
Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
AFRONTA OPORTUNA AO CERIMONIAL
Publicado em 15 de setembro de 2023Por ocasião do lançamento do novo PAC na Paraíba – mais um evento sem a presença do presidente Lula na terra dos Tabajaras – o “zeloso” cerimonial havia previamente selecionado quem teria acesso à tribuna, para com o uso da palavra abrilhantar a solenidade, rasgando elogios no velho estilo “confetes/serpentinas”.
A tarefa do cerimonial era evitar – por precauções – alocuções surpresas, com cobranças de promessas da campanha. Fatos registrados recentemente na Bahia e em Pernambuco (causadores de vexames) deixaram Lula e sua equipe de “calças curtas”. O intento de suprimir do rol de oradores o presidente da ALPB, deputado Adriano Galdino, feriu os brios do parlamento paraibano, que exigiu presença do presidente da Casa Epitácio Pessoa, porta-voz dos reclamos do povo paraibano, aliado de primeira hora do candidato “petista”, como voz independente e dissidente da orientação nacional do sua legenda – Republicano – cuja maioria não votou em Lula.
A autenticidade de Adriano Galdino foi demonstrada logo que chegou à tribuna e, antes de iniciar seu pronunciamento, quando consultou o relógio. Recado subliminar para os presentes, deixando claro que o haviam concedido minutos, por questão de gentileza, poupando constrangimentos. Quebrando o protocolo, Adriano Galdino destacou em primeiro lugar as virtudes do governador João Azevedo, seu aliado. Em seguida, dirigiu-se ao presidente da FEMUP – Federação dos Municípios da Paraíba, alguns prefeitos presentes e nominou todos os seus colegas do parlamento que prestigiaram a solenidade. Não parou por aí…
Aproveitando o ensejo, fez duras críticas a Reforma Tributária, que limita ainda mais a capacidade financeira de Municípios e Estados, transformando seus gestores num futuro próximo em meros “Síndicos de Condomínios”. Alvejou o governo federal, através do ministro Rui Costa – olhos e ouvidos de Lula – mostrando o estado de calamidade financeira vivida pelos prefeitos, com cortes inexplicáveis do Tesouro Nacional reduzindo drasticamente as transferências constitucionais (FPM/FPE).
O programa do Partido dos Trabalhadores despreza por completo a valorização das lideranças políticas, a partir do vereador. Reconhece e fortalece os Sindicatos (que não são votados pela população), Movimentos Sociais, ONGs e enaltecem a “Cultura” como formadora de opinião e doutrinadora das massas. Um tipo de abordagem conflitante com a democracia, que constrói lideranças interativas com os anseios populares a partir de sua menor célula, o município.
A intromissão de Adriano Galdino, considerada pela cúpula petista como “inoportuna”, foi celebrada como triunfo pela classe política: “o grito que salvou a boiada”. Não faz sentido a grande mídia nacional diariamente noticiar o crescimento econômico do País, com previsões do PIB ultrapassar 3% este ano, e o Governo Federal manipular dados negativos, no momento de dividir o “bolo” com Estados e Municípios.
Coincidentemente ou não, após o desabafo de Adriano as perdas do FPM/FPE de junho/agosto de 2023 serão repostas em duas parcelas. Como nos explicou o deputado federal Wilson Santiago – companheiro de legenda de Adriano Galdino – 10 bilhões serão repassados no final deste mês de setembro. Outros 10 bilhões em dezembro. Destaque-se que estes repasses previstos são perdas oriundas da desoneração dos preços dos combustíveis e a redução do IPI para desovar os pátios das montadoras de automóveis, ideia de Geraldo Alckmin. Os ganhos reais com o crescimento da economia em 2023 não se inserem neste “gesto benevolente” do Governo Federal, que deveria se desculpar por ter causado danos irreparáveis a Estados e Municípios do Norte/Nordeste, especialmente os localizados no semiárido.