

Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
ADRIANO GALDINO COMEÇA A SUBIR A LADEIRA
Publicado em 23 de outubro de 2024A escalada com vistas à sucessão do governador João Azevedo – desafio sempre cogitado pelo presidente da ALPB Adriano Galdino prontificando-se para a empreitada – teve início ontem, após ele ser entrevistado pelo sistema Arapuan. Não esperou ser anunciado pelo atual inquilino do Palácio da Redenção, de quem espera receber apoio além do político. Como humano e Cristão, confia piamente na gratidão. Há dois anos, Adriano o conduziu pelos áridos caminhos do segundo turno, consagrando sua vitória.
Por mais que se avigore no projeto de consolidação de João Azevedo – liderança estadual no comando de um bloco político ocupando uma vaga do senado federal – Galdino enfrenta barreiras impostas pelos membros da “corte”. Figuras palacianas, impopulares, que nunca passaram pelo batismo das urnas, porém paradoxalmente são influentes nas decisões do chefe do executivo, orientando-o sempre em direção oposta e desagregadora. Insistir e persistir é necessário, desde que se vislumbre perspectivas de êxito. Entretanto, quando se torna perceptível a inexistência de consenso, é hora de discutir a “relação”. Sem reciprocidade, a convivência se torna conflituosa.
O cavalo não está passando, está selado e esperando na porta de Adriano Galdino. Cabe a ele decidir, se inicia ou não, a viagem dos seus sonhos. Outra oportunidade dificilmente acontecerá. O momento é agora, ou nunca.
As dificuldades serão superadas no dia a dia do trajeto. Galdino confessa abertamente que em sua vida nada foi fácil. Sonhou em ser prefeito de sua terra natal e conseguiu. Achou que tinha chances de ocupar um dos assentos da Casa Epitácio Pessoa – não medindo o tamanho do desafio – e alcançou. E para chegar à presidência da ALPB? Foi uma decisão solitária. Procurou o então governador Ricardo Coutinho, para conversar a respeito de seu intento. Como resposta, o que pressentiu foi o início de um diálogo desencorajador. Antes que Ricardo concluísse, ele o interrompeu: “eu não estou pedindo seu apoio, governador. Estou apenas lhe comunicando”. Elegeu-se presidente.
O político se torna líder e se faz respeitado, pelo valor inquebrantável de sua palavra, posições firmes e decisões inarredáveis após tomadas. Adriano hoje é um nome “estadualizado”, e está na mesma estatura do governador João Azevedo. Conhece pelo nome e seus problemas, lideranças expressivas dos 223 municípios da Paraíba.
O que estava lhe faltando? Coragem, ousadia e audácia, ele tem em estoque. Mostrou a Paraíba em 2022, elegendo seu irmão, ex-vereador de Campina Grande, deputado federal. Seu apoio a Efraim Filho, compondo a chapa de oposição a João Azevedo, foi decisivo para suplantar os 530 mil votos de Pollyanna Dutra, candidata palaciana. E no segundo turno, quando todos foram embora, ele ficou e cumpriu sua palavra, decidindo as eleições em favor de João. Se bebeu água de cacimba, ele sabe que “quem chega primeiro, bebe água limpa”.