Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

A similaridade entre Flavio José e Reginaldo Rossi

Publicado em 5 de julho de 2024

À minha maneira dispersa de observar o cotidiano da vida, percebo alguma similaridade entre o sucesso musical de Flavio José, no passado e ainda no presente, e o de Reginaldo Rossi até enquanto não estourou nacionalmente. Ambos, embora em ritmos diferentes, com imensa consagração em território nordestino, mas não tão consagrados no restante do país.

Ainda recordo o Reginaldo Rossi da minha infância dos anos 60, cantando a Jovem Guarda e abrindo os shows de Roberto Carlos. O Rossi dos anos 70, com Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme, seu maior sucesso até então, vindo depois Pedaço De Mau Caminho.

Nos anos 80, o sucesso de Reginaldo Rossi ficou restrito ao Nordeste, e até permaneceu sem gravar de 90 a 95. Gosto de algumas músicas desse recifense, mas nunca fui um fã incondicional de seu trabalho. Essa quase aversão à maioria de suas músicas não impedia o meu reconhecimento de sua popularidade em solo nordestino.

Inúmeras vezes fiquei a me perguntar por que Reginaldo Rossi não conseguia o estrelato nacional, se era tão querido pelo público do Nordeste. Não o via em programas das grandes redes de TV até que, ao final da década de 90, começou a ocupar espaços na programação de grande audiência, consagrando-se nacionalmente como o “Rei do Brega”.

O mesmo acontece com Flávio José: é um rei no Nordeste, legítimo seguidor de Luiz Gonzaga, tem um respeito imenso pela música raiz, mas sem espaço de que é merecedor na mídia nacional, que já o ignorava no auge de sua carreira. Seus sucessos somente repercutiram nacionalmente quando gravados por cantores consagrados, a exemplo de Elba e Fagner.

É verdade que o programa de Luiz Fernando Guimaraes abriu uma exceção de “Que nem vem vem”, seu sucesso à época, no entanto colocaram uma espécie de tarja circulando a tela, impedindo a visão do grande público que o prestigiava no Parque do Povo. O SBT, com Ratinho, é praticamente o único que, vez por outra, lhe abre espaço. A inserção de um sucesso seu na novela das seis foi um grande alento.

Este ano, acompanhei a maratona de shows do monteirense no mês de junho, mas não consegui precisar quantos. Foram muitos, em que pese o modismo musical desses novos tempos, todos bem prestigiados pelos seus fãs. Manter uma agenda satisfatória em pelo menos seis Estados da região é um grande feito, pelas circunstâncias atuais. E deixa a certeza que terá sempre uma praça cheia, em tempo festivo de São João.