ADMINISTRAÇÃO BRUNO CUNHA LIMA: A CRONOLOGIA DE UM DESASTRE!

Publicado em 17 de novembro de 2022

Em janeiro de 2023 o prefeito Bruno Cunha Lima, de Campina Grande, começará o 3º ano de seu mandato à frente dos destinos da cidade e, infelizmente, não terá o que mostrar à população, de modo a justificar o fato de ter sido eleito, em 2020, com quase 55% dos votos do povo campinense, já no 1º turno. Os motivos pelos quais a administração de Bruno pode ser considerada um desastre até aqui estão cronologicamente explicados nesse artigo, como segue.

Em janeiro de 2021, Bruno Cunha Lima assumiu a prefeitura de Campina Grande e já começou o governo com um erro histórico: dos 14 auxiliares diretos nomeados para o primeiro escalão, eram apenas quatro mulheres, nenhuma pessoa negra ou pertencente a minorias sociais, algo que denotou, de saída, a falta de compromisso do gestor com visões plurais de mundo e com o fortalecimento de laços sociais com grupos marginalizados na nossa cidade. O recado estava dado: Campina continuaria administrada por uma elite oligárquica desconectada dos anseios dos campinenses mais necessitados, como de fato continuou.

Em fevereiro de 2021, o despresidente da República, Jair Bolsonaro, esteve na cidade, ao lado do prefeito Bruno, que aproveitou a visita do genocida para seguir seu mau exemplo: aglomerou e não usou máscaras, ainda no auge da COVID-19, passou a incentivar o uso de cloroquina – remédio de verme e piolho ineficaz contra o coronavírus – e mandou distribuir o medicamento na rede de saúde municipal, indo de encontro às recomendações da Organização Mundial da Saúde para debelar a pandemia, que já matou mais de 1.000 pessoas em Campina Grande.

Em abril de 2021, o prefeito Bruno fez ouvidos moucos às demandas dos movimentos sociais, partidos políticos de centro-esquerda, sindicatos, associações e do povo organizado, em geral, que ocuparam a Cozinha Comunitária do Jeremias e pediam a reabertura dos restaurantes populares na cidade, fechados desde 2013 pelo ex-prefeito Romero Rodrigues. A insegurança alimentar, que atinge mais de 30 milhões de pessoas no Brasil e, consequentemente, milhares de campinenses periféricos, foi solenemente ignorada pelo prefeito, que até hoje não recebeu nenhum dos movimentos que ocuparam a Cozinha e nem ofereceu nenhuma marmita para quem tem fome em Campina.

Em maio de 2021, depois de ter aprovada lei de sua autoria que destinava mais de 2 milhões de reais de subsídios às empresas de transporte público, o prefeito determinou que a STTP baixasse ordem de serviço diminuindo a frota de ônibus da cidade para apenas 30% do total – sob o falacioso argumento de que a pandemia não permitia que circulassem mais carros do que isso – sendo que o que se viu, na verdade, foi a absoluta superlotação nos ônibus, algo que, a contrário senso, fez com que o coronavírus se espalhasse muito mais facilmente em Campina Grande.

Aquele ato administrativo ilegal, aliás, foi desafiado por ação popular ajuizada por nós, do Partido Socialismo e Liberdade, na qual conseguimos a ordem judicial liminar para aumentar a frota para, no mínimo, 70% dos coletivos na cidade.

Durante o segundo semestre de 2021, a ocupação da Cozinha Comunitária do Jeremias continuou pujante, fornecendo centenas de quentinhas diariamente ao nosso povo pobre, financiada e organizada por movimentos sociais, partidos de esquerda e militantes, enquanto o prefeito seguiu ignorando o problema da fome. Igualmente, mesmo com a ordem judicial para aumento da frota de ônibus, usuários do sistema seguiram reclamando sobre a péssima prestação do serviço, dando conta, inclusive, do descumprimento da decisão que mandou incrementar o número de coletivos rodando em Campina Grande.

O ano acabou sem nenhuma ação contundente da prefeitura em prol da população mais carente da cidade. A lógica clientelista, como esperado, continuou sendo posta em prática pelo prefeito Bruno.

Virado o ano, em fevereiro de 2022, Bruno se negou a cumprir a lei do piso salarial dos professores e professoras da rede municipal – que entraram em greve – e não deu o aumento legal à categoria, demonstrando sua falta de compromisso com a educação e com os servidores públicos da cidade. O SINTAB, sindicato dos servidores municipais, teve seus pleitos ignorados e sequer foi recebido pelo prefeito.  

Em março de 2022, Cunha Lima apoiou absurdo projeto de lei apresentado e aprovado na Câmara Municipal que nomeia uma rua da cidade em homenagem ao filósofo (sic) negacionista Olavo de Carvalho, um dos artífices do bolsonarismo responsável pela morte de mais de 600 mil brasileiros e brasileiras, em decorrência da COVID-19. Depois, em junho, o mandatário sancionou a lei que louva o guru negacionista, famoso por defender que a Terra é plana, fazendo crer que esta também pode ser a opinião do próprio prefeito.

Em maio de 2022, Bruno foi alvo de nova ação popular, também assinada por nós, do PSOL, que pede determinação judicial para imediata revisão do Plano Diretor, atrasado desde 2016, o que impede a colocação em prática de políticas públicas relacionadas ao direito à cidade, ao lazer, ao crescimento e ao desenvolvimento urbano em Campina Grande. A ação ainda aguarda decisão da 3ª vara da Fazenda acerca do pedido de liminar para que se dê andamento à revisão.

