Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

ADEUS COMPANHEIROS! LULA DESEMBARCA NO CENTRÃO

Publicado em 27 de março de 2025

Se Maomé não vai a montanha, a montanha vai a Maomé. Subestimar o instinto de sobrevivência política de Lula é uma estupidez e insensatez da direita. Quem melhor o definiu foi Ciro Gomes: “um encantador de serpentes”.

Fazendo uma analogia ao principal personagem da trilogia de Mário Puzo (O Poderoso Chefão), Lula é o Corleone da política brasileira. “Não existe ideologia, nem cores partidárias, tudo é negócios”. Segundo o amigo Alfredo Lucas, a foto fala tudo, dispensa legenda. Acabou o “nós, contra eles”, dando lugar ao “nós no poder”.

No início de sua gestão – ouvindo a “viúva de Moscou” Celso Amorim – Lula fez uma turnê antiamericana mundo afora, na busca de se tornar protagonista de uma nova ordem política mundial. Se propôs acabar com o conflito Árabe/Judeu na faixa de Gaza, e sentar numa mesa com Putin e Zelensky, para bebericarem duas rodadas de “pinga” e celebrarem a paz. Com seus discursos radicais, deixou um legado para a posteridade: o primeiro presidente da história do Brasil a ser considerado “persona non grata” por outra nação: Israel.

Alguns renomados cientistas políticos consideram Lula um “animal político”. Tem a rara capacidade de atrair opositores, trair correligionários, abandonar velhos companheiros de jornada, usar e descartar os “mais chegados” – no momento certo – quando atrapalham seu único projeto: o poder. Ludibria todos, e conhece o preço de cada um. Não regateia. Compra tudo pelo preço de face, mesmo que não pague.

Sua queda constante de popularidade estancará no limite de 20%, contingente do PT somado a todas as correntes das esquerdas progressistas. Ele sabe que legendas extremistas como PSB, PCdoB, PSOL, jamais se agruparão com siglas de centro. Cerrarão fileiras num combate permanente contra a direita. Por outro lado, não existe outro líder que represente esta ala, senão o próprio Lula. PT, PCdoB e PSOL não se renovaram e estancaram sua expansão no distante 2014.

Os movimentos defensores das pautas de gênero e costumes, como o LGBTQIA+ são despolitizados e não manipuláveis. Lula nunca permitiu o crescimento de outro líder dentro da “bolha” das esquerdas. Pelo contrário, atrofiou todos que tentaram. Nos bastidores junto ao PSDB, endossou o impeachment de Dilma. Se ela tivesse escapado, Lula hoje seria pretérito mais que perfeito. Sua nova manobra, doravante, será avançar sobre as grandes legendas do centro e centro-direita: PP, PSD; União Brasil; Republicanos e até o PL. Tem como objetivo abocanhar 20% dos membros destas grandes bancadas no Congresso, assediando-os através de abordagens diretas, privilegiando-os com cargos e viabilizando recursos extra-orçamentários.

Curvou-se ao Parlamento no momento oportuno, ao perceber que suas manobras usando o STF estavam levando-o à beira do abismo, com risco de um impeachment. Adotou o pensamento secular de Maquiavel: “quando não se consegue vencer o inimigo, alie-se a ele”. Os deputados federais, com suas milionárias Emendas Parlamentares, se transformaram em prefeitos “sênior” nos milhares de municípios com população inferior a 100 mil habitantes. Estes serão os novos “privilegiados” pelo Palácio do Planalto. Resta saber se terão a capacidade de transferir votos. Exigirão o voto casado com Lula? “Em tempos de pouca farinha, primeiro o meu pirão”. Cuidarão de suas reeleições e discretamente tentarão puxar o voto para Lula. Esta é a esperança do presidente, ora “petista” de fachada, alcançar 30% do eleitorado para viabilizar sua candidatura. Se conseguir, o “sistema” com seus métodos espúrios fará sua campanha.

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