Emir Gurjão

Pós graduado em Engenharia Nuclear; ex-professor da Universidade Federal de Campina Grande; Secretário de Ciências, Tecnologia e inovação de Campina Grande; ex-secretário adjunto da Representação do Governo da Paraíba, em Campina Grande; ex-conselheiro de Educação do Estado da Paraíba.

A Participação de Marcelo Queiroga na Eleição Municipal de João Pessoa em 2024

Publicado em 1 de novembro de 2024

Marcelo Queiroga, cardiologista renomado e ex-ministro da Saúde durante o governo de Jair Bolsonaro, estreou na política em 2024 como candidato a prefeito de João Pessoa pelo Partido Liberal (PL). Seu lançamento como candidato foi um movimento ousado, enfrentando grandes desafios, tanto pela concorrência com adversários politicamente experientes quanto pelas forças de oposição, que incluíam o governo federal, estadual e municipal, a Assembleia Legislativa e até a resistência de facções criminosas locais. Em um contexto em que a mídia pessoense e as pesquisas de intenção de votos indicavam um cenário desfavorável, a candidatura de Queiroga configurou-se como uma batalha de resistência e superação.

Contexto Político e o Ambiente de Campanha

Queiroga encarou uma corrida difícil desde o início. A máquina política local já estava bem estabelecida e, com isso, seus principais adversários possuíam alianças fortes com o governo e outros órgãos estaduais e municipais. Esse cenário proporcionava aos outros candidatos uma exposição mais positiva, além de maior estrutura e apoio. No entanto, Queiroga, conhecido por seu trabalho técnico na área de saúde e por sua participação em um governo federal com características de polarização, já trazia para si a simpatia de uma parcela dos eleitores conservadores e críticos das políticas locais e nacionais vigentes.

Adicionalmente, sua campanha foi intensamente criticada nas mídias locais, com pesquisas de intenção de voto que sugeriam uma colocação desfavorável e uma tentativa de minar sua relevância no cenário eleitoral. No entanto, Queiroga conseguiu captar a atenção de uma parte significativa dos eleitores pessoenses, que buscavam uma alternativa aos tradicionais grupos de poder da cidade.

Primeiro Turno: A Surpresa de Queiroga

Contra todas as previsões e prognósticos, Marcelo Queiroga conquistou 21,77% dos votos no primeiro turno, garantindo uma vaga para o segundo turno e ficando à frente de figuras proeminentes como o deputado federal Ruy Carneiro e o deputado estadual e ex-prefeito Luciano Cartaxo. Essa votação representou uma demonstração de confiança de uma fatia considerável do eleitorado, que se identificou com a promessa de renovação e com a proposta de uma gestão desvinculada das alianças políticas convencionais.

Essa conquista no primeiro turno foi uma surpresa não apenas para os analistas políticos e para seus adversários, mas também para a própria campanha, que lidava com uma trajetória marcada por limitações financeiras e de exposição. A classificação para o segundo turno consolidou Queiroga como uma figura relevante no cenário eleitoral, ampliando o reconhecimento e demonstrando a força de um movimento de base.

Segundo Turno: Uma Campanha de Resistência e Uma Votação Expressiva

No segundo turno, Queiroga enfrentou um contexto ainda mais acirrado, onde as forças políticas locais intensificaram os esforços para manter o status quo. Mais uma vez, ele contou com o apoio de eleitores que viam em sua candidatura uma proposta de independência e uma alternativa às práticas políticas locais.

Apesar dos desafios, Queiroga obteve 36,09% dos votos no segundo turno, uma porcentagem expressiva que reflete a ampla aceitação de sua plataforma em uma parcela significativa da população. Embora não tenha saído vitorioso, sua votação demonstrou uma consagração inesperada e representou uma vitória moral para uma primeira candidatura que desafiou estruturas tradicionais e operou em condições de intensa adversidade.