Em junho de 2022, na abertura do Maior São João do Mundo, pelos mesmos motivos, o prefeito Bruno foi alvo de pedido de impeachment, por mim assinado, em razão do cometimento de infrações político-administrativas previstas no decreto-lei nº 201/1967, por se negar a dar cumprimento à lei federal, qual seja o Estatuto das Cidades, que determina a revisão do Plano Diretor a cada dez anos.

A Câmara rejeitou por maioria o recebimento do pedido de impeachment, mas, a qualquer momento, a justiça pode mandar a votação ser refeita, visto que foi ajuizado mandado de segurança contra o presidente da Casa, Marinaldo Cardoso, que descumpriu o Regimento e não mandou ler a petição de afastamento do prefeito em plenário, tendo-o votado ilegalmente.

Também em razão da não revisão do Plano Diretor, Bruno foi alvo de notícia-crime no Tribunal de Justiça da Paraíba, pelo cometimento de crime de responsabilidade e improbidade administrativa ao deixar de fazer cumprir o Estatuto das Cidades. A Procuradoria-Geral de Justiça determinou a instauração de procedimento de gestão administrativa e, hoje, o prefeito é investigado pelo Ministério Público da Paraíba, podendo ser denunciado criminalmente e afastado do cargo, após recebimento da representação assinada pelo PSOL.  

Ainda em junho, a primeira edição do Maior São João do Mundo organizada pelo prefeito Bruno Cunha Lima foi alvo de contundentes críticas da mídia especializada e da população. Não se prestigiou os artistas locais, não houve decoração junina a contento, o Parque do Povo não estava belo como em outros anos e, até hoje, a sociedade campinense segue sem saber quanto foi pago à empresa MEDOW, que ganhou o direito de organizar a festa.

A partir de julho de 2022, as denúncias contra o descaso com a saúde pública em Campina Grande começaram a se intensificar. Desde então, a população campinense reclama insistentemente contra o tal “Cartão Saúde de Verdade”, que não serve para marcação de consultas, diferente do que a propaganda oficial alardeia. As pessoas relatam dificuldades para conseguir acessar o aplicativo da prefeitura, dizem que não têm resposta satisfatória quando tentam perguntar aos responsáveis e, ao fim e ao cabo, seguem sem a assistência devida à saúde. Isso sem falar na falta de estrutura e medicamentos nos postos de saúde e UPAs da cidade e até denúncias de ratos rondando os corredores de hospitais municipais…

Em agosto de 2022, após definidas as candidaturas nas eleições deste ano, o prefeito Bruno cometeu, pra dizer o mínimo, uma lamentável indelicadeza contra o vice-prefeito Lucas Ribeiro (PP). Alçado à condição de candidato e depois eleito vice-governador, ao lado de João Azevedo, Lucas teve seu gabinete exonerado, ficando sem condições de trabalhar, além de que os auxiliares da prefeitura que tinham sido indicados por seu partido foram sumariamente demitidos por whatsapp, sem sequer uma ligação do prefeito para agradecer pelos serviços prestados, o que demonstra imaturidade e empáfia incompatíveis com a postura que alguém que ocupa o cargo máximo da cidade deve ter.

Em setembro de 2022, os aprovados no último concurso da prefeitura começaram a se movimentar mais intensamente nas redes sociais cobrando nomeação no lugar dos apaniguados contratados temporariamente, tendo inclusive provocado o Ministério Público. O prefeito, como de hábito, fez ouvidos moucos às reivindicações dos aprovados e, mesmo demonstrada cabalmente a existência de vagas para os mais diferentes cargos na estrutura administrativa municipal, Bruno tem preferido manter os indicados politicamente, ao invés de prestigiar os que estudaram e fazem jus à nomeação.

Desde outubro de 2022, com a eleição do Presidente Lula, em segundo turno, o prefeito Bruno Cunha Lima tem se mantido inerte após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, determinando que as ruas sejam liberadas e não sejam feitas paralisações que impeçam o direito de ir e vir das pessoas que respeitam a democracia. Ao invés de lançar mão de sua autoridade e determinar, por exemplo, que a guarda municipal, no mínimo, oriente os eventuais golpistas a desocuparem as ruas, Bruno nada faz, parecendo apoiar os atos antidemocráticos que pedem uma inconstitucional intervenção militar.

Em novembro de 2022, a atual cereja do bolo: foi divulgado, no semanário oficial da cidade, que o Município gastará quase 8 milhões de reais com enfeites natalinos, uma quantia exorbitante e injustificável, maior que aquela que é gasta no “Natal Luz” de Gramado, no Rio Grande do Sul, o mais famoso do País. Ao invés, portanto, de investir no combate à fome, na construção de moradias populares e na geração de emprego e renda, o prefeito prefere dispender milhões em pisca-pisca.

O ano nem acabou, dezembro ainda vem aí, mas é cada vez mais clara a inépcia administrativa do atual prefeito de Campina Grande, que pode nem sequer acabar o mandato. Entre “fofocas” que dão conta de que sua base na Câmara estaria absolutamente esfacelada, sem liderança e de que haveria um crescente movimento para que Romero Rodrigues volte a ser o candidato do grupo a prefeito de Campina Grande, no lugar do próprio Bruno, o que seria uma grande nódoa da carreira política do neto de Ivandro, eleito com o indispensável auxílio do saudoso avô, o povo campinense é que, indiscutivelmente, segue sendo a maior vítima desse lamentável desastre administrativo na nossa cidade.