Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
ALPB DEBATERÁ CRISE DOS MUNICÍPIOS
Publicado em 22 de agosto de 2023O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adriano Galdino, realizará amanhã (quarta-feira 23.08.2023) audiência para debater os efeitos da crise instalada nas prefeituras, originada a partir da queda do FPM – Fundo de Participação dos Municípios. O quadro é preocupante e exige ação política imediata, sob pena de comprometer as gestões municipais e o próprio Estado, que tem em orçamento previsões de transferências constitucionais como o FPE – Fundo de participação dos Estados, semelhante ao FPM.
Na visão do deputado Adriano Galdino, trata-se de um “efeito dominó”. A queda de receita nos municípios “compromete serviços básicos e essenciais, como saúde, educação, programas sociais… Atrasa pagamento de fornecedores, paralisa programa de obras, acarretando em desemprego e redução na arrecadação de tributos”.
Carregando em sua bagagem a experiência de ex-gestor municipal, o presidente da ALPB enfatiza a inexistência de prestidigitação, com o uso de números. “Matemática é uma ciência exata. É impossível se administrar um orçamento com despesas fixas e receita variáveis. O correto é o inverso: receita fixa e despesas variáveis, possibilitando ao administrador, avançar – gastar mais em investimentos – ou cortar custos, evitando comprometer o bom funcionamento da Instituição”.
O governador João Azevedo, durante a campanha pela sua reeleição (2022), usou um discurso convincente ao comparar a Paraíba aos demais Estado do Nordeste, exibindo o conceito de AA, conferido pelo Tesouro Nacional e Bancos de Investimentos do Brasil e do Exterior. O Estado superavitário, arrecadando mais e gastando menos. Entretanto, se persistir o recuo gradual no desembolso do FPE e FPM – fato que vem ocorrendo desde janeiro (2023) – seus efeitos podem comprometer em médio prazo a saúde financeira da Paraíba.
Os cortes e contingenciamentos de recursos, atribuídos a equipe econômica do governo federal, irão ampliar o grau de dificuldades na finalização da PEC da Reforma Tributária, ora sendo revisada pelo Senado Federal, que discute cláusulas do Pacto Federativo, garantindo direitos constitucionais de Estados e Municípios, que temem ficar sem “caixa” e passarem a ser literalmente dependentes do governo central.
Deputados Federais, atendendo pleitos de prefeitos – endossados por Deputados Estaduais – estão se sentindo “desconfortáveis” ao saberem que “emendas de custeio” – paliativo para ajudar os municípios atravessarem dias sombrios – não estão sendo pagas (?). Prefeitos de todo o Brasil estão vivendo um “inferno Dantesco”, num ano pré-eleitoral, que estabelece final de mandato para alguns, mas reeleição para muitos. Previsões realistas indicam que mais de 3.000 municípios não conseguirão pagar o mês de dezembro. O prefeito quitará o 13º salário, evitando sua cassação.
Fica difícil disputar uma reeleição com a folha de pagamentos atrasada. Caravanas de gestores municipais têm se deslocado para Brasília, em busca de socorro junto às bases parlamentares de seus Estados – principalmente Norte/Nordeste – vislumbrando solução, inclusive com recuperação de receitas perdidas. Mas, até o presente momento o Congresso Nacional não se sensibilizou com o quadro de adversidade que enfrenta os municípios, e os deixa sem alternativas, senão a decretação de moratórias, caminho sem volta de uma recessão.