Marcos Marinho
Jornalista, radialista, fundador do ‘Jornal da Paraíba’, ‘Gazeta do Sertão’ e ‘A Palavra’, exerceu a profissão em São Paulo e Brasília; Na Câmara Federal Chefiou o Gabinete de Raymundo Asfóra e em Campina Grande já exerceu o mandato de Vereador.
A RESSUREIÇÃO DE ROBÉRIO
Publicado em 17 de abril de 2023O dia 29 de março deste ano de 2023 foi espetacular…
E não somente pelo fato, altamente marcante, da minha cidade ter me honrado com a sua maior condecoração – a Medalha de Honra ao Mérito Municipal, galhardão que poucos tiveram ou terão o orgulho de ostentar.
Na solene noite em que o Legislativo campinense abriu seu inviolável plenário para me entregar a honraria que dormia nas gavetas da administração há duas décadas, à espera do meu sim para desposá-la, uma nova ressureição aconteceu, e por especial coincidencia do destino, no exato período da Semana Santa, onde o Pai ressuscitou para honra e glória de todos nós.
Membro do Instituto Histórico de Campina Grande, fui distinguido com a grata presença, dentre a platéia convidada, dos meus fraternos Wanderley e Ida Steinmuller, esses gigantes que dão vida – seus sangues, mesmo – à nossa quase centenária organização.
Mas a inesquecível noite preparava as suas surpresas…
Em passos lentos, respiração ofegante após ultrapassar a escadaria de acesso ao plenário, a figura da grande Eneida Agra adentra a Casa e já aí seu foco de luz semi-divina ilumina minha alma, espraindo o clarão para todos os quadrantes do ambiente, antecipando o que a festa viria a ser.
Nossa “cangaceira do forró”, cuja presença no recinto já para mim significava um presente indescritível, largou-se do meu abraço, abriu sua bolsa cheia de histórias e dela retirou um envelope branco sem destinatário, cuidando logo de me dizer que “sem querer” antes de sair de casa um vento de brisa marítima a levou a abrir uma gaveta da sua estante museóloga, d’onde retirou a amarelada fotografia em preto e branco que me entregava como um PRESENTE naquela memorável noite em que ela também se reservava ao direito de particularmente me homenagear.
Na relíquia que Eneida encontrara estávamos eu, Robério Maracajá, Nilda Chaves do Amaral e Djalma, clicherista do Jornal da Paraíba lá nos anos 70, ouvindo música saída de um gravador de rolo que o boêmio operário ligara para nos entreter em meio a mais uma das difíceis e sonolentas madrugadas nas oficinas do saudoso JP.
Posso dizer que, nesses 70 anos de vida, onde pelo menos mais de 50 estão dedicados ao jornalismo, conto nos dedos da mão direita os eternos confrades-irmãos, um apenas ainda conosco na terra: Josusmá Coelho Viana, William Ramos Tejo, Robério Maracaja e Marcelo Marcos.
No IHCG ocupo a cadeira cujo patrono é Robério e, acostando-me a Eneida, quando ao me saudar naquela noite fez redivivo o seu saudoso marido lembrando da sincera amizade que nos unia e emocionada disse que ROBÉRIO VIVE, não tenho porque disso duvidar.
Poetas não morrem, já lembrei disso quando Asfóra partiu, e Robério mais que poeta era escritor de altíssimo nível. E ressuscitou – para mim, para Eneida e para Campina Grande – naquela belíssima noite onde todos os anjos disseram amém!
GRATIDÃO
Expresso a minha melhor gratidão ao mestre Wanderley de Brito por ter me aberto generoso espaço no jornal do IHCG (Instituto Histórico de Campina Grande), gesto que me comove e aumenta o gigante débito que tenho para com ele e Ida Steinmuller.