Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

A REVANCHE DE LULA

Publicado em 2 de junho de 2023

A sessão da Câmara dos Deputados do dia 31/05/2023, convocada para votar a MP que hospedará o novo organograma funcional do governo – ampliando de 23 para 37 Ministérios – na vigésima quinta hora salvou o pescoço de Lula, mas, mutilou alguns de seus membros e decepou outros. Foi uma vitória de Pirro.

O presidente Arthur Lira ao chegar no salão verde, às 09:00hs, em uma entrevista “quebra queixo” mandou o último recado para o Palácio do Planalto: “a base do governo só tem 130 votos”. Abriu a sessão às 09:30hs, em seguida desapareceu do plenário e do seu gabinete. Iniciaram-se as discussões, com fortes pronunciamentos dos parlamentares do PL e Novo, que roubaram a cena das esquerdas, em desespero.

Uma “tropa de choque” partiu para o STF, protocolando ação para suspender e adiar a votação. Quem os recebeu – mesmo alinhado e aliado do governo petista – recusou-se em dar andamento à demanda. “Isto é golpe! O STF não pode intervir desta forma… É um estupro… Vocês estão pedindo que o STF feche o Congresso?

União Brasil, líderes do PP e Republicanos, atenderam ao chamado de urgência do veterano José Guimarães (PT), que os convidou para irem conversar diretamente com Lula. O Presidente prometeu liberar 1,7 bilhões em emendas. Concordaram, desde que as liberações ocorressem até às 18;00hs. Mesmo assim, iriam alterar o texto. O COAF permaneceria no Banco Central e a FUNASA no Ministério da Saúde. E para não “furarem” com a bancada do Agro e Evangélica, os Ministérios do Meio Ambiente e Povos Originários seriam “depenados”.

Em plenário já havia um clima de comemoração da oposição. Mas, às 18:30hs Arthur Lira sentou na cadeira de presidente da Casa, sorridente, cercado por Maria do Rosário e José Guimarães. Abriu a sessão e o líder do União Brasil, na tribuna, iniciou seu discurso justificando: “este é o último voto de confiança que daremos a este governo”. Ele não avaliou o peso de suas palavras, que se traduz no mais completo desprezo pelo povo brasileiro, quando aumenta em mais de 20 bilhões de reais o custo da Esplanada dos Ministérios, em troca de recursos para vitaminar seus feudos e apaniguados.

Decepção maior foi com o Republicanos e o PP. Não vão mais confundir o eleitor. Temendo o poder das redes sociais, seus líderes não se expuseram em nenhum momento. Se recusaram a ocupar a tribuna, e na hora que o presidente indagava como orientavam suas bancas, o silêncio foi sepulcral. A maioria foi estrondosa: 372 votos contra 105 da oposição.

Senador Rodrigo Pacheco – com o DNA e traços hereditários de Joaquim Silvério dos Reis – ontem (01/05/2023) liquidou o debate em poucos instantes: 51 contra 19. O destaque vai para o Senador Jaques Wagner, ironicamente do PT. Pediu desculpas aos seus pares e à Nação, pelo “papelão” a que a Casa Revisora se submeteu, em apenas “carimbar” o que já veio pronto da Câmara. Esta não é a função do Senado.

A vingança de Lula foi imediata. O Ministro do STF Dias Toffoli mandou dar prosseguimento a uma ação contra Arthur Lira, que já tinha pedido do MPF para arquiva-la por falta de provas. E lá no Rio Grande do Norte um juiz de primeira instância cassou o mandato do Senador Rogério Marinho – tornando-o inelegível – julgando um processo de 2003, fato ocorrido há vinte anos, quando o mesmo era presidente da Câmara Municipal de Natal. Na época foi acusado de contratar funcionários que não prestavam expediente. O juiz desconhece a prerrogativa de foro de um Senador? Não sou advogado, mas, as leis brasileiras são como “ramas de batatas”, brotam para todos os lados. Arriscamos em opinar que este processo perdeu sua finalidade, e com certeza está prescrito. Todavia, o objetivo é macular a honra do líder da oposição no Senado Federal. A “casta” do Judiciário tenta se proteger bajulando e usando de arbitrariedades.