um bom vizinho. E que vizinho!

É um amigão que acolhe a todos sem qualquer discriminação. Amigos e inimigos. Nele, entra preto, branco, índio, coxo, pobre, rico… E abraça a todos ao mesmo tempo. É certo que quiseram, e até conseguiram, minar sua capacidade de acolhimento. Que maldade! Tem espaço para todos.

Se é um amigão, melhor ainda como vizinho, imagino. É de sentir inveja dos adjacentes que o rodeiam, a exemplo do amigo Marcos Marinho, um de seus vizinhos mais próximos, e de Nena, sogra de minha filha Morgana, que mora a uma quadra dele. Mesmo ela tendo que atravessar a Vigário Calixto, se quiser assistir a algum jogo.

É certo que há o incômodo dos dias de jogos, principalmente os clássicos ou decisivos, quando acolhe muitos e muitos, dentro da máxima de “sempre cabe mais um”, feito coração de mãe. Mas isso é o de menos, a recompensa é maior.

É certo, também, que o progresso já lhe traz incômodos. Edificações em seu redor diminuíram seu estacionamento, principalmente de interesses comerciais; as mais altas impedem sua visão privilegiada em pontos estratégicos da cidade.

Para início de conversa, tendo-o como vizinho, você não depende de transporte em dias de jogos. Pode tirar a sesta depois do almoço e até esticar a soneca; se tomar uma a mais e ser enxotado pela mulher, ele te recebe sem queixa, sem abusos.

Solidário, até quando seu amigo chega em sua casa, antes do jogo, e se embriaga, não esquece o compromisso na arquibancada com o time do coração. O barulho insistente das torcidas não o deixa esquecer. E ele o acolhe de braços abertos. Se você tem inimigo, não o deixa sequer olhar para tua casa. Chama-o logo. É ou não é um amigão, um bom vizinho?