Abracrim contesta vedação ao uso de celulares por advogados em sessão no STF

Publicado em 24 de abril de 2025

A Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim) enviou um comunicado ao ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em que manifesta preocupação institucional com a restrição imposta ao uso de celulares por advogados durante a sessão da turma.

De acordo com o documento, durante a sessão realizada no mesmo dia, foi determinada a lacração dos aparelhos celulares de todos os presentes — inclusive advogados — como condição para permanência na sala de julgamento. Os dispositivos foram acondicionados em invólucros plásticos vedados, uma medida que, segundo a entidade, carece de respaldo normativo específico e desrespeita prerrogativas profissionais da advocacia.

A Abracrim argumenta, no comunicado assinado pelo presidente nacional Sheyner Asfóra, que a restrição generalizada fere diretamente direitos previstos no Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/94), especialmente no que diz respeito ao livre exercício profissional e à comunicação com clientes. O uso de celulares, segundo a associação, é parte integrante da atuação técnica da defesa, sendo essencial para acesso a peças processuais, jurisprudência e contato com equipes.

“O celular passou a representar um verdadeiro instrumento de trabalho da advocacia, sem o qual compromete-se a própria efetividade da atuação técnica e a integridade das garantias processuais asseguradas àqueles que são por ela representados”, afirma o presidente no documento enviado ao STF.

Além disso, a entidade ressalta que a medida contraria os princípios da publicidade das sessões e do devido processo legal, além de adotar uma postura de presunção de má-fé incompatível com o papel institucional da Suprema Corte.

No ofício, a Abracrim solicita duas providências principais: a revisão imediata da decisão que vedou o uso dos dispositivos móveis durante a sessão e o compromisso de que futuras medidas com impacto sobre o exercício da advocacia sejam devidamente fundamentadas, proporcionais e compatíveis com os direitos constitucionais.

A associação encerra o comunicado reiterando seu compromisso com a democracia, a cidadania e a defesa das prerrogativas da advocacia criminal, colocando-se à disposição para o diálogo com a Corte.

Fonte: Assessoria