Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

ÁGUAS DE MARÇO: ENXURRADAS PODEM AFOGAR JOÃO AZEVEDO

Publicado em 1 de março de 2024

A falta de arrojo, audácia e determinismo político do governador João Azevedo tem sido seu “calcanhar de Aquiles”, característica marcante já enxergada pelos “oportunistas” ávidos e viciados no privilégio, que não sobrevivem sem o abrigo do Palácio da Redenção, pouco importando quem esteja de plantão no poder.

Bafejado pela sorte, João tem conseguido estampar uma imagem de “mansidão”, cortina que esconde seu perfil real: frágil, grácil e indeciso. Encontrou um exército para blindá-lo (Republicanos) que permanece constantemente em combate, expandindo suas conquistas, ampliando o domínio de seu território eleitoral. Entretanto, seu “Estado Maior”, grudado diuturnamente na figura do “governador”, monitorando seus passos, tem feito o posto.

Envereda pelos caminhos obscuros da desagregação (fuxico palaciano), cujo destino – cedo ou tarde – é esbarrar em rupturas.

O governador tem um vice de Campina Grande – jovem Lucas Ribeiro – filho de uma senadora da república, sobrinho de um deputado federal de indiscutível influência entre os “notáveis” do PP, família (Clã) reconhecida hoje – pelo espaço que ocupa – como a principal oligarquia da cidade, e não tem demonstrado o menor interesse em indicar um candidato a prefeito, trabalhar este nome, e derrotar os Cunha Lima, mostrando força política na Rainha da Borborema. Desafio indispensável para conquistar e justificar sua legitimidade no direito de preferência na formação da chapa majoritária de 2026. No segundo maior colégio eleitoral do Estado, João só tem seu nome, perecível ao tempo.

Por que não procurou, escutou ou pediu sugestão ao seu fiel escudeiro, Adriano Galdino? Se tivesse o incumbido de resolver o problema – em tempo hábil – hoje o governador teria um candidato para disputar as eleições na Capital do Trabalho. Mas, resolveram apostar num “racha” dos Cunha Lima. Impossível. E se isto acontecer, o propósito é levar o governador a uma derrota humilhante, com danos irreparáveis ao seu projeto político de ocupar uma das duas vagas no Senado em 2026.

Os “conselheiros palacianos” de João Azevedo cometem os mesmos erros históricos, e seus efeitos desastrosos, que levaram aos tropeços de Ivan Bichara Sobreira, Burity, Wilson Braga e José Maranhão. Confundem “lealdade” com “subserviência”. Quem conhece as dificuldades da guerra, e seus combates, são aqueles que estão no “front”. Adriano Galdino – disputa de Santa Rita – com uma única cajadada matou dois coelhos. Atraiu Nilvan Ferreira para o Republicanos, tirou o governador como alvo do stand de tiros, criando a oportunidade de em 2026 ter o apoio de Nilvan. Mas, o PSB que controla João Azevedo criou um opositor palaciano contra Nilvan, mesmo sabendo que é uma causa perdida.

Galdino é o único político (poderoso) do Estado que diariamente prega a candidatura de João Azevedo ao Senado. Se quisesse trucidá-lo, bastaria ter permitido ou permitir a instalação de uma CPI, seja lá qual for. O presidente da Assembleia Legislativa do RN, Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB), instalou a CPI da COVID – 19, compra de respiradores a uma empresa que vendia “cannabis” (maconha), aquisição igualmente feita pelo governador João Azevedo, com pagamento antecipado e produtos nunca entregues. Ezequiel (RN) seria candidato a governador. Desistiu, passou a ser o governador de fato do RN, obrigou a governadora petista Fátima Bezerra lançar dois candidatos ao Senado, dividir os votos do PT e eleger o bolsonarista (seu amigo) Rogério Marinho. Até hoje quem governa o RN é Ezequiel.

Em conversa por telefone com Nilvan, que zela sua postura de sinceridade, comentou que no momento de sua escolha para ficar com o Republicanos, Hugo Mota ligou para Adriano, que além de dar seu aval prometeu se empenhar na campanha. Resta a Adriano tomar a atitude, e mudar sua posição: ao invés de “ser da casa ou cozinha”, optar pelo status de “convidado”. O banquete é sempre para os convidados. Os de casa, comem as sobras, ou o costumeiro “feijão com arroz”.